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Colunista

Educação financeira: um caminho para o empoderamento das mulheres

Mulheres empreendedoras estão cada vez mais presentes no mercado financeiro

Mulheres no mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)
Mulheres no mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)

Nos últimos anos, um fenômeno tem chamado a atenção no setor financeiro: as mulheres estão batendo recordes de financiamento. Seja para a aquisição da casa própria, educação, empreendedorismo ou outros projetos pessoais, elas têm demonstrado uma crescente participação nas operações de crédito. Mas o que explica esse crescimento e quais são os fatores que tornam as mulheres protagonistas nesse cenário?

Com o avanço do acesso à informação e iniciativas de educação financeira, as mulheres estão cada vez mais capacitadas para tomar decisões econômicas assertivas. Estudos apontam que elas têm um perfil mais conservador e organizado na gestão financeira, priorizando a segurança e a estabilidade a longo prazo. Isso as torna mais propensas a buscar financiamentos de forma planejada e consciente.

Mulheres lideram a gestão financeira familiar

Em muitas famílias, são as mulheres que assumem a responsabilidade pela administração do orçamento doméstico. Isso inclui desde o pagamento de contas básicas até a negociação de financiamentos para imóveis e veículos. Essa realidade contribui para que elas busquem condições mais vantajosas e evitem inadimplência, garantindo um melhor histórico de crédito.

Os dados demonstram que as mulheres possuem taxas de inadimplência menores do que os homens. Isso ocorre porque, em geral, elas são mais criteriosas ao assumir dívidas e mantêm um controle mais rigoroso sobre os pagamentos. De acordo com uma matéria do Investopedia, baseada no Experian Report, os homens nos EUA possuem, em média, cerca de 9% mais dívidas do que as mulheres, com um saldo total aproximado de US$ 338.000 contra US$ 310.000.

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Esse pequeno diferencial reforça a percepção de que as mulheres são mais responsáveis financeiramente e menos propensas a atrasos ou inadimplência.

Na métrica, a renda exerce um papel importante em economias desenvolvidas. Entretanto, em países com péssima distribuição de renda, como o Brasil, a mulher parece estar mais comprometida com a manutenção de sua capacidade de cumprir o pagamento da dívida contraída. Esse comportamento ocorre exatamente (consciente ou inconscientemente) devido à sua necessidade de manter acesso ao crédito, visto que este se torna um componente essencial da sua “renda”.

Brasil: Mulheres empreendedoras pagam taxas de juros mais altas

Apesar de serem melhores pagadoras e apresentarem menor taxa de inadimplência, as mulheres empreendedoras no Brasil ainda enfrentam desafios significativos no acesso ao crédito.

De acordo com um estudo do Sebrae de agosto de 2024, baseado em dados do Banco Central (BC), as empresárias pagam uma taxa média de 40,6% ao ano, enquanto os homens pagam 36,8%. Isso acontece devido a fatores como menor patrimônio registrado, menos garantias oferecidas e até mesmo vieses estruturais do sistema financeiro. Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas privadas que busquem reduzir essa desigualdade, promovendo condições mais justas para o empreendedorismo feminino.

O mercado financeiro tem reconhecido essa característica e, cada vez mais, bancos e instituições de crédito têm criado produtos específicos voltados para as mulheres, com condições mais acessíveis e taxas reduzidas. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir igualdade de oportunidades no acesso ao crédito.

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*Cintia Falcão é diretora executiva da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

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