- Descobrir como funciona o mecanismo dos juros compostos, dos dividendos e da valorização de ações é como descobrir um novo mundo
- O primeiro passo para começar a investir, segundo Marco Saravalle, é conhecer o seu perfil de investidor
- Estudar, essa talvez seja a ação que mais tenha que ser feita quando o assunto é investimentos
Quando estou em sala de aula e o tema investimentos entra em cena, percebo a empolgação de muitos jovens alunos com a possibilidade de ganhar mais dinheiro. De fato, descobrir como funciona o mecanismo dos juros compostos, dos dividendos e da valorização de ações é como descobrir um novo mundo. Porém, é preciso ter cautela.
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Como diz o Marco Saravalle, estrategista de investimentos fundador da SaraInvest e presidente do conselho consultivo da Multiplicando Sonhos, “não se deve querer correr quando não se sabe sequer andar ainda”. Afinal, assim como quase tudo nessa vida, construir um patrimônio é uma jornada. Nada acontece do dia para a noite.
Quando falamos em jornada, queremos dizer que cada etapa dela é importante. Por mais que você tenha um ponto de chegada definido e queira atingi-lo o quanto antes, são os aprendizados do caminho que vão te ensinar a atingir cada vez mais objetivos.
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Por isso, o conselho que dou aos meus alunos e agora divido com os caros leitores desta coluna é: não pule etapas. Assim como ninguém nasce aprendendo a correr, nos investimentos também devemos começar engatinhando para depois andar, correr e, lá na frente, aprender a andar de bicicleta.
Um passo de cada vez
O primeiro passo para começar a investir, segundo Marco Saravalle, é conhecer o seu perfil de investidor. E isso tem a ver com entender qual o seu apetite para o risco. “Geralmente, as pessoas tendem a se ver como mais ousadas do que elas realmente são. Mas eu costumo dizer que o investidor só conhece verdadeiramente a sua tolerância ao risco quando tem uma primeira perda de patrimônio”, comenta o especialista.
Por isso, para fazer uma análise mais confiável, Marco recomenda que o investidor avalie o comportamento de determinado tipo de investimento nos últimos 12 meses e tome uma decisão a partir do pior cenário. “Se o investidor entende que está disposto a investir nesse ativo mesmo que ele se comporte no pior cenário possível, então o investimento realmente é compatível ao perfil dele.”
Em resumo, existem três tipos de investidores: os conservadores — maioria no Brasil —, os moderados e os agressivos.
Os conservadores são aqueles que têm aversão ao risco e preferem retornos estáveis e mais garantidos, mesmo que eles sejam menores. Os moderados topam assumir um certo risco, mas precisam de uma boa parcela de seu patrimônio em segurança. E os agressivos são aqueles mais dispostos ao “tudo ou nada”.
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Segundo Marco, a tendência é que os mais jovens se vejam como mais agressivos e, à medida que envelhecem, se tornam mais conservadores. Porém, por maior que seja o apetite ao risco do investidor iniciante a jornada dele também deve considerar um aumento escalonado na tomada de risco.
O ideal é começar testando e, antes de tudo, criar uma reserva de emergência. Estude sobre os tipos de investimentos, escolha uma corretora, abra uma conta e compre alguns ativos de renda fixa. Acompanhe-os e entenda como eles funcionam para, então, aumentar progressivamente os aportes.
Quando você tiver uma quantia suficiente para cobrir possíveis emergências financeiras, aí sim você pode considerar o seu apetite de risco e, se for o caso, partir para a compra de alguns ativos de renda variável — as famosas ações.
Porém, também e principalmente com as ações, deve-se começar a passos pequenos. Estude os tipos de ações, entenda qual está mais alinhada aos seus objetivos e compre algumas delas. Nada de colocar todo o seu dinheiro logo de cara.
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Veja o comportamento desses ativos no dia a dia, aprenda a lidar com eles e só então, comece a encorpar a sua carteira de investimentos. É assim que você “aprende a andar”.
Conheça a si mesmo
Além de seguir a jornada dos investimentos assumindo essa lógica de níveis, do iniciante ao mais experiente, também é preciso entender qual é, de fato, a sua jornada. Entenda: o melhor investimento não é aquele que dá os maiores retornos, mas sim o que está mais alinhado com os seus objetivos.
Qual é o seu sonho? Comprar uma casa? Ter uma vida estável e confortável? Abrir e fazer crescer um negócio? Em quanto tempo? Tudo isso deve ser considerado na hora de escolher um investimento.
A liquidez, por exemplo, é a rapidez com a qual é possível converter um investimento em dinheiro em espécie. Ela é um ponto importante a ser analisado porque, se você tem um objetivo de curto prazo, não adianta comprar um investimento de baixa liquidez. Se o fizer, você não conseguirá vender rapidamente ou terá prejuízo.
Antes de adquirir um investimento, faça as seguintes perguntas:
- Eu entendo como esse investimento funciona?
- Eu conheço o risco dele e estou disposto a tomá-lo?
- Ele está alinhado com os meus objetivos e prazos?
- Ele tem um preço e um retorno que são vantajosos?
Uma ex-aluna que entendeu tudo isso muito bem e hoje utilizo como exemplo nas aulas da Multiplicando Sonhos é a Ane Karoline Zeferino, da Escola Estadual Antonieta de Souza Alcântara.
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Ane, que trabalha com administração em uma empresa e também vende semijoias para ter uma renda extra, tem baixo apetite ao risco e objetivos de longo prazo. Seus sonhos são comprar uma casa, um carro e ter uma vida confortável com a família.
Ela começou a investir em Letras de Crédito Imobiliário (LCI), um tipo de investimento de renda fixa, por meio de um banco digital — geralmente eles têm uma interface simplificada, o que ajuda muito novos investidores. Agora, aos poucos, ela está buscando novos ativos que sejam compatíveis com seus objetivos e com o seu perfil para diversificar a carteira.
“Eu tinha uma noção básica sobre investimentos já e investia em LCI pelo banco digital, mas após as aulas da MS consegui enxergar outros meios bem mais lucrativos e tão seguros quanto, como o Tesouro Direto”, conta Ane. “Desde então, ao menos uma ou duas vezes na semana eu leio e estudo sobre meios de investimento”.
Estudar, essa talvez seja a ação que mais tenha que ser feita quando o assunto é investimentos. Estudar o funcionamento, os riscos, os custos, os prazos e, principalmente, o seu comportamento antes de tomar qualquer decisão em relação ao seu dinheiro influenciará positivamente sua vida.
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E pra finalizar e inspirá-lo, deixo uma frase que gosto muito: “Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros“. Benjamin Franklin.
E você? Em que fase da sua jornada financeira você está? Espero que esse texto te ajude a enxergar qual é o próximo passo.
Bons investimentos!
Colaboração: Giovanna Castro e Andréa Tavares
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