- Apesar do bom resultado, as ações da companhia negociadas na Nasdaq e as BDRs estão em tendência de queda
- No fechamento do pregão de terça-feira (27), a desvalorização foi de de 2,80% e 4,22%, respectivamente
A montadora de veículos elétricos Tesla (TSLA34) reportou na segunda-feira (26) um lucro líquido trimestral recorde de US$ 1,1 bilhão no segundo trimestre de 2021.
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Apesar do bom resultado, as ações da companhia negociadas na Nasdaq e as BDRs estão em tendência de queda. No fechamento do pregão de terça-feira (27), a desvalorização foi de de 2,80% e 4,22%, respectivamente.
O S&P 500, índice do qual a Tesla faz parte com 1,35% de peso, também fechou o dia em baixa, com queda de 0,33%, aos 4.401,46 pontos.
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As ações e as BDRs estão em queda no acumulado de 2021, com desvalorização de 8,63% e 7,87%m respectivamente. Na manhã desta quarta-feira (28), os ativos eram cotados a US$ 644,78 e R$ 104,15 respectivamente.
Mário Goulart, analista CNPI da O2 Research, explica que o mercado como um todo começou a terça-feira em baixa. “Puxado principalmente pelo sell-off de ações que rolou na China. Nós tivemos dois dias muito negativos nas bolsas chinesas, na segunda (26) e na terça (27) foram quedas em torno de 4%, e isso está se refletindo nos mercados como um todo, não é um problema da Tesla”, diz.
Resultados do trimestre
No balanço, a Tesla reportou uma receita de US$ 11,9 bilhões no período, um aumento de 98% em comparação com 1T20.
Outro destaque da montadora foi a produção de veículos. No 2T21, a Tesla produziu cerca de 206.421 automóveis, o dobro da sua produção de veículos no trimestre. No 2T20, a companhia produziu 82.272 carros. “Em um horizonte de vários anos, esperamos alcançar um crescimento médio anual de 50% nas entregas de veículos. A taxa de crescimento dependerá da capacidade de nossos equipamentos, eficiência operacional e capacidade e estabilidade da cadeia de abastecimento”, informou a Tesla, no balanço.
O resultado positivo na produção de veículos se deu mesmo em meio a escassez global dos semicondutores, chips de computador utilizados nas mais diversas aplicações, desde carros até placas de vídeo para PCs.
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O problema não é uma exclusividade da Tesla e tem afetado outras montadoras, como a Ford. Segundo o Wall Street Journal, a empresa teve que cortar a produção em fábricas nos EUA em julhodevido aos problemas na oferta. “Esse problema coloca um teto no que a empresa pode melhorar naquilo que já está entregando, esse é um ponto que puxa as ações do setor para baixo, dado que o mercado gosta de cases com surpresas positivas, ao invés de limites positivos bem definidos”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
A Tesla informou que a equipe da montadora trabalhou para manter a produção funcionando tão perto de sua capacidade total quanto possível. “Com a demanda global de veículos em níveis recordes, o fornecimento de componentes terá uma forte influência na taxa de crescimento de nossa entrega para o resto deste ano”, diz a fabricante.
Vale destacar que a Tesla reportou um prejuízo de US$ 23 milhões com os Bitcoins que comprou em janeiro.
O que fazer com as ações?
Apesar do bom resultado, com lucro líquido superando a marca de mais de um bilhão de dólares pela primeira vez, Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, explica que o que preocupou mesmo o mercado foi a escassez global de chips, que inclusive adiou um pouco a produção da linha de semi-trucks da companhia.
“A Tesla sempre foi uma empresa cara, mas também é a líder do mercado. O que pesa é a competição das outras grandes montadoras, como Mercedes e Audi, que estão mostrando iniciativas com carros elétricos”, diz Meneses.
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Para o CEO da Alkin, a ação da companhia é um ativo caro e já está com um potencial grande embutido em seu preço. Por isso, não consegue ter um veredito se é hora de tirar o papel da carteira, mas que tomar uma posição, neste momento, certamente é um risco muito alto para o investidor.
O Wall Street Journal possui uma ferramenta para investidores que compila dados de analistas de research. Segundo a ferramenta, o consenso de recomendações para as ações da Tesla é pela manutenção, ou no inglês, hold, com preço alvo médio de US$ 689,39.
Goulart também recomenda a manutenção dos ativos e reforça que a Tesla é uma empresa complexa e que negocia a múltiplos altos. “A companhia é negociada a um preço sobre lucro (P/L) de 319,4, sem grandes potenciais de subida nas ações. Só para se ter uma ideia, a GM, que está saindo com várias soluções de veículos elétricos, possui um P/L de 8,38. Por isso, eu sou do time da manutenção: se não está posicionado, não entre, se está, fique”, conclui o analista.