Para você que adora pagar mais barato nas coisas que compra, já pensou como seria ainda mais legal pagar mais barato pelos seus investimentos em renda fixa?
Sim, isso existe!
E hoje vou explicar como investir naqueles CDBs, Debêntures, CRIs e CRAs a taxas muito mais atrativas.
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Para começar, tenho que explicar o que é mercado secundário de títulos. Mas não dá para explicar o secundário sem passar pelo primário.
Imagine que você decidiu comprar um carro e, depois de pesquisar muito, optou pelo Civic, da Honda. Decidido isso, você deve ponderar se quer comprar o carro novo ou usado.
Caso você decida comprar um novo, irá para a loja da Honda, negociar diretamente com eles. Caso decida comprar um carro usado, a transação não passará pela Honda, mas simplesmente por terceiros, um querendo comprar e o outro querendo vender.
Com seus investimentos funciona igualzinho.
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Se você quer comprar um CDB ou uma debênture, você pode fazê-lo através de uma emissão primária, na qual você irá mostrar a sua oferta diretamente para o emissor daquele título, ou comprar algum outro título já emitido no passado no mercado secundário, negociando com um investidor qualquer, que queira vender.
Ambas as transações, seja no mercado primário ou secundário, devem ser intermediadas por uma corretora. Todos os ativos do mercado financeiro são assim por regulação, para proteger a identidade dos investidores.
Mas não é a corretora que emite o título, nem tampouco é devedora da dívida. Ela simplesmente faz a intermediação.
Quando você abre a sua corretora e clica em “IPO” ou “ofertas primárias”, você estará comprando diretamente da empresa, seja uma ação ou uma dívida. O dinheiro levantado com a emissão vai diretamente para a empresa.
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Já no mercado secundário, você negocia com um outro investidor, e o dinheiro da venda do ativo vai para ele. A empresa emissora não vê esse dinheiro, assim como a Honda nada tem a ver caso você decida vender seu corola usado.
No mercado primário a empresa estabelece o preço de venda, ou faz um leilão entre os interessados (processo chamado de bookbuilding).
Já no mercado secundário, o vendedor escolhe o preço que aceita vender, e o comprador escolhe o preço que aceita pagar. Quando os preços se encontram, sai negócio.
Nas ações, o mercado secundário acontece principalmente em tela, negociado na Bolsa de Valores. A qualquer momento você pode entrar no seu homebroker e ver a “fila” de compradores e vendedores das ações da Vale, por exemplo. Isso diminui a chance de encontrar promoções, uma vez que a organização e padronização dos ativos acaba levando sempre para o valor tido como justo.
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Já na renda fixa, não temos tela. Os títulos não são negociados em Bolsa, salvo raras exceções. Eles são negociados no “balcão” das corretoras ou nas suas plataformas de distribuição (ou seja, nos sites). Além disso, títulos de bancos não são padronizados, e possuem diferentes taxas e vencimentos.
Então, se você já abriu o site da sua corretora e clicou na aba “renda fixa” deve ter visto uma série de títulos como Debêntures, CRIs e CRAs. Esses títulos de empresas são do mercado secundário. Você está comprando de alguém que já tinha e quer vender, seja um fundo, um cliente, ou a própria corretora.
Pois é exatamente nessas plataformas que você pode encontrar algumas pechinchas!
Durante épocas de volatilidade no mercado, muitos investidores decidem se desfazer dos seus títulos de renda fixa no mercado secundário. A pressa de vender logo, aliada a falta de liquidez desse tipo de investimento, faz com que as taxas de alguns títulos oferecidos sejam extremamente atrativas.
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Antes da crise, CRIs e CRAs de empresas triplo A (melhor rating de crédito da escala) eram negociadas por volta de 110% do CDI. Depois da crise, eles títulos podiam ser encontrados nas plataformas por 160% do CDI. Nada mal, não é mesmo?
Os títulos de bancos, como CDBs, LCIs e LCAs funcionam um pouco diferente. Eles também podem ser encontrados nas plataformas das corretoras, mas não são necessariamente do mercado secundário.
A maioria das vezes que você olhar a plataforma, verá uma taxa padrão, para um período padrão, e os recursos vão direto para o banco, que usa a corretora apenas como distribuidor. É como se fosse uma emissão primária, mas não tem leilão. Eles estabelecem a taxa e o vencimento e ponto.
Mas, de uns anos para cá, algumas corretoras criaram também um mercado secundário de títulos de bancos. Se algum cliente precisar vender um CDB de prazo fechado (sem liquidez diária) antes do seu vencimento, poderá repassar nesse mercado secundário das corretoras.
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Nesses mercados é possível encontrar um CDB, que no próprio banco pagaria 115% do CDI, pagando 150% do CDI para exatamente o mesmo prazo.
O mercado secundário é interessante pois permite encontrar boas liquidações para um mesmo tipo de risco.
Claro que nem tudo são flores. A venda no mercado secundário pode se dar por um fluxo específico, de algum investidor que precisa vender por motivos próprios, mas pode também se dar por uma piora do risco da empresa.
Sempre que você olhar um título de renda fixa rendendo uma taxa muito alta deve se perguntar se aquele emissor é seguro.
É possível que os investidores estejam saindo daquele papel porque a empresa esteja passando por dificuldades financeiras. Se este for o caso, a taxa atrativa pode não compensar o aumento de risco.
Por isso é muito importante fazer uma análise de crédito, ou conferir a segurança do emissor com o seu analista financeiro. Procure os casos de boas empresas.
Mas é possível achar barganhas, sim! E elas podem ajudar a jogar a rentabilidade da sua carteira de crédito lá para cima.
Quem não gosta de uma boa promoção?