De olho em aquisições: CEO explica como a Mills enfrenta o cenário de juros altos e menor demanda por plataformas elevatórias
Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, Sergio Kariya comenta a estratégia conservadora da empresa de aluguel de máquinas e equipamentos pesados de manter endividamento baixo, reduzir investimentos e diversificar setores para enfrentar cenário macro desafiador
Na Mills (MILS3), a regra para 2025 é clara: moderação. A empresa reduziu investimentos, diversificou setores e mantém endividamento baixo a fim de continuar crescendo mesmo em meio ao cenário macroeconômico desafiador, com a taxa básica de juros em 15% ao ano. Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, o CEO Sergio Kariya explicou a estratégia da empresa e destacou que está de olho em oportunidades de aquisições, que poderão ser concretizadas quando as condições de mercado melhorarem.
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“Desde o final do ano passado, lá por volta de novembro de 2024, quando o juro futuro abriu bastante, já indicando que teria um aumento na taxa de juros, a Selic, a gente passou a adotar uma postura um pouco mais conservadora para o ano de 2025. Isso se traduz em mais seletividade nos contratos que a gente fecha, buscando obviamente mais retorno”, afirmou Kariya.
“A gente quis preservar nossa alavancagem. Estamos hoje numa relação de dívida líquida sobre Ebitda de 1,5x. Quisemos manter para 2025 uma alavancagem conservadora para pagar menos despesas financeiras e afetar menos o nosso lucro líquido. E, por outro lado, também ter espaço no balanço para aproveitar oportunidades de aquisições, como aconteceu com a Next. Temos capacidade financeira para fazer aquisições ou movimentos orgânicos interessantes”, completou o executivo.
Entre julho e setembro deste ano, a Mills registrou um lucro líquido de R$ 67,3 milhões, uma queda de 4,8% sobre o mesmo período de 2024. A redução foi influenciada por reclassificações contábeis de exercícios anteriores e, sem esses efeitos, o lucro teria sido de R$ 85 milhões, um crescimento de cerca de 20% na comparação anual.
Já a receita líquida da companhia apresentou avanço de 15%, totalizando R$ 482 milhões no terceiro trimestre. Enquanto isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 255 milhões, alta de 27,9% sobre um ano antes. Considerando efeitos não recorrentes, o Ebitda da Mills chegou a R$ 226 milhões, alta de 18% sobre o 3T24.
Segundo o CEO, a estratégia conservadora da Mills envolve focar em contratos de longo prazo, que atualmente representam 55% da receita da empresa. Ela tem reforçado suas operações tanto com produtos de linha amarela quanto com equipamentos de intralogística. O movimento visa compensar a queda na demanda por plataformas elevatórias, segmento onde a Mills é líder na América Latina.
Aquisição da Next já reflete nos resultados
A Mills realizou recentemente uma aquisição estratégica da Next Rentals, focada em contratos de longo prazo e equipamentos de linha amarela. A ideia da companhia, segundo o CEO, é expandir a presença da Mills em segmentos mais resilientes, além de diversificar setores. Atualmente, a maior parte da receita da empresa vem dos setores de construção e agronegócio, mas o executivo diz que há espaço para crescer em novos setores, como o florestal, onde ampliaram a participação com a Next.
“A Next tem uma presença muito forte em alguns setores que a gente não tinha. Ganhamos presença no setor florestal, por exemplo, onde estamos fechando alguns contratos adicionais. Ela tem uma operação remota, mais um ganho de sinergia. Assim, a gente consegue hoje ofertar para os nossos clientes equipamentos não tripulados, fazendo uma operação remota para áreas de risco”, disse Kariya.
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As despesas da Mills aumentaram 19% no trimestre, na comparação anual, impactadas por efeitos não recorrentes. Segundo o CEO, quando excluídos o impacto negativo do plano de incentivo de longo prazo e, principalmente, a reclassificação de créditos fiscais (sem efeito caixa), as despesas mostram aumento de 8,5% ano a ano. “A gente até melhorou proporcionalmente o aumento de despesas versus a receita. Faz parte da companhia sempre buscar produtividade e melhoria de performance”, afirmou.
O executivo falou ainda sobre o perfil de dívida da Mills e os R$ 500 milhões captados via emissão de debêntures no terceiro trimestre, além da importância das ações de sustentabilidade para a companhia. Sobre dividendos, Kariya reforçou que a empresa quer seguir remunerando o acionista, com distribuição (payout) acima do mínimo obrigatório de 25% do lucro (atualmente está em 60%). Veja a entrevista na íntegra acima, ou clique aqui.