- Algumas empresas, como Binance, Block Fi, Celsius Network e Nexo, estão oferecendo aos detentores de criptomoedas a possibilidade de obter renda passiva com seus ativos digitais, em uma espécie de poupança de criptomoedas
- Basicamente, essas plataformas tomarão emprestadas suas criptomoedas e as emprestarão para fundos de hedge ou outros investidores e corretores
- Ao contrário da poupança tradicional, essa nova modalidade não possui proteção pelo Fundo Garantidor de Crédito e nem pelas autoridades responsáveis dos EUA, como a Federal Deposit Insurance Corp e a Securities Investor Protection Corp
A poupança tradicional vem deixando a desejar no quesito rentabilidade há algum tempo, tendo em vista que, pelas regras atuais, a aplicação rende o equivalente a 70% da taxa Selic mais a taxa referencial, que está zerada desde 2017. Com a taxa básica de juros em 3,50% ao ano, a poupança passa a ter um rendimento anual de 2,45%, o que equivale a 0,20% ao mês. Não é à toa que os investidores estão procurando retornos mais atraentes.
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Com o advento das finanças descentralizadas (DeFi), que surgem com o objetivo de revolucionar o sistema financeiro, algumas empresas, como Binance, Block Fi, Celsius Network e Nexo, estão oferecendo aos detentores de criptomoedas a possibilidade de obter renda passiva com seus ativos digitais, em uma espécie de “poupança de criptomoedas”. Dependendo do ativo, a aplicação pode render juros de até 17% ao ano.
As plataformas de poupança de criptomoedas tomam emprestadas as criptomoedas dos clientes e as emprestam para fundos de hedge, outros investidores e corretores. O cliente recebe, como juros, uma parte do que os tomadores pagam às instituições, o que já é mais ou menos o que os bancos fazem com o dinheiro aplicado na poupança tradicional. Sendo assim, os usuários são remunerados com uma porcentagem, apenas por manter seus ativos digitais armazenados nas plataformas.
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Os juros recebidos não são fixos e podem variar ao longo do tempo, e também de acordo com a criptomoeda escolhida. No geral, as plataformas de poupança utilizam os criptoativos mais conhecidos, como Bitcoin, Ether, Chainlink, XRP e também as stablecoins, que são criptomoedas em algum ativo estável, como por exemplo, o dólar.
Normalmente, os juros são recebidos na própria moeda depositada, ou seja, se depositar Bitcoin, receberá em Bitcoin, e assim por diante . O problema disso, segundo especialistas, é que o cliente pode sofrer com atrasos, cobranças de saque ou taxas de conversão se quiser transformá-los em dólares ou em uma moeda diferente.
Algumas plataformas permitem que os clientes recebam um pouco mais de juros, para isso, é necessário optar por receber os rendimentos nas próprias criptomoedas da casa. Por exemplo, na Nexo, o rendimento anual para depósitos de Bitcoin é de 6%, entretanto, se o cliente escolhe receber no criptoativo nativo da plataforma, o rendimento passa para 8% ao ano.
Quais são os riscos de investir nas poupanças de criptomoedas?
Ao contrário da poupança tradicional, essa nova modalidade não possui proteção pelo Fundo Garantidor de Crédito e nem pelas autoridades responsáveis dos EUA, como a Federal Deposit Insurance Corp e a Securities Investor Protection Corp.
Por conta da ausência de regulação no mercado de criptomoedas, não há nenhuma garantia de que o cliente irá reaver seus investimentos caso a empresa custodiante vá à falência, por exemplo.
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Além desse risco, conhecido como contraparte, Alex Buelau, CTO da Parfin, plataforma de consolidação de investimentos em criptoativos para institucionais, alerta sobre o risco de volatilidade da criptomoeda que está aplicando. Ou seja, o “dinheiro” investido pode valer metade amanhã, ou o dobro.
Outro risco citado pelo executivo é o cambial, tendo em vista que os pagamentos são feitos em criptomoedas. “Se você paga suas contas em reais e recebe juros, por maior que seja, em dólar, se a moeda norte-americana subir ou descer, vai afetar o seu rendimento em reais”, diz Buleau.
Vale a pena usar a poupança de criptomoedas?
Mas, afinal, vale a pena correr esses riscos? De acordo com Buleau, depende da situação da pessoa, já que quem tem reais na carteira conta com o risco cambial.
“Você pode estar recebendo 30% ao ano em dólar, mas se suas contas a pagar estão em reais, e o dólar pode facilmente subir ou descer 30% em um ano, você pode ganhar muito mais dinheiro ou pode perder todo seu benefício por conta dessa variação cambial”, diz.
Mas, para quem tem criptos, o executivo explica que é um negócio a se avaliar, pois dificilmente você vai conseguir uma rentabilidade de 10% a 15% no mercado tradicional. “Se você vai ficar com suas criptos paradas e pode obter rendimentos na própria criptomoeda, está, na verdade, aumentando sua posição”, conclui.
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Já para André Franco, analista de criptomoedas da Empiricus, a ideia é boa, mas considerando os riscos de contraparte, deixar todo seu dinheiro nesse tipo de serviço é um pouco arriscado.“Se você tem uma parcela assumindo esse risco, aí sim pode valer a pena. Particularmente, eu uso a Block Fi porque é regulada no mercado americano, e aí há um pouco mais de segurança”, diz.
Plataformas
Confira a lista de plataformas que oferecem poupanças de criptomoedas:
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Celsius Network
- Quantidade de criptomoedas disponíveis: 41 ativos
- Rendimento anual do Bitcoin: 3,51% e 4,40% optando por receber na criptomoeda nativa da plataforma.
- Pagamento: semanal
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Binance
- Quantidade de criptomoedas disponíveis: 72 ativos
- Rendimento anual do Bitcoin: 1,2%
- Pagamento: diário
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Nexo
- Quantidade de criptomoedas disponíveis: 17 ativos
- Rendimento anual do Bitcoin: 6% e 8% optando por receber na criptomoeda nativa da plataforma.
- Pagamento: diário
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Block Fi
- Quantidade de criptomoedas disponíveis: 10 ativos
- Rendimento anual do Bitcoin: até 5%
- Pagamento: mensal