Mercado está entrando em um novo regime? Para a XP, queda de juros e inflação indicam que sim
Corretora vê ciclo favorável para Bolsa com inflação abaixo da média recente e juros que devem voltar a cair, esperando ganhos elevados para setores sensíveis
XP Investimentos aponta que a atual combinação de inflação mais baixa e taxas em recuo pode dar início a um novo regime para o mercado brasileiro, com potencial para altas expressivas no Ibovespa. (Imagem: Adobe Stock)
A XP Investimentos avalia que o mercado pode estar entrando em um “novo regime”, impulsionado pela queda simultânea de inflação e taxas de juros — casamento que, segundo o modelo da casa, historicamente gera alguns dos melhores ciclos para a Bolsa. A gestora destaca que a inflação recente já roda abaixo da média dos últimos três anos e que as taxas de juros seguem em tendência de queda. Nessas condições, o retorno real por ano costuma alcançar 11,2%, enquanto o Ibovespa apresenta alta nominal média de 26% ao ano.
Do ponto de vista setorial, a XP identifica varejo, transportes e bancos como os principais beneficiados, por serem diretamente sensíveis ao custo de capital mais baixo, que impulsiona o consumo e o crédito. Já educação, imobiliário, óleo, gás e petroquímicos tendem a ficar abaixo do índice, seja por dependerem de ciclos mais longos, seja por responderem menos à dinâmica da Selic (taxa básica de juros).
No recorte por fatores, o Momentum lidera os retornos no atual ambiente, seguido de Valor e Qualidade, que apresentam desempenho semelhante, ainda que papéis de Valor historicamente superem o Ibovespa em períodos como este. Ações classificadas como baixo risco, por outro lado, não se destacam nesse regime.
A título de exemplo, o mercado costuma observar padrões semelhantes nos ciclos de desinflação e queda de juros dos últimos 20 anos. Entre 2003 e 2007, o Ibovespa saltou de cerca de 11 mil para mais de 44 mil pontos, impulsionado pelo recuo dos juros, desinflação, boom de crédito e avanço das commodities. Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3), bancos e varejo foram destaques do período.
Entre 2016 e 2019, após a recessão, a queda da Selic de 14,25% para 6,5% reativou o apetite por risco e levou o índice de aproximadamente 40 mil para mais de 115 mil pontos. Casos como Magazine Luiza (MGLU3), Localiza (RENT3), bancos e construtoras foram bastante emblemáticos. Esses exemplos ajudam a entender por que o atual ambiente de descompressão macro reacende a discussão sobre ciclos mais lucrativos para a Bolsa, ainda que cada período tenha seus próprios ruídos fiscais e políticos.