Vox Capital lança fundo de US$ 1 bilhão para restaurar terras degradadas e impulsionar agro sustentável
O CCAT estreia o modelo de capital concessional no Brasil, buscando alavancar investimentos privados em soja, gado e sistemas agroflorestais livres de desmatamento
Vox Capital lança fundo de US$ 1 bilhão para financiar restauração de terras e agro sustentável. (Imagem: Adobe Stock)
A Vox Capital, pioneira em investimentos de impacto no Brasil, faz sua estreia em estruturas de capital concessional com a gestão do Catalytic Capital for the Agricultural Transition (CCAT), um fundo de investimento criado para tornar a restauração de terras degradadas um caminho mais produtivo e lucrativo para agricultores brasileiros. A meta é captar US$ 200 milhões em capital catalítico e mobilizar outros US$ 800 milhões em investimento privado até 2028, somando um volume de US$ 1 bilhão para a iniciativa.
O capital catalítico é aquele no qual recursos públicos, filantrópicos ou de fomento assumem mais risco na estrutura para então atrair o capital privado. Assim, o fundo CCAT utilizará dívida subordinada, garantias e capital concessional para reduzir riscos de crédito e atrair investidores comerciais. Para cada US$ 1 em capital catalítico, o objetivo é alavancar US$ 4 em capital comercial por meio de diferentes instrumentos financeiros, como certificados de recebíveis do agronegócio (CRA), fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros) ou fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). Isso vai representar uma subordinação de 20% na estrutura.
Daniel Brandão, gestor da Vox, conta que o fundo foi construído a partir de pesquisa empírica do grupo Inovação Financeira para Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês), que trabalha com foco em transição agrícola para sistemas sustentáveis. “Eles entenderam que para viabilizar, escalar e alavancar isso de maneira atrativa e orientada também aos produtores rurais, se fazia necessário o capital concessional, que concede melhores condições de prazo, preço e garantias do que o padrão de mercado”, explicou o gestor, em entrevista à Broadcast. “O trade off é oferecer um capital com melhores condições para esse grupo e, em troca, eles nos oferecem desmatamento zero e práticas mais alinhadas com sustentabilidade.”
O fundo CCAT pretende mobilizar investimentos voltados à produção de soja e gado livres de desmatamento e conversão (DCF, na sigla em inglês), juntamente com sistemas agroflorestais, pontos alinhados às políticas do Ministério da Agricultura e Pecuária, do Programa Caminho Verde do Governo do Brasil e do Programa Eco Invest, destaca Brandão. “Não é um projeto de impacto isolado, ele se propõe a um impacto sistêmico”, afirma. Ele pontua ainda que os requerimentos socioambientais estarão em contrato, com forte compliance sobre os instrumentos financeiros.
Anunciado na segunda-feira (10) pela Fundação Gordon e Betty Moore, Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e parceiros, o fundo CCAT inicia sua operação com um comprometimento de US$ 50,5 milhões da Fundação Moore e da NICFI, além de outros investidores, incluindo a Margaret A. Cargill Philanthropies, o Instituto Arapyaú e a Porticus. Segundo Brandão, os investimentos em cerca de 15 a 20 operações serão feitos ao longo de três anos, com início dos desembolsos no primeiro trimestre de 2026, e com apoio da The Nature Conservancy (TNC) para a estratégia de impacto.
A expectativa é que o fundo apoie a recuperação ou proteção de mais de 500 mil hectares de terras, evite a emissão de 240 milhões de toneladas de CO2 e beneficie diretamente mais de 1 mil agricultores até 2030. No longo prazo, a ambição do fundo é ampliar o capital catalítico no setor agrícola brasileiro para US$ 2 bilhões até 2030, destravando um total de US$ 10 bilhões em investimentos.