Oscilação de preço de fundos listados assusta investidor de renda fixa. Foto: AdobeStock
O valor patrimonial dos Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra) se recuperaram em 2025. Mas mesmo aqueles que estão sendo negociados sem desconto apresentam oportunidade de entrada, opina Fernando Siqueira, head de Research da Eleven Financial. “As taxas estão muito altas”, justifica.
Na opinião do especialista, um dos fatores que puxaram para baixo os fundos listados no início do ano foi a baixa tolerância do investidor de renda fixa à volatilidade. “A oscilação do preço dos ativos assusta algumas pessoas”, comenta.
Levantamento da Economatica a pedido do E-Investidor mostra uma clara recuperação este ano de 36 FI-Infras analisados. Enquanto a classe deu um retorno negativo de 1,87% em 2024, de janeiro para cá os fundos já estão entregando em retorno de 11,62%. Em relação ao valor patrimonial, esses fundos saíram de um preço médio mensal de R$ 69,4 em janeiro, para R$ 94,3 em outubro de 2025.
Produto para quem não gosta de tela
Para quem não gosta de volatilidade, a indústria de fundos incentivados também oferece uma opção, que são os fundos de balcão, conhecidos como cetipados. Esse modelo de FI-Infra começou a ganhar mercado a partir de 2021, inspirado em experiências de private equity e fundos de desenvolvimento, que já operavam no ambiente de balcão.
“O mecanismo de negociação e marcação é diferente. A estratégia por trás pode ser a mesma”, diz Giancarlo Gentiluomo, head de fundos alternativos da AZ Quest.
A cota de um fundo cetipado é marcada pelo valor patrimonial, com base em laudos e avaliações do administrador, e não pelas oscilações de mercado, reduzindo a volatilidade e tornando a experiência do investidor mais estável e previsível.
“Os cetipados eliminam essa ‘tela de cota’, tornando a aplicação mais parecida com possuir um imóvel que gera renda, o que agrada ao investidor patrimonialista brasileiro”, comenta Gentuliomo.
Desvantagens dos FI-Infras cetipados
Apesar das vantagens em relação aos listados, os produtos de balcão têm prazo determinado, geralmente entre 4 e 7 anos, e o investidor não consegue sair a qualquer momento. Por isso, sua liquidez é baixa e quem entra costuma ficar até o final.
Além disso, as taxas de intermediação são um pouco maiores, podendo chegar a 2% do valor aplicado, contra menos de 0,5% dos fundos listados em Bolsa.
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“Tipicamente os fundos cetipados têm uma carteira mais estática”, diz Ulisses Nehmi, CEO da Sparta Investimentos. Como se trata de um produto de balcão, o investidor só consegue entrar em fundos cetipados se houver disponibilidade (estoque) na corretora em que o produto foi estruturado. O acesso é feito via corretor ou assessor de investimentos, e não pelo home broker.
FIP-IEs podem ter opção isenta de IR
Ainda há uma outra possibilidade de fundos de infraestrutura com isenção fiscal, que são os FIP-IEs (Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura), voltados para investimentos diretos em empresas do setor. Os FIP-IEs podem manter a isenção de Imposto de Renda, desde que atendam às exigências legais – ou seja, que a empresa investida seja do setor de infraestrutura e que o fundo comprove ingerência sobre ela.
Diferentemente dos fundos de debêntures incentivadas, eles investem em participações, não apenas em títulos de dívida, e podem carregar debêntures institucionais (não incentivadas), o que amplia o spread de crédito e o potencial de retorno. Segundo Gentuliomo, os fundos da AZ Quest seguem a estratégia “infra yield”, com seus fundos de investimento todos constituídos dentro da modalidade de FIP-IE.
Ele diz que a estrutura deste tipo de fundo é mais complexa e exigente — por isso poucos gestores adotam o modelo. “É mais trabalhoso, mas gera retorno maior e mantém isenção de IR, desde que a empresa seja de infraestrutura e a ingerência (da gestora) seja demonstrada.”