- O longa-metragem ganhador “No Ritmo do Coração”, ao retratar a história de Ruby (Emilia Jones), a única da família sem deficiência auditiva, faz um convite à reflexão do que realmente é saber ouvir.
- Sian Heder, cineasta, roteirista e mulher, dá um show ESG - sigla do mercado financeiro que significa Espaço (Meio Ambiente), Social e Governança
- O filme coloca holofote sobre crises econômicas familiares, sobre o enfrentamento para a subsistência financeira de deficientes físicos, sobre conflitos em escolhas profissionais, sobre modelos de capitalismo exploratório ou colaborativo
Eu poderia começar este texto falando da estratégia financeira da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) – responsável por produzir anualmente o Oscar – com sua carteira de investimentos em ativos líquidos da ordem de US$ 790 milhões. Ou falar dos retornos financeiros do filme vencedor em 2022, que teve um orçamento de US$ 10 milhões e vendeu seus direitos à Apple TV em um leilão por US$ 25 milhões, somados ainda ao faturamento da bilheteria dos cinemas.
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O longa-metragem ganhador “No Ritmo do Coração” – ou em inglês “CODA”, do acrônimo Child of Deaf Adults (filho de adultos surdos) – ao retratar a história de Ruby (Emilia Jones), a única da família sem deficiência auditiva, faz um convite à reflexão do que realmente é saber ouvir.
Há muitos temas relevantes financeiros tratados na obra áudiovisual, como o dilema central da escolha da carreira da menina, que, entre as difíceis opções que se apresentam, coloca em xeque os valores dos diversos personagens, assim como os nossos próprios valores pessoais.
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Sian Heder, cineasta, roteirista e mulher, dá um show ESG – sigla do mercado financeiro que significa Espaço (Meio Ambiente), Social e Governança – ao convidar o espectador a colocar-se no lugar dos personagens, a sentir o que cada um está sentindo, a buscar entender a linguagem do outro e a vivenciar a mesma situação de diversas maneiras.
Entre as muitas letras lindas das músicas do filme, Ruby, ao cantar a mensagem com sua voz e seus gestos em libras, diz “olhei o amor dos dois lados: de amar e ser amado, e descobri não saber nada sobre o amor” fala sobre o amor, fala sobre relações humanas, fala sobre ESG.
Não seria ESG o mesmo que empatia e cuidado? O mesmo que amar e ser amado? A sigla ESG é uma tradução de compromisso com os laços e a ética nas relações sociais, com os direitos humanos, com a longevidade, sustentabilidade, com o cuidado tanto do presente como do futuro de nosso planeta, para garantir nossa existência como humanidade, em um amplo espectro, tanto no curto e como no longo prazo.
O filme coloca holofote sobre crises econômicas familiares, sobre o enfrentamento para a subsistência financeira de deficientes físicos, sobre conflitos em escolhas profissionais, sobre modelos de capitalismo exploratório ou colaborativo – ao retratar a proposta de cooperativa de pescadores; mas traz mesmo o olhar de que precisamos ser uma sociedade inclusiva e plural que sabe ouvir, cooperar, cuidar e amar. Ter diversidade traz retorno financeiro?
Ter mulheres na liderança traz resultados, mais faturamento e lucro? São perguntas frequentemente feitas, já comprovadas e respondidas positivamente por diversas pesquisas e estudos, mas que intuitivamente podem ser visualizadas. A diversidade reflete a sabedoria de diferentes olhares e aumenta o grau de inovação e de satisfação com clientes. Cuidar do próximo, do planeta, da ética, da justiça, da própria saúde integral, ter respeito e propósito são condições estruturais para resultados financeiros consistentes e duradouros.]
Leia também: Mulheres em cargos de liderança impulsionam agenda ESG. Entenda
Por isso, caro leitor, faço aqui um convite a, não só assistir ao filme maravilhoso vencedor do Oscar, como a pensar sua vida financeira e assumir uma atitude frente a suas escolhas no melhor estilo ESG de no “Ritmo do Coração”.