O planejamento financeiro pessoal é um guia para organizar e gerenciar seu dinheiro. (Foto: Adobe Stock)
Mais da metade dos brasileiros considera ter bom planejamento em suas vidas, mas parte relevante da população ainda não cumpre requisitos na área financeira, como ter reserva de emergência, seguros, planejamento sucessório e de aposentadoria. Os dados constam na primeira edição da pesquisa “O planejamento financeiro do brasileiro: da consciência à prática”, encomendada pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) ao Datafolha e divulgada hoje.
Cerca de 59% dos brasileiros se consideram razoavelmente (32%), muito (27%) ou extremamente planejados (7%), enquanto 29% se consideram pouco planejados e 13% nada planejados. Além disso, dois terços dos entrevistados (64%) planejam suas despesas do mês sempre ou frequentemente. Mesmo entre aqueles insatisfeitos com sua condição financeira, 55% mantêm algum tipo de organização recorrente.
No entanto, o descompasso entre planejamento e execução aparece nos resultados: 39% dos brasileiros gastaram mais do que receberam no último ano, e esse índice sobe para 54% entre os que não se consideram planejados. Mesmo entre os que se consideram planejados, 22% gastaram mais do que receberam.
Ainda, 84% dos entrevistados passaram por uma ou mais situações emergenciais nos últimos 12 meses – entre elas, reduzir ou atrasar o pagamento de contas essenciais, pedir dinheiro emprestado, pegar crédito ou ficar com o nome negativado. Essa situação reflete o fato de que 43% da população não tem dinheiro guardado para emergências. Entre esses, 62% são mulheres e 78% pertencem à classe C.
O contraste entre discurso e prática também aparece nas metas de longo prazo. Embora 82% dos brasileiros afirmem já ter pensado na aposentadoria e 97% declarem ter objetivos financeiros concretos – como viajar, comprar um imóvel ou garantir o futuro dos filhos -, apenas 15% dos não aposentados possuem um plano de previdência privada. Entre os aposentados, apenas 22% contam com previdência complementar.
O mesmo padrão se repete no planejamento sucessório. Mais da metade dos entrevistados (56%) afirma já ter pensado em como distribuir seus bens para seus herdeiros, mas só 7% possuem um testamento ou plano formal. Quatro em cada dez (42%) dizem que seus familiares saberiam acessar seus bens em caso de falecimento. Na prática, 16% dos brasileiros já tiveram que arcar com custos de inventário, mas apenas 9% tomaram alguma providência para custear esse tipo de despesas.
“A pesquisa revela que as pessoas podem ter visões distorcidas de sua situação. Os altos índices de planejamento financeiro relatados são um verdadeiro contraste com a baixa aderência a ferramentas como seguro de vida ou previdência privada, por exemplo. Uma hipótese para isso é que o próprio conceito do bom planejamento financeiro não é claro para a maioria das pessoas”, avalia afirma Ana Leoni, presidente executiva (CEO, na sigla em inglês) da Planejar.
Para Leoni, o principal papel dessa pesquisa será munir os planejadores e o mercado financeiro com dados para que eles sejam “verdadeiros agentes propagadores da importância de buscar um planejamento financeiro mais próximo do ideal”. “Muita gente se identificará com os achados desse estudo e esse é o primeiro passo para que elas se motivem a buscar segurança, rentabilidade e longevidade para o seu patrimônio”, acredita a executiva.
A pesquisa sobre planejamento financeiro ouviu duas mil pessoas em todo o Brasil, em um universo de pessoas com mais de 18 anos, das classes A, B e C, e com acesso à internet. A coleta de dados foi realizada de 16 a 29 de julho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais.