Empreendedores brasileiros têm coragem, mas o que falta é método e a confiança para encarar o caixa. (Foto: Adobe Stock)
Encerrar um ano é sempre um exercício de lucidez. A gente olha para trás, faz as contas e percebe que, além dos números, as histórias chamam a atenção. Em 2025, depois da minha participação na 10ª temporada do Shark Tank Brasil, finalizei o ano com 112 empresas investidas: cada uma delas representando não só um negócio, mas o sonho de alguém. E, se tem algo que aprendi convivendo tão de perto com empreendedores de todos os perfis é que o Brasil continua sendo um País movido por gente que não desiste.
Mas investir em negócios não é apenas aportar capital. É compartilhar visão, responsabilidade, estratégia, e muitas vezes, até ajudar a reconstruir.
Existe uma distância entre ter um sonho e transformá-lo em um negócio sustentável. Do lado de cá da mesa de investidora, eu vejo diariamente a força de quem decide empreender no Brasil. Do lado de lá, vejo as dores: falta de preparo, ausência de processos, dificuldade em formar time, pouca compreensão de gestão, marketing e finanças.
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E é justamente nesse encontro entre ousadia e estrutura que mora o que eu mais acredito: o empreendedor brasileiro tem coragem; o que falta é método e perder o medo de encarar o caixa.
Investir não é só assinar contrato. é ensinar a diferenciar visão de ilusão. É comprar a batalha de conquistar o sonho de alguém. Quando digo que finalizei o ano com 112 empresas investidas, alguns pensam apenas em volume, mas, para mim, cada número tem rosto, nome e contexto.
Falando dos meus novos sócios, tem a Gabriela, que criou uma solução para bebês dormirem depois de um puerpério difícil com a Cocoon Baby. Tem o Guilherme, que fez uma bebida perfeita para o verão chamada OCEÀ. Tem o Décio, que criou uma marca de meias e chinelos cheia de história e representatividade com a Afropé Chinelos.
O Brasil não é feito de grandes histórias prontas, é feito de recomeços. Por isso eu sempre repito um princípio que me guia: investir é uma responsabilidade social. É entender que, se der certo, a vida de uma família muda, e, se der muito certo, muda a de muitas outras.
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Este ano também consolidou algo que venho construindo com muito cuidado: um modelo de investimento que não abandona o empreendedor depois do cheque. Na Dinastia, meu hub de aceleração de negócios, aprendemos que o empreendedor precisa de acesso não só a capital, mas a comunidade, mentoria, estratégia, comunicação, governança, mercado e atitude. Negócio nenhum cresce sozinho. Gente sozinha cresce menos ainda.
É por isso que, em 2025, estruturamos verticalmente áreas como educação, pet, cultura e gastronomia dentro da Dinastia. Tudo com um único propósito: diminuir a distância entre o sonho e o resultado.
Se o Brasil quer criar empresas competitivas globalmente, precisamos parar de romantizar o empreendedor e começar a profissionalizá-lo. Isso significa ensinar a elaborar um pitch, mas também ensinar a montar time, delegar, projetar caixa, construir marca e comunicar bem.
Viver 2025 como CEO da Dinastia e como Shark no Shark Tank Brasil por mais uma temporada reforçou em mim o sentimento de que eu não invisto em produtos, investo em pessoas.
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E, às vezes, o melhor investimento é dizer “não”. Porque não existe aporte que conserte ausência de propósito, desalinhamento de sócios ou um modelo sem margem. Da mesma forma que não existe obstáculo capaz de parar um fundador que sabe onde quer chegar e está disposto a fazer o necessário.
As melhores negociações do ano vieram de empreendedores que entendiam o próprio mercado; tinham humildade para aprender; sabiam que crescer exige renúncia; confiavam no processo.
Dinheiro financia a jornada, mas é a mentalidade que determina a chegada. O país cresce com educação empreendedora.
É por isso que, cada vez mais, defendo uma visão de investimento capaz de gerar impacto real, distribuir conhecimento, criar oportunidades e formar líderes mais conscientes. Depois de mais um ano inteiro conhecendo projetos, estruturas, dores e brilhos nos olhos, eu termino 2025 com uma convicção profunda: o maior ativo do empreendedor brasileiro é a capacidade de sonhar apesar de tudo.
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E o meu papel, como investidora, só existe por causa disso: transformar coragem em estrutura, sonho em estratégia e intuição em resultado. E, olhando para 2026, uma coisa é certa: ainda existem muitos sonhos esperando um “sim”.