Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

Escreve semanalmente às quintas-feiras

Fabrizio Gueratto

Investir em ações da Vale (VALE3) é um bom negócio?

Quem não conhece muito a empresa acredita que ela é uma simples produtora de commodity

(Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • A Vale, além de ser a maior produtora de minério de ferro do mundo, possui também o melhor mineral do planeta
  • Depois de WEG (WEGE3), a Vale está entre as 5 ações que todo investidor deveria observar para sua carteira
  • Hoje, a ação está cotada em R$ 70,00 e em 2021 bateu R$ 115,00

Não é novidade para ninguém que tentar prever o futuro na renda variável é algo praticamente impossível. Entretanto, gosto muito da frase de um grande amigo meu, o Rafael Figueiredo, mais conhecido como Rafi, o CEO da Eleven Financial: “Vale (VALE3), sempre vale”. Para quem não entende muito sobre a empresa, acredita que ela é uma simples produtora de commodity, no caso, minério de ferro, matéria-prima essencial para produzir o aço que está em todas as construções. A princípio, a companhia não tem nenhum diferencial competitivo, certo? Errado.

O minério de ferro da Vale, produzido em Carajás, no Estado do Pará, possui a maior quantidade de pelotas de ferro do mundo. Para entender, busque no Google o que são pelotas de ferro. Na prática, quando se extrai um pedaço de rocha, somente parte deste montante possui ferro. O problema é que, para fazer esta separação, gasta-se energia e poluição. Mas o que isso tem a ver com a Vale?

A Vale, além de ser a maior produtora de minério de ferro do mundo, possui também o melhor mineral do planeta, extraído da mina de Carajás, no Norte do País. Nosso maior comprador, a China, não quer apenas o melhor produto do mercado, mas quer aquele que produz menos poluição. O país tem um problema seríssimo de qualidade do ar e parte relevante desse caos é causado pelas siderúrgicas. Na prática, quanto melhor a qualidade do minério, menos poluição e a Vale é quem detém este produto.

Um outro fator que coloca a empresa como uma das melhores da B3 (B3SA3), se deve ao hedge natural. Em razão dela ser uma grande exportadora, parte da receita é em dólar. Na prática, quando a moeda americana se valorizou sobre o real, as ações da mineradora tendem a subir. Não é uma garantia, claro, pois existem outros fatores, como o preço da commodity. Falando em números, em 2002 a ação da Vale valia R$ 2,00. Hoje, está cotada em R$ 70,00 e em 2021 bateu R$ 115,00. Depois de WEG (WEGE3), eu diria que a Vale está entre as cinco ações que todo investidor deveria observar para sua carteira.

A princípio, parece que investir na Vale não tem risco. Se lembrarmos de Mariana e Brumadinho, veremos que isso não é verdade. Os acidentes, na época, foram ocasionados apenas por ganância. Barragens precárias resultaram em mortes, destruição, indenizações bilionárias e perdas de valor.

Sinceramente, gosto muito de empresas que passaram por grandes crises, por um motivo específico. Após o caos, a empresa obrigatoriamente precisa melhorar sua governança. Basta ver o que aconteceu com a Petrobras (PETR4) após a Operação Lava Jato. É uma outra companhia. Muito mais séria. Com a Vale, aconteceu a mesma coisa.

Relembrando a frase do meu amigo: Vale, sempre vale!