Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

Ações do IRB Brasil RE (IRBR3) são as novas ações da Magazine Luiza (MGLU3)?

Mesmo com o lucro líquido reportado no primeiro trimestre de 2021, os papéis da IRBR3 ainda são vistos com desconfiança

(Foto: Aline Bronzati/Estadão Conteúdo)
  • O desafio do IRB (IRBR3) é entender qual é o nível normalizado de lucro que a companhia gera
  • Existe agora um grande contingente de investidores pessoa física, o que sinaliza uma pulverização maior de holders nas ações, o que conduziria uma maior simetria de informações na precificação

Apesar de muitos investidores estarem se desfazendo das ações do IRB Brasil RE (IRBR3), continuo mantendo minhas aplicações na empresa de resseguros. Apesar de não ter comprado mais ações, permaneço posicionado ante a recuperação e lucro que a companhia tem apresentado. Porém, achar que o IRB (IRBR3) é a nova Magalu (MGLU3), beira a loucura.

No 1º trimestre de 2021, a empresa apresentou um lucro líquido de R$ 50,8 milhões. A companhia voltou a dar lucro após o caos gerado pelo relatório divulgado pela gestora de fundos Squadra Investimentos em fevereiro de 2020. Na carta, foram apresentadas inconsistências sobre o balanço do IRB Brasil RE (IRBR3), a divulgação do documento ocasionou a queda dos papéis da companhia para uma média de R$ 5.

Nessa ocasião, os investidores que perderam dinheiro não foram indenizados, ao contrário do que acontece em países com os Estados Unidos. Mesmo com o registro de lucro, o Mercado ainda não vê com bons olhos a recuperação do IRB Brasil RE (IRBR3).

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Pensando nisso, conversei com Ricardo Schweitzer, analista e especialista em investimentos, sobre o que esperar das ações IRBR3.

O IRB Brasil RE (IRBR3) está entrando nos eixos?

Apesar da limpeza que foi realizada dentro da companhia, a desconfiança quanto ao IRB (IRBR3) persiste no Mercado. Visto que, o acontecido foi traumático. A companhia de grande porte desfrutava de muito prestígio em relação ao público investidor, que por sua vez não volta a ter coragem para olhar os papéis da empresa.

O desafio do IRB (IRBR3) agora é outro. Partindo do pressuposto de que o foi realizada uma limpeza na empresa e que o resultado obtido no primeiro trimestre foi positivo, ainda é preciso entender qual é o nível normalizado de lucro que a companhia gera. Este contabiliza o retorno sobre patrimônio líquido sustentável e qual é o valuation justo ao qual a empresa deve negociar.

Pelo entendimento da gestora Squadra, após ser tirada toda a maquiagem do balanço, a IRB (IRBR3) deveria entregar um nível de retorno sobre o patrimônio líquido compatível a um valuation de preço patrimonial da ordem BMG de 1,2 vezes. Contudo, da última vez foi verificado que o valor estava acima disso, como cita Schweitzer. Assim, caso o diagnóstico da Squadra se concretize, mesmo com o lucro registrado e o fim da tempestade, os papéis da empresa ainda estariam caros. Para a gestora, o valor indicado está numa média de R $4, quando hoje o preço negociado é de R$ 6.

O preço justo deveria estar abaixo de R$ 6?

Pela credibilidade do diagnóstico realizado pela Squadra, tal opinião deve ser levada a sério. Sendo importante ter em vista que muitos investidores institucionais deixaram as ações de lado. Existe agora um grande contingente de investidores pessoa física, muito necessários para esse ecossistema, o que sinaliza uma pulverização maior de holders nas ações, o que conduziria uma maior simetria de informações na precificação. Então, não é surpresa que nos patamares atuais de preço a IRB (IRBR3) permaneça cara.

A Taxa Selic e o mercado segurador

O mercado de seguros é muito beneficiado pela Taxa Selic, já que o dinheiro dos prêmios ficam guardados em investimentos de renda fixa. A expectativa é de que a Taxa Selic continue subindo para controlar a inflação, que segue desenfreada no país. Em outras empresas de seguros, tal como a própria IRB (IRBR3), os resultados devem melhorar com a elevação da taxa de juros, principalmente, pela gestão do capital. Mas, por outro lado, muitas seguradoras encontraram em 2020 um ano favorável, pois em diversas linhas de negócios a sinistralidade caiu.

Por exemplo, no caso do seguro alto, onde devido a Pandemia houve uma redução de mobilidade urbana, o que por sua vez fez com que a sinistralidade dessa modalidade caísse. Assim, de certa forma as seguradoras foram beneficiadas no ano passado, mas em 2021 a lógica é inversa. A tendência é a melhora no resultado na parte de receitas, enquanto acontece uma piora no custo associado ao aumento das taxas de sinistralidade em grande parte dos ramos de seguro.

O IRB (IRBR3) é a nova Magazine Luiza (MGLU3)?

Como destaca Ricardo Schweitzer, mesmo com os registros positivos da companhia, existem negócios com resultados melhores e maior potencial de valorização, e que também são de mais fácil compreensão. Visto que, o ramo de seguros não é trivial, e sim difícil de entender mesmo para os investidores profissionais. Assim como no caso da Oi (OIBR3 e OIBR4), existem investidores com 40% ou 35% do patrimônio investido no IRB (IRBR3), com uma mentalidade de bilhete premiado e que esperam encontrar a “Nova Magalu”.

Leia mais sobre os resultados de IRB e assista ao vídeo exclusivo sobre as ações da IRB (IRBR3) com o analista Ricardo Schweitzer: