Eduardo Mira é o especialista em renda variável da Me Poupe!. Professor e investidor há mais de 20 anos, é analista CNPI-T e especialista em finanças e investimentos, com pós-graduação em pedagogia empresarial, MBA em gestão de investimento e profissional ANBIMA CPA-10 e CPA-20. Também tem passagem por banco e corretora de investimentos.

Ele escreve mensalmente, às sextas-feiras.

Eduardo Mira

Cuidado com as mentiras que te impedem de enriquecer

Há muitas coisas que você ouve e, se não pesquisar em profundidade, se tornam crenças equivocadas

É fundamental que você estabeleça percentuais de sua renda para cada assunto: despesas cotidianas, pagamento de dívidas e investimentos. Foto: Envato
  • As inúmeras mentiras sobre o mercado financeiro que as pessoas adotam como verdades renderiam uma série de artigos
  • Algumas são mentiras que você ouve e passa a acreditar enquanto outras são autoenganos, aquelas mentiras que a gente conta pra si, para justificar nossa procrastinação
  • Nunca é cedo para começar a investir. Quanto mais jovem você for, mais simples será a sua jornada rumo à independência financeira

Hoje é primeiro de abril, aquele dia do ano em que muita gente faz pegadinhas com os amigos, e uma porção de memes engraçados inundam a internet. Isso é sempre muito divertido, afinal, todos sabemos que são apenas brincadeiras inofensivas.

Entretanto, existem mentiras que ocorrem no cotidiano e que podem ser muito graves, como as relacionadas ao mundo dos investimentos, e é sobre estas que eu quero conversar com você.

Na sua jornada como investidor, há muitas coisas que você ouve e, se não pesquisar em profundidade,  se tornam crenças equivocadas que podem prejudicar sua saúde financeira. As inúmeras mentiras sobre o mercado financeiro que as pessoas adotam como verdades renderiam uma série de artigos, então hoje selecionei apenas algumas. Tentei listar as frases mais comuns que costumo ouvir de muitas pessoas com quem falo sobre investimentos.

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Algumas são mentiras que você ouve e passa a acreditar enquanto outras são autoenganos, aquelas mentiras que a gente conta pra si, para justificar nossa procrastinação.

“É cedo para pensar em investimentos. Sou jovem e tenho muito tempo”

Esse é um autoengano clássico. Nunca é cedo para começar a investir. Quanto mais jovem você for, mais simples será a sua jornada rumo à independência financeira. A combinação dos juros compostos com o fator tempo trabalhando a seu favor possibilita que com aportes bem menores e, consequentemente, com menos sacrifício, você consiga acumular montantes significativos, alcançando assim a sua independência financeira ainda jovem, e com toda vitalidade para usufruir desse dinheiro.

“Agora é tarde, já estou velho e nem adianta querer começar”

Mais um autoengano, inclusive bem perigoso. É claro que o ideal, como eu disse acima, é começar o mais cedo possível. Mas, se você não quis ou não pôde fazer desta forma, isso não inviabiliza que comece já. A expectativa de vida está aumentando e isso é maravilhoso. Contudo, se você não tiver reservas financeiras para se sustentar na velhice, ficará à mercê exclusivamente do INSS, o que é totalmente inviável.

Como você sabe, a Previdência Social no Brasil está em crise há muito tempo e a tendência é que isso piore cada vez mais. A ausência de reformas somada ao fato de que a expectativa de vida está aumentando ano a ano faz com que a quantidade de beneficiários seja maior do que a de contribuintes. Ou seja, a conta não fecha.

Confiar que apenas os benefícios do governo serão suficientes para você se manter, é uma forma bem perigosa de se iludir. Então, mesmo que você já tenha passado dos 50, acredite: dá tempo de se planejar financeiramente e garantir uma reserva financeira para complementar sua renda.

“Para investir é preciso entender muito de economia e ser bom em matemática”

Quem disse isso mentiu pra você. Talvez nem tenha sido algo deliberado, mas essa frase é daquelas que se perpetuam no imaginário e as pessoas passam a acreditar e repetir umas para as outras sem refletir o quanto isso pode ser equivocado. Eu sempre recomendo que as pessoas dediquem algum tempo para entender ao menos o básico sobre investimentos. Isso é fundamental para fazer boas escolhas e garantir qualidade de vida, independentemente de quais sejam as metas de cada um.

Mas você não precisa se tornar especialista, a menos que queira. Saber diferenciar os tipos de investimento existentes é algo que se aprende com facilidade, não requer conhecimentos matemáticos ou de macroeconomia, e já irá permitir que você escolha sem depender de ninguém as aplicações adequadas para cada tipo de meta que possua.

Hoje existe farto material sobre investimento disponível gratuitamente na internet. Além disso, a maioria das corretoras têm uma área educacional e disponibilizam muita informação de qualidade. Sendo assim, livre-se dessa crença equivocada e invista umas poucas horas da sua semana para entender um pouquinho sobre investimentos.

Quanto à matemática, não se preocupe com isso. Na internet há centenas de simuladores gratuitos e planilhas para download com fórmulas prontas,inclusive nos sites das corretoras. Você vai descobrir que é bem mais simples do que te fizeram acreditar.

“Eu não tenho dinheiro para investir”

Eu sei que vivemos num país de profundas desigualdades sociais e, para quase 28 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, essa frase não é uma mentira. Ao contrário, é a dura realidade de quem mal consegue ter o suficiente para a subsistência. Entretanto, se você possui uma renda regular, precisa criar a disciplina de guardar ao menos um pequeno percentual dela
mensalmente.

Claro que pode ser bem desafiador para quem tem uma renda pequena, contudo, é necessário. Mesmo que você só possa guardar, por exemplo, R$ 10 por mês, comece. Mais importante do que o montante, é criar a disciplina. Hoje já existem nas corretoras e bancos, fundos de investimento que aceitam aplicações a partir de R$ 1. Na renda variável, há ações que custam menos de R$ 10. Então comece já com o dinheiro que puder, mesmo que seja pouco.

Com o hábito incorporado, eu te garanto que gradativamente você irá perceber que dá para se planejar e ir aumentando seus aportes e, lá no futuro, quando os juros compostos tiverem te ajudado na multiplicação do seu dinheiro, você vai me agradecer.

“Só posso investir quando acabar de pagar minhas dívidas”

É claro que pagar as dívidas é parte importante para tornar sua vida financeira saudável, e eu encorajo que você analise detalhadamente cada uma das suas dívidas e crie um plano para ir saldando uma a
uma, começando por se livrar daquelas cujos juros sejam altos.

Mas você não deve se concentrar em apenas pagar dívidas. É fundamental que você estabeleça percentuais de sua renda para cada assunto: despesas cotidianas, pagamento de dívidas e investimentos. Dessa forma, ao mesmo tempo que você vai reduzindo seu passivo (as dívidas) vai colocando uma pequena parte do dinheiro para trabalhar a seu favor, aumentando seu patrimônio.
Essa composição dos percentuais destinados a cada coisa irá te ajudar a sanear suas finanças e desenvolver maior disciplina.

Além disso, irá evitar que você faça novas dívidas, pois à medida que seus investimentos forem compondo uma pequena reserva, as eventuais emergências que surjam serão resolvidas com este dinheiro e não mais contraindo dívidas.

Como eu disse no início, a quantidade de crenças equivocadas que as pessoas têm sobre finanças é enorme. Certamente terei outras oportunidades de falar sobre isso com você. A mensagem que desejo que você entenda é: investir não é tão difícil quanto talvez tenham te levado a acreditar. Cabe a você buscar informações e fazer suas próprias escolhas.

Lembre-se: é o seu futuro, portanto, você é o responsável. Escolha acreditar naquilo que te deixa mais perto de seus objetivos.