Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto é especialista em investimentos, com mais de 15 anos de experiência, além de ser o apresentador e financista do Canal de YouTube 1Bilhão Educação Financeira, com mais de 300 mil inscritos e 12 milhões de visualizações em pouco mais de 1 ano de trabalho. Atualmente, com 36 anos de idade, Fabrizio é palestrante e autor do livro “De Endividado a Bilionário”.

Escreve às terças e quintas-feiras

Fabrizio Gueratto

Investir em startups pode render mais que ações?

Uma vantagem de uma startup é que o ciclo do zero ao bilhão é de oito anos

(Foto: JF Diorio/Estadão Conteúdo)

O investimento em startups é relativamente novo no mercado financeiro. Com isso, muitos investidores se questionam se vale a pena aplicar dinheiro nessa área e quais são os benefícios. Além disso, existem muitas dúvidas sobre o tema, principalmente por ser algo relativamente novo.

Pensando nisso, conversei com João Kepler, o maior especialista em empreendedorismo, startups, marketing e vendas, e que participa ativamente no crescimento de mais de 400 startups.

Kepler é também Lead Partner da Bossa Nova Investimentos, que visa o investimento em startups. Atualmente, também é considerado o melhor investidor-anjo do Brasil. Confira a entrevista exclusiva que fiz com ele:

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Quais são as vantagens e desvantagens de se investir em uma startup?

Existem vários fundamentos que impulsionam os investimentos nessa classe de ativos. As startups possuem negócios mais resilientes em momentos de incertezas. Por exemplo, ativos de capital intangível tendem a apresentar performance melhor. Já o ciclo e jornada de uma startup (do zero ao bilhão) é de, em média, 8 anos. Ocorre também uma menor competição, considerando especificidades dos serviços e empresas de base tecnológica.

Outro ponto relevante de uma startup é o baixo endividamento, custo reduzido e alta performance, juntamente com a alta aderência a conexões, integrações, adaptações ao mercado. Além disso, este tipo de empresa tem modelo de negócio enxuto, digital e escalável.

Nesse momento de distanciamento social e quarentena, por conta do novo coronavírus (covid-19), uma startup continua eficiente, pois já nasceu adaptada a trabalhar em home office.

Existem vários fundamentos que impulsionam os investimentos nessa classe de ativos. As startups possuem negócios mais resilientes em momentos de incertezas e quando acerta, o múltiplo sob o valor investido pode surpreender, mas isso não é uma certeza e não é suficiente para ter uma garantia de uma rentabilidade maior que as ações.

Não invista por essa comparação com ações e não invista se não entender os riscos envolvidos.

Hoje a Bossa Nova Investimentos é uma referência. Como um investidor pessoa física consegue investir nas startups de vocês? Qual o aporte mínimo?

Não temos investidores na Bossa Nova. O que fazemos é educar e ajudar pessoas físicas com perfil qualificado de investimento, que estejam interessadas em co-investir em startups. Compartilhando nossa experiência de anos de investimentos em startups, indicamos, coordenamos e reunimos esses interessados em grupos com o mesmo objetivo e propósito, para investirem juntos em um portfólio startups de um segmento específico ou, se desejarem, seguindo a tese da Bossa Nova.

Entendemos que, essa é a maneira de mitigar o alto risco desse tipo de investimento, que também pode trazer altos retornos. Não recomendamos que qualquer investidor invista sozinho ou em apenas uma startup.

A Bossa faz um trabalho educativo e de apoio. Ensinamos, criamos relacionamento, mostramos o mercado e, se a pessoa quiser investir, orientamos nesse processo. Esse tipo de investimento não é trivial, não é para qualquer um. Por isso, ajudamos a pessoa a entender o próprio perfil e qualificação e, somente em seguida, ela decide se quer mesmo investir em startups.

Consigo investir em várias startups ao mesmo tempo?

Sim, o ideal é que você invista em 10 startups para ter um retorno considerável no longo prazo. Ou seja, se considerar a estatística geral 50% das startups vão morrer pelo caminho, 25% vai andar de lado e apenas 25% vão trazer algum tipo de retorno.

Quais os setores mais promissores e por quê?

Fintechs, Healthtechs, Agrtechs e EdTechs. Estes são segmentos com muitos problemas para serem resolvidos e com muitos recursos disponíveis.

Após o coronavírus, quais as mudanças que o setor de startups deve ter e como isso impacta o investidor?

As startups e os investidores sentiram a importância da boa gestão do caixa. Muitas conseguiram sobreviver exatamente por isso. Então, daqui para frente as empresas continuarão escalando e tracionando, mas sempre com o olho no caixa. Já os investidores serão mais criteriosos nos investimentos em relação a investir em empresas que só geram, prejuízos.

A estratégia de negócios da Bossa Nova mudou após a pandemia?

Em tempos de crise, muitas pessoas acabam, por medo ou desinformação, optando por se retrair e não percebem que são justamente em momentos assim que boas oportunidades podem aparecer, principalmente quando o assunto é investimento. Na Bossa Nova foi exatamente o contrário, aceleramos. Ou seja, não mudamos a nossa estratégia.

Na sua opinião, qual seria o percentual máximo do patrimônio de uma pessoa que ele deveria colocar em investimento em startups?

No máximo 10% do patrimônio deve ser alocado em investimentos alternativos. Startups, por exemplo.

Como um investidor pode diminuir o risco ao investir em uma startup? O que ele precisa observar?

Muitos empresários e executivos de mercado me perguntam qual o risco de investir em startups, se vale mesmo a pena e se o retorno pode ser melhor que o investimento padrão, como renda fixa, por exemplo. Pois bem, minha resposta é: sim e não, porque é de fato um investimento de risco. Por isso, depende basicamente em quem você vai apostar o seu dinheiro. A senha para esse tipo de investimento é assertividade.

Convenhamos que acertar sempre não é uma tarefa das mais fáceis, por isso, a prática e o conhecimento do mercado são essenciais para evitar erros desnecessários e apostas furadas. Justamente por se tratar de um investimento de risco, assim como qualquer outro, o ideal é que o investidor nunca comprometa suas reservas por completo ou se desfaça de bens para investir em um negócio que não lhe ofereça garantia de retorno positivo. Não é preciso ser nenhum milionário para investir em startups, mas também não aconselho ninguém a fazer loucuras, principalmente aqueles que esperam retornos altos e em pouco tempo.

Para tornar essa tarefa relativamente mais fácil, alguns pontos cruciais precisam ser analisados tais como: os empreendedores, modelo de negócio, validação, mercado, MRR, CAC, LTV, burn rate, rateio do investimento solicitado, faturamento, margem e saídas futuras. Mas atenção! Mesmo que esses pontos sejam bons, não adianta investir em qualquer oportunidade, mesmo que ele esteja aparecendo na mídia, seja uma “promessa” futura, que pareça infalível, imperdível e muito incrível aos olhos de “todo mundo”.

Se o João Kepler tivesse hoje os primeiros R$ 150 mil para investir em startups. Que tipo de empresas ele daria preferência?

Startups validadas, operando e faturando, mesmo que pouco.

Quer investir melhor o seu dinheiro? Se inscreva agora na “Jornada Bilionária”. É gratuita! Confira também a entrevista exclusiva com João Kepler no nosso canal: