

Com mais de três décadas de experiência no mercado financeiro, testemunhei um crescimento rápido e exponencial do setor, impulsionado pela tecnologia e pela inovação de produtos e serviços. No entanto, o maior desafio tem sido acompanhar a velocidade desse progresso, especialmente no que diz respeito ao aspecto humano do negócio.
É um mercado que demanda talentos e competências específicas, tanto em soft skills quanto em habilidades técnicas. Requer dedicação, um olhar atento às múltiplas variáveis do setor e a capacidade de se relacionar de forma eficaz com os clientes, antecipando suas necessidades. Nesse cenário, não adotar ações que promovam a presença feminina tanto na operação quanto na liderança, limita severamente o pool de talentos em um mercado tão exigente.
Garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento nas empresas, incluindo ascensão a cargos de decisão e reconhecimento salarial, não é apenas uma questão de equidade, mas também um fator essencial para a inovação e competitividade das organizações. Trata-se de ampliar o portfólio de ideias, diálogos, visões e conexões com novos públicos, além de investir em quem realmente faz a diferença, superando o status quo.
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É nesse contexto que iniciativas concretas fazem a diferença. Acredito que a diversidade é um pilar estratégico para o crescimento sustentável dos negócios. Atualmente, 53% do corpo de liderança do Grupo Travelex Confidence é composto por mulheres. Além disso, o conglomerado conta com três profissionais femininas à frente de áreas-chave dentro do comitê executivo (Compliance, Jurídico e RH). Esses exemplos demonstram que a equidade de gênero não pode ser apenas um discurso; precisa ser refletida em ações e resultados reais.
Para garantir que essa mudança seja contínua, um caminho é a adoção de políticas estruturadas voltadas à inclusão e ao desenvolvimento profissional das colaboradoras. Isso inclui programas de mentoria, capacitação e incentivo à ascensão de mulheres a cargos estratégicos. Além disso, promover um ambiente que respeite e valorize a pluralidade de ideias é fundamental, pois equipes diversas têm maior capacidade de adaptação e inovação.
Em minha trajetória profissional, vejo com alegria a ascensão de talentos femininos altamente capacitados para liderar projetos e ações no sistema financeiro. No entanto, ainda existem entraves sociais importantes para essa presença, e um deles é, sem dúvida, os pré-julgamentos sobre as mulheres. Entretanto, tenho observado na prática que empresas que promovem a equidade de gênero tendem a ser mais inovadoras, resilientes e sustentáveis.
Incentivo meus colegas de outras empresas a abraçarem esse compromisso e a criarmos espaços para a troca de experiências sobre esse tema. Por conta de ações internas realizadas no Grupo Travelex Confidence, a empresa foi reconhecida com o Selo Mais Mulheres na Liderança ABBC 2024, concedido às instituições que se destacam na inclusão feminina em cargos de diretoria. Essa chancela reforça que estamos no caminho certo, mas sabemos que ainda há muito a avançar. O ideal é sempre ir além dos números e causar um impacto real no mercado financeiro, servindo de inspiração para outras empresas do setor.
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Para que esse avanço seja contínuo e estruturado, é fundamental apoiar, fomentar e dar visibilidade a redes de liderança feminina. Acredito que a construção de um ambiente corporativo mais inclusivo exige colaboração e comprometimento de todas as partes envolvidas, e que a equidade de gênero não pode ser encarada como uma meta isolada, mas sim como um processo contínuo de transformação. Empresas que não reconhecem essa realidade correm o risco de ficar para trás.
O futuro do mercado financeiro – e do mundo corporativo como um todo – passa, inevitavelmente, pela inclusão de mais mulheres em espaços de decisão. De acordo com o Índice Global de Disparidade de Gênero 2024 do Fórum Econômico Mundial, se o ritmo atual for mantido, serão necessários 134 anos para eliminar as desigualdades de gênero globalmente. Não temos todo esse tempo para mudar esse cenário. E, se não nos engajarmos na promoção da equidade, estaremos sempre correndo atrás de oportunidades perdidas.