“Os 150 mil pontos não têm um significado técnico, mas formam um marco psicológico importante que atrai atenção para a Bolsa. É um patamar simbólico, que reforça a percepção de recuperação do mercado”, diz Gustavo Jesus, sócio da Victrix Capital.
No primeiro pregão de novembro, a alta refletiu o movimento majoritariamente positivo das bolsas em Nova York. Investidores também se mantêm otimistas com alguns balanços de empresas brasileiras, como Petrobras e Itaú, que podem apresentar resultados fortes nesta semana – veja o calendário de balanços.
Além disso, o mercado de ações brasileiro fica em compasso de espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira (5), cuja expectativa é de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano.
“Com o Copom se reunindo na quarta-feira, o clima é de otimismo, especialmente em torno do comunicado, que poderá trazer maior clareza sobre o ritmo e sobre quando teremos os próximos cortes na Selic”, destaca Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.
Entre os principais papéis da ponta positiva da Bolsa hoje, estiveram as ações da Natura (NATU3) com ganhos de 0,44%, após aprovar a incorporação da Avon Industrial. Já as ações da Marcopolo (POMO4) figuraram na lista de maiores baixas, em queda de 8,11%, após o BTG rebaixar a recomendação da empresa.
A alta do Ibovespa no primeiro dia útil de novembro, no entanto, foi moderada pelo recuo de 1,82% do minério de ferro na China, enquanto o petróleo fechou em alta de 0,19% no barril do tipo Brent. A Petrobras avançou 0,89% (PETR3) e 1,18% (PETR4), enquanto Vale (VALE3) subiu 0,14%.
No câmbio, o dólar hoje subiu ante moedas fortes, enquanto recuou 0,43% ante o real, a R$ 5,3574 na venda.
Quanto ao Copom, a atenção maior é no comunicado, com investidores em busca de pistas sobre quando o processo de queda dos juros começará, diante do quadro de desinflação. Hoje este cenário foi reforçado nas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Focus – a projeção para a inflação brasileira agora está 0,05 ponto percentual acima da meta para 2025.
Em meio ao quadro de desinflação, Pedro Cutolo, estrategista da ONE Wealth Management, acredita que o Banco Central já dará algum indício de queda da Selic ainda em 2025. “Esperamos que o comunicado seja suficientemente flexível para abrir caminho para um corte na reunião de dezembro”, diz.
Ao mesmo tempo, o Brasil tenta negociar o tarifaço com os EUA em nova conversa. O governo brasileiro discute internamente como vai propor a Donald Trump um acordo, e o que vai incluir, com vistas às próximas reuniões de negociação para solucionar a questão das tarifas. Uma delas pode ocorrer nesta semana, em Washington, nos Estados Unidos.
Ibovespa hoje: os principais assuntos do mercado de ações nesta segunda (3)
Nasdaq e S&P 500 fecham em alta
Os índices de Nova York fecharam majoritariamente no positivo, com Nasdaq e S&P 500 em alta, e Dow Jones em queda, enquanto as bolsas europeias encerraram sem direção única.
Nos EUA, a agenda segue restrita pelo shutdown. O presidente americano, Donald Trump, voltou a culpar os democratas pela paralisação diante do impasse orçamentário no Congresso, mas disse que o problema será “resolvido”.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o país está em boa situação econômica, apesar de alguns setores estarem em recessão — o que ele atribuiu às políticas do Federal Reserve. “Alguns setores da economia já estão em recessão, e outros podem entrar em recessão sem novos cortes nas taxas de juros”, disse em entrevista à CNN.
O diretor do Federal Reserve, Christopher Waller, defendeu a manutenção do plano de corte de juros em dezembro, afirmando que os dados econômicos recentes “não indicam pausa” no afrouxamento monetário.
Boletim Focus: veja o que esperar da Selic antes do Copom
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (3), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic. Veja os detalhes do retatório.
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 4,56% para 4,55%. A taxa está 0,05 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%.
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15,00% pela 19ª semana consecutiva, após o Copom ter mantido os juros neste nível na mais recente decisão, no dia 17 de setembro. A agenda desta semana traz a nova decisão de política econômica, na quarta-feira.
Isenção do IR e tarifaço nos EUA movimentam agenda em Brasília
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou na semana passada que quer votar nesta semana o projeto que aumenta para até R$ 5 mil os salários com isenção de Imposto de Renda (IR). O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pretende apresentar o relatório amanhã.
Alcolumbre disse ainda que deve debater o projeto que ressuscita pontos da medida provisória com alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Agenda econômica da semana
Nos EUA, o índice de atividade industrial (PMI) elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu para 48,7 em outubro, ante 49,1 em setembro, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira. O resultado de outubro contrariou expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta do índice a 49,6.
Já o PMI industrial dos EUA, medido pela S&P Global, subiu de 52 em setembro a 52,5 em outubro. O dado veio acima da estimativa preliminar, de 52,2.
A primeira semana de novembro traz a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e balanços de gigantes como Petrobras (PETR3; PETR4) e Itaú (ITUB4). No exterior, o relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) está previsto, mas não deve ser divulgado por causa da paralisação do governo.
Em paralelo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado marcou para terça-feira (4) a votação dos projetos que aumentam a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para até R$ 5 mil e elevam a taxação de bets e fintechs.
Na terça, saem ainda o Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de outubro e a produção industrial de setembro. Na quinta-feira (6), o destaque é a balança comercial de outubro. Na sexta-feira (7), a agenda traz o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de outubro.
No calendário de balanços estão hoje BB Seguridade e Tim Brasil; amanhã, CSN, CSN Mineração, Embraer, GPA, Itaú Unibanco, Iguatemi, Prio, RD Saúde; quarta-feira, Eletrobras, Minerva Foods, Petz, Rede d’Or; quinta-feira, Caixa Seguridade, Assaí, Alpargatas, Fleury, Magazine Luiza, Petrobras, Petrorecôncavo.
Na agenda internacional, o Banco da Inglaterra (BoE) divulga sua decisão de política monetária. O relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, também está previsto, mas não deve ser apresentado — assim como outros indicadores oficiais — por causa da paralisação do governo americano, que já dura 33 dias e é a segunda maior da história do país.
Na quarta-feira (5), tem o relatório ADP de empregos no setor privado dos EUA e PMIs de serviços e composto dos EUA e da Europa, além de balanços do McDonald´s e Qualcomm.
Na quinta-feira (6), saem a produção industrial da Alemanha, as vendas no varejo da zona do euro e a decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE), além de falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). São esperados ainda balanços da ArcelorMittal, Air France- KLM, Commerzbank, Bombardier e ConocoPhillips.
Na sexta-feira (7), a China divulga sua balança comercial de outubro, enquanto os Estados Unidos devem publicar o relatório de empregos, payroll, e o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast