- Conheça as cinco ações do Ibovespa que mais valorizaram no primeiro semestre do ano e saiba quais foram os fatores que influenciaram a alta dos ativos
(Mellanie Novais, especial para o E-Investidor) – O Ibovespa apresentou uma alta de 6,54% no primeiro semestre de 2021. O crescimento está diretamente relacionado às perspectivas econômicas do Brasil, especialmente impactadas pelo início e avanço da vacinação — medida que é consequência a esperança de controle da pandemia.
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Além disso, o PIB do primeiro trimestre do ano também apresentou alta de 1,2%, em comparação ao último trimestre de 2020. O resultado positivo colaborou para estimativas otimistas e para o cenário de alta de algumas ações do Índice Bovespa.
Na sequência, confira as cinco ações que apresentaram a maior alta na primeira metade de 2021.
Braskem (BRKM5)
A maior alta do primeiro semestre de 2021 no Ibovespa ficou com as ações da petroquímica Braskem, com uma valorização de 152,65%, fechando o último pregão do semestre (dia 30/06) com a precificação em R$ 59,55 por ativo.
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Essa forte movimentação de alta teve início no mês de fevereiro, quando as ações apresentaram um aumento devido às avaliações relacionadas ao impacto do fenômeno de afundamento do solo em Maceió — fato que gerou a necessidade de realocação de milhares de famílias, somando mais de R$ 10 bilhões de gastos.
Claro que esse fato é negativo, mas a Braskem virou o jogo ao comunicar que o desembolso previsto para 2021 não afetaria a geração de caixa operacional da empresa, considerando outros recursos que esperam monetizar durante o ano.
Outro fator que teve impacto bastante positivo na virada de fevereiro para março foi o fato de que a unidade Braskem Idesa (BI), no México, assinou um contrato com a agência do governo mexicano para executar o serviço de transporte de gás natural.
Esse serviço havia sido interrompido em dezembro de 2020. Com a assinatura dos documentos no primeiro trimestre de 2021, já foi possível estabelecer a retomada, que será mantida pelo prazo de 15 anos conforme previsto no contrato.
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No mês de abril, as ações da empresa continuaram entre os melhores desempenhos de ativos do Ibovespa. Houve rumores de que a construtora Odebrecht (atual Novonor) estaria vendendo sua parcela da Braskem, assim como a Petrobras. Com esse movimento, especialistas preveem que será grande a briga pelos ativos da companhia.
É interessante destacar que a Braskem reverteu um prejuízo de R$ 3,6 bilhões do primeiro trimestre de 2020, apresentando lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no mesmo período deste ano. O resultado operacional ficou em R$ 6,9 bilhões, o que representa uma alta de 444% em comparação aos três meses iniciais de 2020.
Banco Inter (BIDI11)
O banco Inter apresentou uma valorização surpreendente de 137%, com os ativos fechando em R$ 77,79 no último pregão do semestre. O resultado é ainda mais interessante se considerarmos que as ações da companhia passaram a integrar o Ibovespa apenas em maio e sofreram as maiores quedas do índice durante seu primeiro mês.
A alta das ações têm relação direta com a valorização do setor de tecnologia em Wall Street nos primeiros seis meses do ano. Apesar de oferecer serviços financeiros, o Inter é visto também como uma empresa do segmento.
Os ativos do banco Inter ganharam mais impulso no mês de junho, quando foram anunciadas mudanças em relação a sua estrutura acionária. O que ocorreu foi um follow-on com a Stone como investidor-âncora: a companhia se propôs a investir até R$ 2,5 bilhões, podendo chegar até R$ 5 bilhões. Com isso, a expectativa também é que seja possível a troca de produtos e serviços entre as plataformas.
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Vale destacar o lucro líquido do Inter, que foi de R$ 20,8 bilhões no primeiro trimestre, reverteu o prejuízo de mais de R$ 8 milhões no mesmo período de 2020.
