Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

Bancos digitais devem invadir o varejo em 2022. Entenda

Quem investe em ações deste setor precisa estar de olho no que está acontecendo

(Foto:Envato)
  • Entre as empresas com maiores quedas em 2021 na B3 estão as varejistas Magazine Luiza e Via, antiga Via Varejo. E alguns fatores contribuem para isso

Entre as empresas com maiores quedas em 2021 na B3 (B3SA3), estão as varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA 3), antiga Via Varejo (VVAR3). Alguns fatores contribuem para isso.

O aumento da taxa Selic faz com que o dinheiro fique mais caro, principalmente para quem precisa de crédito para comprar. Além disso, a crise econômica provocada pela pandemia também acentuou este cenário e, principalmente, a chegada de concorrentes internacionais, como Shopee e Aliexpress.

Por que as varejistas estão criando bancos digitais?

O maior ativo de uma empresa não é a sua marca ou os produtos e serviços que vendem. O maior ativo são os clientes. No ano passado, Magalu (MGLU3) decidiu acelerar o seu banco digital, o MagaluPay, e a VIA (VIIA3),o Banqi. Mais do que uma nova fonte de receita, a plataforma faz com que exista mais um ponto de contato com o consumidor.

Porém, alguns problemas surgem neste momento. Muitos bancos digitais são contas de pagamentos e isso quer dizer que o Banco Central faz muito menos exigências. Entretanto, autoriza menos produtos financeiros para serem oferecidos. Um outro problema é a questão da burocracia. Muitos varejistas menores querem ter seus bancos digitais, mas esbarram nas questões de tecnologia e órgãos reguladores do sistema financeiro.

Não vou mais investir em ações de bancos

Já falei aqui outras vezes que estou me desfazendo dos investimentos em ações de grandes bancos. Acreditor que eles são grandes transatlânticos, mas que todos os dias recebem furos em seus cascos proporcionados pelo surgimento de novos bancos digitais. O problema é que em 2022 este movimento deve ter uma grande aceleração com a fábrica de bancos digitais do Banco Modal (MODL11).

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No final do ano passado, o Banco Modal comprou a Live On, que consegue colocar no ar um banco digital para qualquer empresa em menos de uma semana, com a marca do cliente.

Por exemplo, uma empresa montadora de veículos, como a Fiat, Volkswagen, GM ou Ford, pode oferecer para seus clientes um app em que o cliente financia seu veículo, faz recarga de celular, finaliza o seguro do seu automóvel e ainda pode realizar investimentos em produtos financeiros.

Uma rede de supermercados como Carrefour (CRFB3), Pão de Açúcar (PCAR3), Grupo BIG ou Grupo Muffato também pode ter seu próprio banco digital. Até mesmo PIX e TED os clientes podem realizar pelo app.

Este dinheiro que migrará para estes novos bancos digitais terá que sair de algum lugar e como sempre a maior parte sairá dos grandes bancos. Fazendo uma analogia simples entre a fábrica de bancos digitais do Modal (MODL11) e os grandes bancos brasileiros, é como um móvel que está com cupim: todos os dias eles comem um pouquinho da madeira e o deixam mais oco. É como um pequeno vazamento em um navio. Talvez não o afunde, mas vai deixando-o cada vez mais lento.

Sorte das varejistas, azar dos grandes bancos

Imagine 50 novos pequenos bancos digitais surgindo em 2022. Somados, além de outros players como Nubank (NuConta), por exemplo, causam um estrago diário cada vez maior. É como uma bola de neve. Sorte das varejistas, azar dos grandes bancos.

Quem investe em ações destes setores precisa estar de olho no que está acontecendo.

Leia mais sobre bancos digitais e assista ao vídeo exclusivo sobre os 5 motivos que me fizeram parar de investir em bancos: