Bradesco projeta recuo de 20% nas emissões de renda fixa em 2026, mas vê ano bom para o mercado
Para o banco, eleições encurtam o calendário, mas o juro ainda elevado deve sustentar a demanda; volume esperado é de R$ 550 bilhões, após dois anos de recordes
Bruno Boetger, VP do Bradesco, estima R$ 550 bilhões em emissões de renda fixa em 2026 — queda de 20% ante 2025. Eleições, juros ainda altos e reprecificação saudável dos spreads moldam o cenário. (Imagem: Adobe StocK)
O vice-presidente executivo do Bradesco, responsável pelo banco de atacado, Bruno Boetger, disse que o mercado de renda fixa local deve movimentar R$ 550 bilhões no próximo ano. A cifra representa uma queda de cerca de 20% em relação a 2025, que movimentou R$ 680 bilhões até novembro.
“Vamos ter eleições no segundo semestre. Então, é um calendário menor”, afirmou Boetger, a jornalistas, durante evento do Bradesco BBI, em Nova York, nos Estados Unidos. “Mas 2026 vai ser um ano bom para renda fixa porque o juro cairá, mas continuará alto”, avaliou.
Além disso, pesa ainda o fato de o mercado de renda fixa local ter quebrado recordes nos últimos anos. Em 2024, foram cerca de R$ 700 bilhões em emissões, e, neste ano, o volume de R$ 680 bilhões até agora pode ser considerado “praticamente estável” na comparação anual, conforme o vice-presidente executivo do Bradesco.
Outro ponto que conta para um menor volume de emissões de renda fixa local é a expectativa da queda dos juros no Brasil ao longo de 2026. “Esperamos que os juros comecem a cair no começo do ano que vem”, disse Boetger.
O vice-presidente executivo do Bradesco avaliou ainda que os problemas em crédito privado no Brasil não são sistêmicos. “São pontuais e conhecidos”, afirmou, sem mencionar nomes.
Quanto à reprecificação dos spreads nas emissões de renda fixa de empresas brasileiras, ele afirmou que foi “saudável” uma vez que as taxas estavam “muito apertadas”. “Não notamos deterioração de crédito privado no Brasil mesmo com juro alto. O Brasil vive quase o pleno emprego e os programas emergenciais mantêm o consumo”, disse Boetger. A economia do Brasil está “surpreendentemente resiliente”. O problema segue sendo o fiscal, mas que já está no custo país, acrescentou.