O que este conteúdo fez por você?
- Lula concentrou a sua atuação viajando para o exterior. Já visitou os cinco continentes, passando por 24 países em um total de 15 saídas do País
- Alguns caciques políticos acostumados ao frequente acesso a Lula no passado creditam o novo momento do presidente ao fato de ele hoje estar com 78 anos
- Há quem aposte nas mágoas com o processo judicial que enfrentou e os mais maldosos colocam na conta de Janja (esposa do presidente)
Nos primeiros 12 meses do governo Lula 3, o que mais se ouvia aqui em Brasília por parte dos políticos era que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não era mais o mesmo.
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Não era mais aquele mandatário que realizava com frequência animados encontros e convescotes no Palácio do Palácio e no Alvorada com a participação dos ministros e representantes das bancadas da base aliada do Congresso. Ocasião em que discutia amenidades, tirava fotos e em momentos mais reservados alinhava a condução da agenda do governo.
Pelo contrário, no começo do terceiro mandato, o presidente concentrou a sua atuação viajando para o exterior. Foram cerca de dois meses fora do País. Ao todo, o petista visitou os cinco continentes, passando por 24 países em um total de 15 saídas do País.
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A falta de uma relação mais próxima com as bancadas do Congresso também foi captada pelo jornalista do Estadão, André Shalders. Em novembro de 2023, ele fez um levantamento mostrando que o petista esteve com deputados e senadores apenas 22 vezes nos dez primeiros meses do terceiro mandato – veja. Muito pouco.
Alguns caciques políticos acostumados ao frequente acesso a Lula no passado creditam o novo momento do presidente ao fato de ele hoje estar com 78 anos, outros em razão de mágoas com o processo judicial que enfrentou e os mais maldosos colocam na conta de Janja (esposa do presidente).
Independentemente dos motivos e razões, que provavelmente são outros, Lula conduziu o primeiro ano de seu terceiro mandato concentrando a sua interlocução nos ministros mais próximos como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). É por meio deles e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o presidente tem coordenado as principais negociações com o Congresso.
Ausência de Lula nos palanques
Chegamos no segundo ano de mandato e nos deparamos com a disputa municipal, momento chave para o tabuleiro político de 2026. O que vemos são novas reclamações dos principais aliados e petistas em razão da ausência de Lula nos principais palanques, Brasil a fora.
Mesmo em São Paulo, onde o presidente apoiou o candidato Guilherme Boulos (Psol), a participação de Lula foi considerada modesta. Muito aquém ao que já foi no passado, quando o que estava em jogo era a principal capital do País, onde ele venceu em 2022 com 47,5% dos votos contra 38% de Jair Bolsonaro (PL).
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Olhando para 2026, Lula tem dito em suas entrevistas que pode disputar a reeleição, caso seja necessário enfrentar Jair Bolsonaro. O fato é que hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível e dificilmente vai reverter esse quadro no Supremo Tribunal Federal (STF), última instância do Judiciário e onde o clima é totalmente desfavorável a ele.
Missão cumprida?
Olhando para algumas peças desse Puzzle dos primeiros dois anos de atuação política de Lula e a mais recente atuação na eleição municipal, começa a ficar no ar a dúvida se no final de 2025, o petista vai tentar se reeleger ou se dará como missão cumprida o término do seu terceiro mandato.
Me parece que Lula cada vez mais tem vestido o figurino do atual presidente Joe Biden, que abriu caminho para a sua vice Kamala Harris disputar as eleições nos EUA, em novembro.
É verdade que é muito cedo para ter alguma certeza e que há muito para acontecer até o final de 2025. O próprio Biden desistiu de disputar apenas três meses antes do pleito, no EUA. Mas caso esse cenário se confirme, teremos como expoentes no âmbito nacional nomes como o do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (REP) e o do ministro Fernando Haddad (PT).
Dentro desse contexto, não podemos ignorar o desempenho de Pablo Marçal (PRTB) em São Paulo. Mesmo sem apoio de Bolsonaro, ele quase foi para o segundo turno apoiado pelo voto bolsonarista. Tal atuação é um sinal para os demais postulantes da direita que também podem disputar o legado do ex-presidente, mesmo que ele não declare um apoio formal. Vamos acompanhando.
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