Mesmo com Selic a 15%, 12 ações superaram o CDI ao longo do governo Lula; veja os destaques
Esse movimento reflete a deterioração fiscal e o aumento do risco país, levando o Banco Central a adotar uma política mais restritiva para conter pressões inflacionárias e defender a moeda
A Selic é a taxa básica de juros (Foto: Adobe Stock)
Os juros elevados têm sido uma marca da atual presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. Quando o petista assumiu o poder, do dia 1º de janeiro de 2023, a Selic estava em 13,75%. Houve queda ao longo dos primeiros meses de governo, com a taxa básica de juros alcançando a mínima de 10,5% entre maio e setembro de 2024. Desde então, porém, a Selic voltou a subir de forma acelerada, atingindo os atuais 15% em julho de 2025.
Esse movimento reflete a deterioração fiscal e o aumento do risco país, levando o Banco Central a adotar uma política mais restritiva para conter pressões inflacionárias e defender a moeda. Nesse contexto, a renda fixa passou a oferecer retornos elevados e com baixo risco.
A mediana de rentabilidade do CDI, o principal benchmark dos investimentos conservadores e altamente correlacionado à Selic foi de 11,59% ao ano, considerando janelas móveis de 12 meses entre janeiro de 2023 e julho de 2025. Um número significativo, que impõe um desafio adicional a quem aloca recursos em renda variável, especialmente em ações da B3.
Ações que venceram o CDI
Apesar do cenário macro desafiador, um levantamento inédito da Elos Ayta identificou 12 ações da B3 que superaram o CDI em todas as janelas móveis de 12 meses desde o início do governo Lula.
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A análise considera retornos percentuais em janelas móveis de 12 meses, de dezembro de 2023 até julho de 2025, sempre comparando os resultados das ações com o CDI do mesmo período.
Para entrar na lista, a ação precisaria ter batido o CDI em todos os meses analisados, ou seja, uma performance superior em pelo menos 20 janelas consecutivas. Trata-se de um filtro estatístico exigente, que aponta empresas com desempenho consistente mesmo em ambientes adversos.
As campeãs em rentabilidade
Entre os destaques estão a Embraer (EMBR3) e a Sabesp (SBSP3), dois papéis com alta liquidez, fundamentos sólidos e que conseguiram entregar rentabilidades acima de 90% e 45%, respectivamente, na mediana de todas as janelas analisadas.
A campeã em rentabilidade foi o Banco Mercantil (BMEB4), com mediana de 143,96%. No entanto, a ação tem liquidez extremamente baixa (R$ 686 mil/dia), o que limita sua atratividade para investidores institucionais e eleva o risco de oscilação nos preços.
Outros destaques
Além de Embraer e Sabesp, outros nomes que chamaram atenção foram: Technos (TECN3) – Mediana de 58,95%, com baixa liquidez, mas desempenho constante; Profarma (PFRM3) – Mediana de 56,42%, setor de saúde, mas com forte volatilidade; Fras-Le (FRAS3) e Valid (VLID3) – Ambos com retorno acima de 49% na mediana, setores industriais e tecnologia aplicada; Celesc (CLSC4) – Distribuidora de energia com estabilidade de resultados; Tegma (TGMA3) – Transportes e logística, perfil defensivo, embora com volume modesto.
Nem só de renda fixa vive o investidor
Em tempo de juros altos, é natural que o investidor busque refúgio em ativos de renda fixa. O CDI elevado protege o poder de compra e oferece previsibilidade, algo raro em mercados voláteis.
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Mas alocar 100% dos recursos em renda fixa pode gerar um risco de oportunidade significativo, principalmente quando o ciclo de juros começar a inverter.
As ações que superaram o CDI ao longo de todo o governo Lula 3 não só entregaram ganhos reais superiores como também demonstraram resiliência operacional, sinal de potencial de valorização futura, especialmente se houver um novo ciclo de crescimento econômico ou de corte de juros.
Além disso, muitos desses papéis operam em setores estratégicos e menos suscetíveis às turbulências políticas internas, como exportação (Embraer), concessões (Sabesp), saúde (Profarma) e segurança digital (Valid).
Retorno exige análise, não adivinhação
Mesmo em um ambiente amplamente favorável à renda fixa, existem ações capazes de bater o CDI de forma sistemática.
Essas empresas não devem ser vistas como garantia de desempenho futuro. Afinal, no mundo dos investimentos não há certezas nem fórmula mágica. O que torna essas companhias merecedoras de atenção especial são seus sinais estatísticos e operacionais de robustez.
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O investidor atento sabe que performance passada não garante resultados futuros, mas também entende que dados consistentes podem revelar oportunidades. E, como mostram os números, há vida e ganhos além da Selic a 15%.