Um dos indicadores mais conhecidos dos investidores brasileiros é o Beta, que mede a sensibilidade de uma ação em relação ao Ibovespa. Ele é essencial para entender o risco relativo de um papel, bem como seu comportamento em diferentes cenários de mercado.
Ações podem ser classificadas em três grandes faixas de acordo com esse indicador. Na primeira faixa estão as ações com Beta abaixo de 1, ou seja, ações mais estáveis, cuja volatilidade é menor que a do Ibovespa e que, portanto, atraem investidores de perfil mais defensivo.
Em seguida vêm as ações com Beta próximo de 1, as que acompanham a volatilidade do Ibovespa.
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Por fim, na terceira faixa, estão as ações com Beta acima de 1, aquelas que amplificam os movimentos da bolsa e que atraem investidores mais agressivos.
Risco e retorno
Em resumo, o Beta é um indicador que permite estimar o potencial de ganhos ou perdas de uma ação em relação ao desempenho do Ibovespa.
Se um ativo possui Beta igual a 2, por exemplo, isso significa que uma alta de 10% no Ibovespa será equivalente a 20% de valorização desse ativo. Porém, se o Ibovespa cair 10%, o papel em questão perderá 20% de seu valor. Betas acima de 1 amplificam os movimentos de sobe-e-desce da bolsa.
Já as ações com Betas menores, abaixo de 1, oferecem menos risco, mas também menos retorno. No cenário proposto acima, um ativo com Beta de 0,5 renderia só 5% frente à alta de 10% no Ibovespa, mas também perderia (relativamente) pouco valor num cenário de queda da bolsa.
Entender essa dinâmica é fundamental para construir um portfólio equilibrado.
Temporalidades
Vale ressaltar: uma boa análise do Beta precisa levar em conta diferentes recortes temporais. O Beta de 60 meses fornece o panorama consolidado do comportamento de uma ação, enquanto o Beta de 60 semanas revela ajustes mais recentes na correlação dos papéis com o mercado.
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Uma abordagem combinada afasta o imediatismo, dando uma visão mais sólida de qual é a real dinâmica dos ativos. Além disso, ela permite compreender se a volatilidade de um papel está aumentando ou diminuindo ao longo do tempo. Isso é crucial para ajustar estratégias de investimento conforme o cenário do mercado muda.
Exemplos práticos
Quem busca retornos mais robustos – o que implica tolerar mais risco – pode se interessar por papeis como os da CVC Brasil (CVCB3), Azul (AZUL4), Cogna (COGN3) e IRB Brasil (IRBR3). Todas essas empresas apresentaram Betas elevados (acima de 1) nos últimos 60 meses e, portanto, estão sujeitas a variações mais bruscas que as do Ibovespa.
Quando olhamos para o Beta de 60 semanas, Magazine Luiza (MGLU3), Braskem (BRKM5), CVC Brasil (CVCB3) e CSN (CSNA3) aparecem no grupo das maiores oscilações, o que as torna interessantes para quem investe de maneira mais agressiva e busca retornos de curto prazo.
Muitos investidores concordariam que um bom ponto de equilíbrio é o ativo com Beta próximo de 1, isto é, aquele que tem certa volatilidade (e, portanto, potencial de ganho razoável), mas que oscila de maneira relativamente previsível, pois acompanha o Ibovespa.
Como todo indicador, o Beta não tem o poder de “ditar” ao investidor o que fazer. Essa decisão depende do perfil de cada indivíduo. Perfis agressivos devem ficar de olho em ações com Betas mais elevados, como as de Magazine Luiza e Azul; moderados podem se dar melhor com Itaú, Gerdau, Multiplan e demais papeis com Beta próximo de 1; já os mais conservadores talvez prefiram Betas baixos, como os das ações de SLC Agrícola e Taesa.
Índices financeiros são ferramentas. Cabe ao investidor saber usá-las para montar uma carteira que corresponda aos seus objetivos e, é claro, ao seu apetite para risco.