- Em agosto, exatamente todo dia 30 do mês, é celebrada a data nacional do perdão, proposta pela deputada Keiko Ota
- O intuito de provocar reflexão a partir de datas celebrativas sobre a importância do perdão pode servir de estímulo a repensar a própria vida financeira
- No começo de julho, entrou em vigor nova lei para prevenção e intervenção em casos de superendividamento
Em agosto, exatamente todo dia 30 do mês, é celebrada a data nacional do perdão, proposta pela deputada Keiko Ota. Ela foi motivada pela morte de seu filho, sequestrado e brutalmente assassinado aos oito anos de idade. Por volta deste mesmo período, em setembro, também acontece o Yom Kippur, um dos dias mais importantes do judaísmo, dedicado ao arrependimento e ao perdão.
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O intuito de provocar reflexão a partir de datas celebrativas sobre a importância do perdão pode servir de estímulo a repensar a própria vida financeira.
No começo de julho, entrou em vigor nova lei para prevenção e intervenção em casos de superendividamento. Ela modificou o Código de Defesa do Consumidor (CDC), estabelecendo que credores são obrigados a renegociar dívidas quanto a prazos e valores de parcelas, além de permitir antecipações com desconto e de informar ao consumidor, no ato da contratação, todos os encargos assumidos no ato da dívida.
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Agora, o consumidor pode pedir em juízo, de forma simplificada, para instaurar o processo por superendividamento para revisão dos contratos, caso não tenha sucesso na conciliação direta de suas dívidas.
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), mais de 60 milhões de brasileiros estão endividados. Dentre eles, 30 milhões são superendividados, principalmente mulheres responsáveis pelo sustento de suas famílias.
Dívidas geram graves problemas à saúde e à vida. Provocam estresse. O toque do telefone com um credor cobrando pagamentos ou a simples lembrança de estar devendo a alguém são exemplos de situações que aumentam o grau de ansiedade, que inclusive pode levar à depressão. Problemas financeiros afetam o humor, causam insônia, tiram a motivação, geram medo, insegurança e aumentam o pessimismo. Estar em dívidas leva a mentir, a esconder o assunto da família, a enganar.
Gera brigas, acusações e sentimentos de culpa. Também afeta a produtividade, pois a pessoa passa a usar horas de trabalho para administrar os problemas, além de se sentir menos capaz.
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E o que o perdão tem a ver com tudo isso? A solução não está na ideia simplista de propor a busca pelo perdão das dívidas. Em muitos casos, isso não resolve, principalmente quando o padrão comportamental de endividamento já está estabelecido na pessoa. Nestes casos, quanto mais o indivíduo ganha, mais ele gasta, em um modelo instituído da Síndrome do Devedor, onde viver de crédito passa a ser um estilo de vida, que, apesar de provocar intensa culpa, muitas vezes é sublimada.
A proposta aqui para transformação na vida financeira e promoção da própria saúde e felicidade está no auto perdão. Perdoar-se implica na busca de libertar-se da culpa, em absolver-se. Poupar-se. É até simbólico pensar que, na definição trazida pelos dicionários para a consequência de livrar-se das dívidas pelo perdão, poupar é uma delas.
Perdoar-se implica em sair da negação, em deixar de evitar o contato com sentimentos dolorosos, ou com comportamentos disfuncionais para encará-los e provocar a mudança. Liberar-se da raiva, da autopunição ou de compensações negativas e ressignificar a vida.
Perdoar-se traz a coragem do enfrentamento, motivação para largar as “vistas grossas” perante a própria conduta, sem precisar de absolvição de terceiros, desculpas ou autoengano.
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Para sair da cilada das dívidas é preciso pedir ajuda, que não vem do modelo recorrente de pedir dinheiro emprestado, mas sim do suporte técnico e principalmente psicológico para mudar o modelo de viver! Que tal aproveitar o Dia do Perdão para dar o primeiro passo?