Uma ação do presente para garantir o seu futuro

Louise Barsi é formada em economia e contabilidade e especialista em mercado de capitais. Analista CNPI, ela se dedica à empresa de educação digital Ações Garantem o Futuro, que foi criada para desmistificar a Bolsa de Valores para os investidores brasileiros.

Escreve às quartas-feiras, a cada 15 dias.

Louise Barsi

Preço-teto e uma ação para sua Carteira Previdenciária em 2020

Tudo começa pelo dividendo projetado por ação, uma estimativa entre o produto do lucro por ação e o payout do ano

Definir um alvo (Foto: Evanto Elements)
  • O indicador que mais utilizamos, sem dúvida, é o dividend yield e não apenas para avaliar o fluxo de proventos, como para definirmos o preço máximo de entrada em uma ação
  • Tudo começa pelo dividendo projetado por ação, uma estimativa entre o produto do lucro por ação e o payout do ano
  • Por fim, dividimos o número encontrado pelo crivo de 6% a.a e voilá, preço-teto calculado

Chegamos ao nosso quinto e, certamente, mais popular artigo de toda série até o momento. O que me levou a essa conclusão? Simples: aqui finalmente daremos nomes aos bois. Infelizmente o investidor comum, por mais que se esforce, não resiste a uma boa recomendação.

Temos um longo caminho pela frente, mas torço para que a experiência recente com os solavancos da Bolsa durante a pandemia não seja esquecida tão cedo pelos “filhos da alta”. Afinal, a máxima de que a satisfação dos ganhos é significativamente menor do que o sofrimento da perda é uma velha conhecida das Finanças Comportamentais.

Não há pecado em querer encurtar o caminho, principalmente se for para aprender com o erro dos outros. O problema está na ilusão do ganho rápido. A anedota do filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella se encaixa perfeitamente neste contexto.

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“Eis o segredo da vida: vaca não dá leite. Você tem de tirar. Precisa acordar 4h da manhã, ir ao pasto, entrar no curral cheio de fezes, amarrar o rabo e as pernas da vaca, sentar no banquinho e fazer o movimento certo! Esse é o segredo da vida. Vaca não dá leite, ou você tira ou não tem. Existe uma geração que acha que as coisas são automáticas. Eu quero, eu peço, eu ganho. A felicidade resulta do esforço. A ausência de esforço gera frustração.”

Realmente, a vida do investidor pessoa física é muito mais difícil que a dos investidores institucionais, principalmente no acesso à informação de qualidade. O começo é duro e o desafio de filtrar o volume de opiniões nas redes sociais é grande.

Pensando justamente na democratização da base de dados, o Ações Garantem o Futuro desenvolveu o AGF Prime, um serviço de assinatura low cost que dá acesso aos números de bases pagas, como Bloomberg e Economatica. Nele está incluso a planilha StockGuide, com mais de 100 ativos e seus indicadores, como múltiplos, dividendos projetados e preço-teto.

Como já afirmamos aqui, o que diferencia uma boa empresa de um bom investimento é seu preço. Como saber, então, o que está barato? Ora, como também já dissemos anteriormente, o perfil de projetos que procuramos costumam apresentar comportamentos previsíveis de resultados e distribuição de proventos, consequentemente de preços.

O indicador que mais utilizamos, sem dúvida, é o dividend yield e não apenas para avaliar o fluxo de proventos, como para definirmos o preço máximo de entrada em uma ação. Por que isto é possível? Primeiro, porque o indicador automaticamente nos aponta casos com bons históricos de distribuição e, segundo, o tipo de empreendimento que procuramos costumam apresentar comportamentos mais defensivos no longo prazo.

Dessa maneira, utilizamos nosso retorno mínimo estabelecido de 6% a.a em dividendos para encontrar uma espécie de margem de segurança. Reitero que esta é uma métrica simples, que não se importa com os centavos de diferença entre técnicas de valuation. Não utilizamos essa metodologia para calcular o valor justo, mas sim um preço que impeça o investidor de cometer o pior tipo de erro: pagar caro.

Tudo começa pelo dividendo projetado por ação, uma estimativa entre o produto do lucro por ação e o payout do ano. Por fim, dividimos o número encontrado pelo crivo de 6% a.a e voilá, preço-teto calculado. Vamos ao exemplo da Taesa (TAEE11) com dados reais tirados da planilha. Nossa visão otimista para a companhia foi reiterada pela evolução consistente do IGP-M, indicador que corrige as receitas de aproximadamente 67% do portfólio da transmissora.

Nossas projeções para o exercício de 2020, ou seja, período que compreende o primeiro ao quarto trimestre de divulgação de resultados, apontam para um dividendo estimado de R$ 2,39 por ação. Consequentemente, o preço-teto será:

R$ 2,39 / 0,06 = R$ 39,90

A interpretação para os R$ 39,90 é bastante simples, já que representa o preço equivalente para um retorno em dividendos de 6% a.a. Até o momento a companhia do segmento de transmissão pagou efetivamente R$ 1,51 líquido por ação, um yield de 5,25% em relação ao fechamento de 27/10. Neste caso, estamos falando de uma gordura próxima a R$ 11, ou seja, uma margem de segurança grande frente o preço de mercado.

Com todo conteúdo fornecido até aqui em nossos materiais, você já está minimamente capacitado para selecionar boas empresas, a bons preços, que paguem bons dividendos. Esse é o coração do Jeito Barsi de Investir. Mas, se ainda assim, ao final de tudo isso, a pergunta que martela sem parar no fundo da sua mente for: “ok, mas qual será a próxima Magazine Luiza”? O próximo artigo é para você, pode ser que ainda haja solução para o seu problema.