- Não tente recuperar prejuízos com o dinheiro que sobrou investindo em ativos de elevado risco
- O que fazer com o dinheiro que sobrou? A dica do colunista é dividir em três partes
- Mas todo investidor deve procurar orientação que respeite seu nível de formação, conhecimento, sofisticação e recursos
Desde o surgimento do Covid-19 e sua rápida expansão geográfica, que atingiu drasticamente vidas humanas, a economia em geral e nossa vida social, os mercados financeiros globais têm apresentado elevada volatilidade, aversão a risco e, por consequência, enorme desvalorização da grande maioria dos ativos financeiros. Além disso, não há ainda uma vacina e os governos discutem que tipo de quarentena é mais adequada e por quanto tempo, bem como qual é o custo social e econômico que essas escolhas trazem. A cada dia que passa, a mídia reporta mais casos de pessoas doentes, de mortos, empresas que fecham, demissões de empregados, queda de produção e de arrecadação. Um cenário sombrio.
Mas, por outro lado, o mundo está solidário. Todos os países estão enfrentando, ao mesmo tempo, o mesmo problema, esforços conjuntos são realizados em inúmeras frentes nacionais e internacionais como poucas vezes se viu em nossa história. Equipes com especialistas de diversas nacionalidades procuram incessantemente uma cura, universidades e centros de pesquisa compartilham suas descobertas mundialmente, a OMS está ativa em suas orientações e discussões com governos de todos os países e vemos os Três Poderes esquecerem suas divergências políticas em prol da sociedade, por meio de votações unânimes para aprovação de pacotes com medidas que importam nos maiores orçamentos já vistos nos diversos países. E todos com a certeza de que mais recursos serão necessários, mas com o espírito comprometido em aprová-los mesmo em detrimento da situação fiscal dos Estados.
Isto tudo nos leva a algumas indagações: os preços dos ativos estão baixos e perto de uma retomada ou podem cair ainda mais? Perdi muito dinheiro em investimentos, devo tentar recuperá-lo correndo mais riscos ou devo me preservar contra perdas adicionais? Meu emprego está em risco? Se sim, como devo investir minha liquidez e com que horizonte? Afinal, este é um dinheiro para a minha velhice ou pode ser uma reserva contra uma falta de recursos que pode ocorrer no curto prazo com a nova dinâmica econômica?
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O primeiro conselho que dou é “não tente recuperar prejuízos com o dinheiro que sobrou investindo em ativos de elevado risco”; afinal, o ambiente agora é ainda mais incerto e, portanto, de altíssimo risco. As chances de você perder mais dinheiro são maiores do que de ganhar algum para compensar os prejuízos passados. O que passou, passou e dinheiro não combina com emoção. Perder novamente, mesmo uma pequena soma, dói mais do que a fortuna que você já perdeu.
O que fazer com o dinheiro que sobrou? Em épocas de crise, onde não há pleno emprego e o ambiente pode piorar, vale a pena dividi-lo em 3 partes: (1) dinheiro de subsistência por 9 meses (sempre rotativo para você manter a quantia); (2) dinheiro de emergência equivalente a 3 meses de subsistência para casos graves e (3) o restante em dinheiro de longo prazo de acordo com o seu perfil de risco.
A primeira coisa a se fazer é definir dinheiro de subsistência. Em épocas como esta, vale a prudência nos gastos. Seja minimalista e básico. Após definir este valor, multiplique-o por 9 e aplique os recursos em investimentos atrelados ao DI de um Banco de primeira linha, Tesouro Direto ou fundo multimercado de perfil conservador. Se você não possui a soma de 9 meses, veja se consegue diminuir mais ainda os seus gastos. Não conseguiu, então pare por aqui.
Depois, pegue o montante mensal para subsistência e multiplique-o por 3. Esse será o seu dinheiro para emergência, além de manter a sua subsistência continuamente por 9 meses. A sua reserva de emergência deve ficar aplicada em investimentos de perfil conservador ou moderado de acordo com o seu perfil de tolerância a risco.
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Finalmente, com o restante, o seu dinheiro de longo prazo, você tem liberdade de investi-lo da forma que quiser de acordo com os seu perfil de risco: risco bancário ou do Tesouro; risco de variação de ativos conservadores; ações de baixa volatilidade; ações de alta volatilidade; ações que pagam bons dividendos; ações de crescimento ou uma cesta de ativos, incluindo derivativos. Mas, com tanta coisa acontecendo, como se informar e decidir que opção seguir? Os pontos de atenção ou pilares são muitos, mas todos eles baseiam-se em uma premissa básica: confiança. Todo investidor deve procurar orientação que respeite seu nível de formação, conhecimento, sofisticação e recursos. E que as decisões devem ser tomadas levando em conta 6 fatores:
Informação. Com tantas fontes de informação, conflitos de interesses e fake news, procure uma ou poucas fontes em que confie que haja informação isenta, verdadeira, completa, profunda e técnica.
Educação Financeira. Aprenda todos os dias sobre macroeconomia, mercados financeiros, produtos financeiros e não deixe de se atualizar. Procure ferramentas que lhe permitam acesso simplificado, organizado e atualizado. Educação financeira é contínua e fundamental, pois o mercado muda todos os dias e sempre traz novidades.
Produtos. Procure uma plataforma de investimentos que seja aberta e lhe disponibilize muitas opções, mas que além disso, continuamente, faça uma curadoria, ou seja, que selecione os melhores investimentos de mercado de acordo com o seu perfil de investimento. Procure produtos que você entenda para que não corra riscos desnecessários.
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Preços competitivos. Em épocas de rendimentos baixos, tarifas e comissões podem impactar substancialmente seus investimentos, principalmente em investimentos conservadores ou moderados. Mas compare banana com banana, pois investimentos de elevado risco x retorno cobram comissões mais altas porque podem gerar mais valor e não devem ser comparados às comissões de aplicação em ativos de baixo risco.
Conveniência. Utilize canais de sua preferência (telefônico, presencial ou digital) de alta qualidade em que haja preparo, atenção e disponibilidade nos dois primeiros casos e facilidade, completude e rapidez no terceiro caso.
Assessoria Financeira. Procure uma instituição de alta reputação, que tenha assessores financeiros bem preparados e em quem você confie. Esse profissional deve conhecer bem suas necessidades, objetivos, fontes de renda, liquidez e perfil de risco. Um ótimo assessor financeiro lhe economiza tempo e lhe poupa de riscos desnecessários. O valor da consultoria deve ser uma fração do valor agregado acima do que o mercado costuma agregar e lembre-se que pior do que ter o rendimento diminuído é não ter uma ótima oportunidade com elevados ganhos ou pior perder o principal.
A travessia é longa, mas necessária, haverá momentos de calmaria e outros desafiadores. Procure uma casa de investimentos que trabalhe para você e com você. Dessa maneira, você terá chances muito maiores de chegar bem ao seu destino, cumprindo seus objetivos e alcançado os seus sonhos.
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