Multiplicando Sonhos

Evandro Mello é CEO e fundador da Multiplicando Sonhos, associação sem fins lucrativos que tem como missão transformar a vida de jovens de escolas públicas através da educação financeira. Nascido na zona leste de São Paulo, é graduando em administração com ênfase em Comércio Exterior e estuda Psicologia Econômica e Tomada de Decisão.

Escreve aos sábados, a cada 15 dias

Evandro Mello

Educação financeira e sustentabilidade andam de mãos dadas

Tomar boas decisões é o primeiro passo para uma relação saudável com o dinheiro, o planeta e a sociedade

Pesquisar bem sobre uma empresa antes de comprar uma ação dela também é sustentabilidade. Foto: Envato Elements
  • Nos últimos anos, o tema sustentabilidade ganhou visibilidade e muitas pessoas passaram a se preocupar mais com o que descartam
  • Houve também um boom na educação financeira, com muitos canais incentivando pessoas a lidarem de forma consciente com o dinheiro
  • Tudo isso reforçou que a educação financeira e a sustentabilidade estão conectadas; uma ação que parece individual pode impactar o coletivo

Quero começar este artigo com uma pergunta: você reflete sobre os impactos da sua decisão antes de fazer uma compra ou um investimento?

Nos últimos anos, o tema sustentabilidade ganhou visibilidade e muitas pessoas passaram a se preocupar mais com o tipo e a quantidade dos produtos que consomem e descartam.

Ao mesmo tempo, houve um boom na promoção da educação financeira, com muitos canais falando sobre finanças na internet e incentivando pessoas a lidarem de forma mais consciente com o dinheiro.

O “minimalismo” se tornou palavra-chave de influenciadores que vivem com o essencial, focados nas experiências e não nos bens materiais. O “menos” se tornou “mais”.

Tudo isso só reforçou o que sempre digo em sala de aula para os meus alunos: que a educação financeira e a sustentabilidade estão conectadas. Uma ação que à primeira vista parece individual pode impactar o coletivo.

O impacto das decisões

Iniciei este texto com uma pergunta sobre comportamento porque entendo que sustentabilidade e educação financeira estão relacionadas, principalmente, a tomar boas decisões.

Para tomá-las, é preciso se conhecer bem, evitar tomar atitudes por impulso e sempre se questionar mais de uma vez. Você deve garantir que está agindo com a razão e baseado no que realmente acredita, não por influência.

“Tomar uma boa decisão é quando paramos na frente de uma vitrine e nos perguntamos: quero ou preciso? É quando nos perguntamos como pagaremos, se compraríamos mesmo aquele bem ou serviço se fosse em dinheiro vivo, pesquisamos o fornecedor e pensamos no descarte”, diz Paula Sauer, economista, planejadora financeira, professora da ESPM e membro do conselho da Multiplicando Sonhos.

Sustentabilidade não é só sobre consumo, mas também investimento

Outra boa decisão que você pode tomar em relação à sustentabilidade é optar por investir em empresas que se preocupam com o meio ambiente e com a sociedade em que vivemos.

Hoje, muitas companhias têm diretrizes ESG, sigla para ações focadas no meio ambiente, no social e na governança. Já outras têm um histórico não tão legal, de degradação ao meio ambiente e baixa responsabilidade social.

Por isso, pesquisar bem sobre uma empresa antes de comprar uma ação dela também é sustentabilidade. O melhor é investir naquilo que você de fato acredita e não somente no que deve trazer lucro.

Educação e políticas públicas

Além de ser uma decisão consciente de cada um, ter uma visão sustentável sobre o planeta e o dinheiro é uma questão cultural. “Normalmente essa consciência nasce a partir de uma experiência marcante, seja ela com o próprio indivíduo, seja a partir da observação de uma experiência do outro”, diz Sauer.

Nesse sentido, a educação tem um grande poder. Afinal, é na escola que o jovem é treinado para ver as coisas com outros olhos.

Um estudante que tem a oportunidade de aprender a importância de fazer boas escolhas e poupar provavelmente desenvolverá um comportamento mais sustentável para si e para o planeta.

Para Sauer, boas práticas devem ser compartilhadas e estimuladas por meio de políticas públicas, linguagem simples e exemplos visuais. “Adicionar um olhar de sustentabilidade no processo de cidadania financeira pode ser um caminho possível.”

Na Multiplicando Sonhos, a educação financeira tem papel principal, mas a sustentabilidade anda de mãos dadas com ela e está atrelada à estratégia da instituição. Por isso, nos tornamos a mais nova integrante do Pacto Global da ONU no Brasil, iniciativa que engaja os setores privados e públicos em ações alinhadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O Pacto Global é um movimento que tem por objetivo mobilizar empresas interessadas em promover ações e políticas em todo o planeta, visando a criação de um mundo melhor, através da responsabilidade social e da sustentabilidade.

Os ODS foram criados em 2015 e compõem uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030. Eles são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

Dos 17 “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” existentes, a Multiplicando sonhos está alinhada a oito deles.

A partir da nossa missão, atrelados aos nossos projetos, nos dedicamos a contribuir com oito deles em particular:

1- Erradicação da Pobreza
4- Educação de qualidade
5- Igualdade de Gênero
8- Trabalho decente e crescimento econômico
9- Indústria, inovação e infraestrutura
10- Redução das desigualdades
11- Cidades e comunidades sustentáveis
17- Parcerias e meios de implementação

Acredito que a educação financeira nas escolas pode transformar o mundo que vivemos, porque com uma simples decisão consciente em relação ao consumo podemos mudar muitas coisas ao nosso redor e, a partir de nós, começarmos a plantar as sementinhas da sustentabilidade. Não acha?

Seja um multiplicador de sonhos.

* Colaboração: Giovanna Castro e Andréa Tavares