As ações de Méliuz (CASH3) e do Banco Inter (BIDI11) tornaram-se queridinhas dos investidores que buscam montar suas carteiras com fintechs. Porém, antes de qualquer investimento, é preciso entender o modelo de negócio, expansão e o mercado em que ela está inserida.
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Existem ocasiões que eu me pego pensando na seguinte questão: como será que determinada empresa ganha dinheiro? E uma das minhas mais recentes reflexões foi sobre Méliuz (CASH3), que hoje é muito conhecido por conta dos programas de cashback, que basicamente é um programa de recompensas onde o cliente recebe dinheiro de volta ao realizar compras em estabelecimentos parceiros.
Porém, eu fui realmente a fundo nesta resposta. A primeira coisa que notei foi que o conceito que eu tinha sobre a empresa estava equivocado e que ela é muito mais do que uma companhia de cashback.
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Por isso, entrevistei o Diretor de RI do Méliuz (CASH3), Luciano Valle, para entender como a empresa monetiza e também sobre o desempenho da ação após os resultados do segundo trimestre.
Como a empresa funciona?
O foco não é a captação de clientes por meio do cashback, mas sim a facilidade que o usuário vai encontrar em sua jornada de compra. Ou seja, a atuação foca em uma plataforma que serve como ponte entre o cliente e os parceiros do Méliuz (CASH3).
Todo este processo acontece de uma maneira tão fluida que o consumidor, buscando por opções de compra mais rentáveis, se beneficia junto com o lojista que está na plataforma em busca de uma venda.
Eu diria que é muito similar ao modelo de negócio de uma corretora de valores, com uma pequena diferença: o Méliuz (CASH3) tem o foco de trazer as melhores condições para o consumidor comprar e a possibilidade dos seus parceiros colocarem as melhores ofertas, diferente do broker que apenas une os lados que negociam entre si.
Como rentabilizar a operação?
Existem duas linhas de receita. A primeira seria a cobrança pela inclusão de uma marca na plataforma. Ou seja: pela visibilidade. É importante ressaltar que é um movimento em que as empresas de uma determinada forma acabam por compartilhar o risco, pois a inclusão pode ser um sucesso ou não.
Contudo, não é apenas com a inclusão de marcas que o Méliuz (CASH3) gera seus recursos. A principal receita vem de uma comissão que é gerada a cada venda registrada na plataforma. Detalhe que parte do valor adquirido na comissão é utilizado para os incentivos de compra para os clientes, como é o caso do cashback.
Queda no 2T21
Não se pode negar que o modelo de negócio é muito bem definido, e que ele claramente beneficia não só o lado do Méliuz (CASH3), mas também os seus parceiros e clientes. O que é muito importante, pois torna a empresa muito atraente de se investir.
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Apesar disso, no último trimestre, o resultado divulgado não foi o esperado. Parte disso vem da expectativa do mercado, que foi muito maior do que se poderia gerar, levando em consideração o momento macroeconômico que o Brasil vive.
Afinal, muitos setores têm sofrido com baixas. O próprio PIB tem despencado, a inflação está nas alturas, então claramente seria normal que os números caíssem. E essa expectativa tão alta no Méliuz (CASH3) tem forte influência do follow-on feito recentemente, que movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão.
Entretanto, de acordo com os relatórios divulgados pelo Méliuz (CASH3), no que a empresa se propôs a fazer durante o semestre, foi feito, como por exemplo o GMV total gerado de R$ 1,1 bilhão. O que torna a expectativa e a situação econômica do país o principal motivo para uma queda tão abrupta.
É bom ressaltar que a recuperação da companhia tem sido muito mais rápida que as outras empresas do setor, mesmo que ela tenha caído muito mais.
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