Embraer (EMBR3)
A Embraer (fabricante de aeronaves) apresentou valorização de 113,22% no primeiro semestre de 2021, tendo suas ações negociadas a R$ 18,87 no último pregão do período. Embora tenha sido muito prejudicada pelas medidas restritivas da covid-19, a companhia voltou a ter alta nos ativos desde o mês de fevereiro deste ano.
Inicialmente, o impacto positivo se deu pela notícia de que a empresa estava considerando a venda de aeronaves para a companhia alemã Lufthansa. Depois, em março, voltou a ganhar força ao divulgar seus resultados do quarto trimestre de 2020, que apresentaram prejuízo líquido de US$ 3,3 milhões — uma recuperação simbólica em comparação ao mesmo período de 2019.
Esse balanço tem relação com as entregas de jatos comerciais e aviões militares que a Embraer realizou, reforçando também os rumores de parcerias para o desenvolvimento de novos produtos da companhia.
Além disso, é claro que um grande destaque para a recuperação do valor dos ativos da empresa é a retomada da “vida normal” neste ano, considerando o ritmo de vacinação contra a covid-19 no mundo.
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Por fim, algo que tem empolgado o mercado financeiro é a Eve Urban Air Mobility Solutions, ou apenas Eve, empresa subsidiária da Embraer, tem chamado. Essa é uma startup de veículos elétricos de decolagem e pouso vertical, que anunciou uma possível fusão com a Zanite Acquisition.
Hering (HGTX3)
A varejista Hering teve uma alta de 100,03% em seus papéis no primeiro semestre de 2021, fechando o último pregão com suas ações sendo negociadas em R$ 34,21.
Os destaques da companhia tiveram início no mês de maio, quando recusou uma possível combinação de negócios com a Arezzo (ARZZ3), negando uma oferta não solicitada de cerca de R$ 3 bilhões. Mesmo sem fechar a transação, o mercado financeiro ficou animado e isso impactou positivamente a precificação dessas empresas.
Após isso, o Grupo Soma (SOMA3) deixou a proposta da Arezzo para trás, oferecendo R$ 5,2 bilhões para a Hering. Consequentemente, fez os ativos dispararem ainda mais: apenas em abril, por exemplo, a valorização foi de 74,33%, indo de R$ 16,09 para quase R$ 30 por ativo nesse período.
Outro fator de impacto para a valorização das ações da Hering nos primeiros seis meses deste ano foi a empresa apresentar um salto de 291,8% em seu lucro líquido durante o primeiro trimestre de 2021, totalizando mais de R$ 19 milhões nesses três meses, uma alta bastante significativa, especialmente em comparação aos R$ 5 milhões do mesmo período de 2020.
CVC (CVCB3)
Após fechar o ano de 2020 entre as piores ações, a CVC teve uma valorização de 40,09% nos primeiros seis meses de 2021, fechando o último pregão do semestre com seus papéis sendo negociados a R$ 27,72.
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Os resultados positivos têm relação direta com o otimismo do mercado para a retomada das atividades em virtude da vacinação contra a covid-19.
O prejuízo registrado pela operadora de turismo foi de R$ 81,4 milhões para o primeiro trimestre deste ano, um número expressivo, mas que representa uma queda de 92,9% comparado às perdas de mais de R$ 1 bilhão registradas no mesmo período de 2020.
Diante desse cenário, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa ficou em R$ 56,4 milhões negativos. Isso pode parecer ruim, mas é uma melhora de 92,4% diante do Ebitda de R$ 741,4 milhões negativos do ano passado. Além disso, as despesas financeiras da CVC foram aproximadamente de R$ 10 milhões nos três primeiros meses de 2021, uma queda de 79,1% em comparação a 2021.
Com essas movimentações positivas, embora ainda as vendas e os embarques sejam abaixo do esperado em função das restrições pandêmicas, a CVC garantiu um lugar no ranking das maiores altas do semestre do Ibovespa e, em comparação anual, apresentou uma alta de 39,50% como empresa.
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