Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto é especialista em investimentos, com mais de 15 anos de experiência, além de ser o apresentador e financista do Canal de YouTube 1Bilhão Educação Financeira, com mais de 300 mil inscritos e 12 milhões de visualizações em pouco mais de 1 ano de trabalho. Atualmente, com 36 anos de idade, Fabrizio é palestrante e autor do livro “De Endividado a Bilionário”.

Escreve às terças e quintas-feiras

Fabrizio Gueratto

Ações da Oi (OIBR3 e OIBR4) podem me deixar bilionário?

Após Tim, Vivo e Claro se juntarem pela Oi, ação disparou. Vou ficar rico investindo?

Fachada de loja da empresa de telefonia móvel Oi, em São Paulo (Foto: Itaci Batista/Estadão Conteúdo)

Sempre que possível, gosto de falar de investimentos que tenho na carteira, e Oi (OIBR3 e OIBR4) é um deles. Nesta segunda-feira (20), as ações dispararam, após no final de semana sair a notícia de que TIM (TIMP3), Vivo (VIVT4) e Claro se juntaram em uma espécie de sociedade de concorrentes para ganharem a preferência de compra da Oi Móvel, responsável pela telefonia celular de 34 milhões de brasileiros.

Preste muita atenção, porque neste artigo vou explicar como a Oi é uma aula para todos os investidores.

Por que a TIM, Vivo e Claro se juntaram pela Oi?

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Em primeiro lugar, vamos entender por que três empresas concorrentes como a TIM, Vivo e Claro se juntaram para comprarem a Oi Móvel. É importante para entendermos que o jogo no mundo dos negócios vai muito além do que nossos olhos enxergam.

O motivo deste casamento é simples. Caso uma outra operadora de telecom compre a Oi, entraria para o jogo um quarto player, e as consequências seriam imprevisíveis. É sabido que uma das grandes estratégias para se ganhar mercado é através de preço.

Uma nova companhia poderia colocar em seu planejamento a oferta de serviços de telecom com custos baixíssimos, mesmo que isso representasse prejuízo recorrente por meses ou anos. Seria algo péssimo para as operadoras já instaladas no Brasil. Basicamente, elas preferem se juntar para depois concorrerem entre si, sem nenhum jogador surpresa em campo.

Como sempre fala Nassim Taleb, nossa tomada de decisão é sempre baseada naquilo que já vimos. Portanto, fica mais um ensinamento. As empresas são concorrentes na vitrine, mas nos bastidores a coisa é diferente. É assim que a Samsung fornece componentes para o iPhone, por exemplo.

Nunca se apaixone por uma ação

Um outro ensinamento que as ações da Oi trazem é que se apaixonar por uma ação acaba com a estratégia de investimento de qualquer pessoa, e vejo muito isso em particular com este ativo. Torcem pela empresa como se estivessem no Maracanã lotado e se irritam quando alguém fala mal de seu time. Neste caso, ignoram quando uma notícia negativa contra a empresa é veiculada. A Oi, explodindo ou virando pó, é um ensinamento do que não fazer.

Nossa vida sentimental precisa estar de fora dos investimentos. A tomada de decisão precisa ser técnica, por fundamentos, e o valor aplicado precisa estar dentro da estratégia de diversificação. Investir 30% do patrimônio de uma vida de trabalho em uma única empresa é brincar de cassino. Já estive em Las Vegas e não joguei um único dólar naquelas maquininhas pega trouxa. Não é na B3 que vou fazer isso.

E por que invisto nas ações da Oi?

Um dos grandes motivos que me fizeram investir em Oi, numa proporção pequena em relação ao meu patrimônio, claro, foi a postura do CEO Rodrigo Abreu. A postura é de quem sabe o rojão que tem nas mãos e quer arrumar a casa e deixar a sua marca na história.

Meses depois fui entender que na verdade pessoas devem ser o item de maior peso na análise fundamentalista, entre outros fatores. Aprendi isso recentemente com o Eduardo Mestieri, sócio e analista da gestora Alaska, responsável por colocar a Magazine Luiza (MGLU3) para dentro do fundo Alaska Black, quando a ação não valia quase nada. Este ensinamento que ele deu no nosso curso vou levar para o resto da vida.

Tire o ‘se’ e o ‘quando’ da sua vida

Para finalizar, vou explicar por que não me arrependo de ter investido mais nas ações da Oi. Primeiro que investir olhando o retrovisor é algo inútil. Não é à toa que o parabrisa do carro é muito maior que os 3 espelhos que usamos para enxergar o que está atrás. Segundo, porque quando invisto, tenho duas perguntas muito bem respondidas. Porque estou investindo e quanto estou investindo. A partir daí, o ativo pode valorizar 1.000% ou virar pó, que jamais virá o arrependimento ou a sensação de que sou um gênio.

A terceira coisa é que o “se” e o “quando” não existem. Apenas existe aquilo que faço de concreto e ponto final. Assim como todos os dias estamos perdendo grandes oportunidades, todos os dias estamos nos livrando de micos que impactariam o nosso bolso. Olhar o passado serve para curador de museu somente.

Ações da Oi vão me deixar bilionário?

Ah, já ia me esquecendo de responder o título. As ações da Oi não me deixarão bilionário. O que me deixa rico é trabalhar e empreender. Meus investimentos apenas multiplicam aquilo que consigo acumular destas duas formas. O resto é brincar de cassino.

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Confira também o vídeo que explica tudo sobre OIBR3 e OIBR4: