O poder de um tweet: FLOKI dispara 30% após post de Elon Musk; será que a alta vai durar?
A memecoin inspirada no cachorro de Elon Musk teve alta explosiva após uma postagem do bilionário, mas o movimento foi passageiro e reacendeu o debate sobre os riscos desse tipo de criptoativo
FLOKI, memecoin inspirada no cachorro de Elon Musk, teve alta de 30% após uma postagem do bilionário, mas perdeu força nos dias seguintes. (Foto: Adobe Stock)
No último dia 20 de outubro, o mercado de criptomoedasfoi tomado por uma nova onda de euforia. Bastou um único tweet de Elon Musk para o valor do FLOKI, memecoininspirada no cachorro do bilionário, disparar cerca de 30% em poucas horas. A publicação, feita na rede X (antigo Twitter), mostrava um vídeo gerado por inteligência artificial em que o animal de estimação aparece sentado em uma cadeira, acompanhado da legenda: “Floki está de volta ao trabalho como CEO do X!”.
A reação à postagem foi imediata: investidores e curiosos voltaram seus olhos para o ativo digital, criado originalmente como uma brincadeira. No entanto, a valorização durou pouco. Dias depois, o preço se estabilizou e voltou a recuar, repetindo um padrão comum nesse tipo de criptoativo, o das altas explosivas seguidas de correções igualmente rápidas.
De acordo com Rony Szuster, Head de Research do Mercado Bitcoin (MB), a movimentação foi típica de um mercado guiado pelo entusiasmo e pela especulação.
“O FLOKI subiu 30% após um tweet de Elon Musk, reacendendo o entusiasmo no mercado de memecoins e impulsionando a recuperação do setor depois de uma queda de 40% em outubro”, afirma. Ele explica que o token também ganhou visibilidade institucional recentemente, com o lançamento do Valour Floki SEK na Europa, que permite a negociação do ativo em um ambiente regulado.
Apesar disso, Szuster pondera que o cenário técnico ainda não indica uma tendência sólida de alta. “Alguns indicadores apontam potencial de valorização de até 1.000%, mas o FLOKI continua abaixo das médias móveis de 50 e 200 períodos, o que mostra que o movimento de correção pode não ter se esgotado”, diz. Segundo ele, o comportamento desses ativos depende quase inteiramente do hype e, por isso, as valorizações costumam ser rápidas e de curta duração.
Esse caráter efêmero e volátil é justamente o que torna as memecoins tão atraentes – e perigosas – para investidores. A popularização das criptomoedas tem atraído cada vez mais pessoas interessadas em ganhos rápidos, mas também expostas a riscos elevados.
Como investir nas memecoins?
Para Julia Rosin, Head de Políticas Públicas da Bitso, o primeiro passo é compreender que esse mercado é extremamente sensível a qualquer mudança de cenário.
“Qualquer mudança no mercado torna o ativo muito sensível”, alerta. Por isso, ela recomenda que investidores iniciantes evitem começar por memecoins e busquem projetos com fundamentos sólidos, como o Bitcoin, que ainda mantém uma trajetória consistente de valorização no longo prazo.
Segundo Rosin, o ideal é que o investidor entenda a tecnologia por trás das criptomoedas antes de se aventurar em ativos especulativos.
“Essas redes não servem apenas para gerar criptoativos, mas operam como infraestruturas digitais descentralizadas, o que tende a conferir maior estabilidade aos ativos nelas ancorados”, explica. Ela compara o funcionamento dessas blockchainsa sistemas completos, e não apenas a moedas isoladas. “É como se a blockchainem si também fosse uma cripto. Você não está falando só da moeda em si, mas de todas as possibilidades que aquela rede oferece.”
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Quando o investidor ganha mais experiência, pode até se arriscar em ativos de curto prazo e alta volatilidade, como as memecoins. No entanto, Rosin reforça que elas surgem quase sempre de memes, piadas ou fenômenos virais da cultura digital, o que limita seu potencial de sustentabilidade.
“Você basicamente tá criando um ativo muito volátil, de curtíssimo prazo […] não é algo que vai se sustentar”, afirma. “Estamos falando de um processo de compra e venda de minutos, de segundos.”
Além de compreender o risco, ela destaca que é fundamental escolher bem a plataforma de negociação. As exchanges centralizadas oferecem suporte, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e certo nível de conformidade regulatória, enquanto as DEXs (exchanges descentralizadas) funcionam de forma automatizada, sem interferência humana direta. “Basicamente, a ideia das DEX é de que não têm interferência humana na ação”, explica Rosin, citando a Uniswap como exemplo global e a Picnic como uma das plataformas que atuam no Brasil.
Outro ponto crucial é o armazenamento dos ativos. Segundo a especialista, muitas corretoras oferecem custódia das criptos, mas o ideal é que o investidor mantenha controle próprio de suas chaves em carteiras digitais, especialmente quando se trata de aplicações maiores. “As exchanges fazem às vezes também de custodiante, mas uma custódia separada pode ser mais segura, desde que o usuário saiba administrar suas chaves privadas”, afirma.
Para Rosin, o encantamento com memecoins, como a FLOKI, costuma vir acompanhado de uma falsa sensação de facilidade, e é aí que mora o perigo. “Antes de se deixar levar pela promessa de lucros rápidos, o investidor precisa se preocupar com infraestrutura, segurança e planejamento estratégico”, conclui.