Veja o desempenho do dólar nesta sessão. Foto: Adobe Stock
O dólar fechou em queda no mercado local nesta terça-feira (2), enquanto se desvalorizou levemente em relação a moedas de economias desenvolvidas. A divisa americana cedeu 0,54%, a R$ 5,3303. O índice DXY, que compara o dólar com seis moedas fortes, recuou 0,07% aos 99,342 pontos no final da tarde.
Segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, o sentimento predominante no câmbio é de cautela, com investidores evitando grandes posições antes da divulgação de dados-chave na semana. “O fluxo cambial aponta para realização parcial de lucros após a valorização recente do dólar, enquanto o apetite ao risco permanece limitado diante das incertezas políticas e fiscais no Brasil”, afirma.
Nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou que possui apenas “um nome em mente” para indicar ao cargo de presidente do Federal Reserve (Fed), em substituição a Jerome Powell, cujo mandato se encerra em maio de 2026. Mais cedo, ele disse que possivelmente anunciará o indicado no começo de 2026, alterando seu discurso anterior de que o faria até o Natal.
Durante reunião de gabinete, o republicano afirmou que muitas pessoas estiveram envolvidas no processo de entrevistas, desde o secretário do Comércio, Howard Lutnick, até o chefe do Tesouro, Scott Bessent. “Quando anunciar o novo comandante do Fed, Trump pode gerar alguma volatilidade no dólar a nível global”, avalia André Valério, economista sênior do Inter.
Na próxima semana, o Fed decide os rumos da política monetária nos Estados Unidos. Os dados mais recentes da plataforma FedWatch, do CME Group, indicam 89% de chance de um corte de 25 pontos-base nos juros em dezembro. Há um mês, tal probabilidade estava em 63%.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, explica que as expectativas por um alívio nas taxas nos EUA reduzem a atratividade do dólar e reforçam o diferencial de juros a favor do Brasil, especialmente diante da provável manutenção da Selic em 15% ao ano na próxima semana. “O movimento também encontra suporte na sinalização de que o Banco Central está pronto para conter movimentos disfuncionais no câmbio, inibindo pressões sazonais típicas de dezembro”, destaca.
Produção industrial e pesquisa eleitoral ficam em foco no Brasil
A produção industrial em outubro cresceu 0,1% frente a setembro, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio abaixo da mediana das estimativas do mercado (0,3%). As projeções para esta leitura variavam de recuo de 0,1% a expansão de 1,5%.
Ainda no radar de investidores, a desaprovação ao governo Lula voltou a superar a aprovação, segundo pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta terça-feira. O levantamento mostra avanço da rejeição, de 48,1% para 50,7%, enquanto o índice positivo recuou de 51,2% para 48,6%. O movimento interrompe a trajetória de recuperação observada desde agosto.
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As avaliações de ótimo e bom caíram de 48% para 44,4%, enquanto as de ruim e péssimo subiram de 47,2% para 48,6%. De acordo com o instituto, a inversão ocorre em meio à dificuldade do governo em oferecer uma resposta convincente para a área de segurança pública, especialmente após a megaoperação no Rio de Janeiro.
Mesmo assim, a pesquisa mostra que o presidente segue à frente em todos os cenários de primeiro turno testados para 2026, embora com margens menores em relação aos levantamentos anteriores. No cenário principal, Lula aparece com 48,4% das intenções de voto, contra 32,5% do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os demais governadores de direita não chegam a 10%.
A pesquisa ouviu 5.510 pessoas em todo o País, entre 22 e 27 de novembro, por meio de recrutamento digital aleatório. A margem de erro é de um ponto porcentual, com nível de confiança de 95%.
Ligação entre Lula e Trump
Nesta tarde, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que o presidente Lula telefonou hoje às 12h (de Brasília) para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Numa chamada que durou 40 minutos, ambos trataram de temas da agenda comercial, econômica e de combate ao crime organizado.
Lula indicou ter sido muito positiva a decisão dos EUA de retirar a tarifa adicional de 40% imposta a alguns produtos brasileiros, como carne, café e frutas. Destacou que ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países e que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações.
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O presidente Lula também ressaltou a urgência em fortalecer a cooperação com os EUA para combater o crime organizado internacional. Já Trump sinalizou disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar organizações criminosas. Os dois presidentes concordaram em voltar a conversar em breve sobre o andamento dessas iniciativas.
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