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
Uma gestão patrimonial eficiente exige um equilíbrio entre retorno e risco no portfólio. Isso significa que qualquer aumento no risco deve ser acompanhado por uma remuneração proporcional. No cenário atual da economia brasileira, com a taxa Selic em 13,25% e possibilidade de alta nos próximos meses, o incentivo para que investidores assumam riscos adicionais diminui significativamente.
É sabido que os juros elevados desestimulam alocações em ativos mais arriscados e favorecem estratégias mais conservadoras. Portanto, compreender esse contexto é essencial para ajustar a alocação de risco de forma adequada em cada portfólio, garantindo decisões de investimento alinhadas ao momento econômico.
Em janeiro de 2025, tivemos um CDI mensal superior a 1%, o que deve se repetir ao longo do ano. Esse retorno, que é tão simbólico para o investidor brasileiro, está alinhado ao cenário econômico de desancoragem das expectativas de inflação e ao esforço do Banco Central de trazer as projeções de IPCA para perto da meta de 3% ao ano.
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O mês de janeiro encerrou com uma projeção de inflação apontada pelo Boletim Focus em 5,5%. Um nível tão elevado de juros torna-se restritivo para atividade econômica no país e já é possível observar o seu impacto sobre os dados econômicos. Por exemplo, a criação de vagas de emprego, medida pelo Caged de dezembro, já apresentou forte recuo e a taxa de desemprego subiu para 6,2%, depois de meses de baixa. Este é um dos indicadores antecedentes que apontam para uma atividade econômica menos aquecida para o ano de 2025.
Essa conjuntura de atividade também traz um alerta sobre o mercado de crédito privado, que teve um excepcional ano de 2024, porém, não deve ter seus ganhos repetidos em 2025.
A soma de um custo de oportunidade (taxas de juros) tão altas, com um nível elevado de incerteza para atividade econômica, sugere dois caminhos: (i) reforçar alocações em renda fixa e ativos atrelados à inflação para proteger o portfólio contra uma possível desancoragem inflacionária; e (ii) aumentar a exposição internacional, diversificando para economias mais dinâmicas, como os EUA, e ativos em moeda forte. Essa abordagem é fundamental para garantir a preservação patrimonial no longo prazo, alinhando os investimentos ao contexto econômico global.
Cabe ainda um olhar para além do retorno mensal. Ao comparar os retornos de curto e longo prazo, fica evidente a discrepância entre os ativos mais resilientes e aqueles que enfrentaram maior volatilidade. A performance dos índices atrelados à inflação, como o IMA-B e o IDA-IPCA, também reforça a importância da diversificação. Enquanto apresentam retornos sólidos em 10 anos, a valorização mais modesta no curto prazo sugere uma menor atratividade recente. Já os investimentos atrelados ao CDI seguem uma trajetória de crescimento estável, destacando-se como alternativas conservadoras em momentos de alta dos juros.
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Dessa forma, a recomendação é investir em um portfólio equilibrado, com exposição a diferentes classes de ativos, permitindo uma construção patrimonial mais previsível e resiliente.
Por fim, vale lembrar, sempre, a máxima da diversificação. A diversificação de ativos não apenas reduz a volatilidade do portfólio, como também otimiza os retornos ao longo do tempo, aproveitando oportunidades que surgem em diferentes ciclos econômicos.