- Os próprios donos de corretoras não indicam deixar suas criptomoedas nas suas empresas
- A ganância de sempre querer multiplicar o capital de forma rápida, muitas vezes, expõe o investidor a riscos desnecessários
- O caso FTX deixa uma importante lição de que não existe dinheiro fácil
Comecei a investir em bitcoin (BTC) em 2019. Já vinha acompanhando as criptomoedas desde 2010, mas sempre tive um pé atrás. Normal. É algo novo na história da humanidade: uma moeda digital totalmente descentralizada, sem nenhum governo emitindo e com altíssima volatilidade.
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Além disso, corretoras não reguladas pelos órgãos governamentais transacionam estes ativos e em muitos lugares, sem nenhuma fiscalização. A falência da FTX, segunda maior corretora de criptomoedas do mundo, ensina muita coisa sobre este mercado e o investidor inteligente vai aprender rápido com tudo isso.
1) Nunca deixe suas criptomoedas nas corretoras
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Parece óbvio isso, mas os próprios donos de corretoras não indicam deixar suas criptomoedas nas suas empresas e isso ocorre por um motivo muito simples: um ataque hacker pode acontecer e a instituição pode ficar insolvente, ou seja, não ter dinheiro para ressarcir os seus clientes.
Em um banco tradicional, um ataque hacker de grande porte é facilmente detectado e este dinheiro precisará ser transferido para outra instituição regulada, o que facilita o bloqueio rapidamente. Isso não ocorre em uma corretora de criptomoedas.
As chaves podem ser facilmente hackeadas e negociadas, por exemplo, no mercado P2P (sigla para o termo em inglês peer to peer), em que a venda da criptomoeda ocorre de uma pessoa física diretamente para outra pessoa física. A recuperação ou bloqueio destes ativos se torna praticamente impossível.
2) Não existe Midas
Na década passada pudemos ver o empresário Eike Batista se tornar o homem mais rico do Brasil, mesmo tendo, à época, mais projetos futuros do que negócios sólidos constituídos. Todos queriam estar perto dele. O dinheiro faz isso desde que o mundo é mundo. Mas de repente, tudo ruiu.
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A história do fundador da FTX, Sam Bankman-Fried não é muito diferente. Do presidente dos Estados Unidos a Gisele Bundchen, todos queriam estar perto do jovem bilionário de 30 anos. Porém, não imaginavam que a FTX quebraria justamente pelo mesmo motivo que levou todas as instituições financeiras pelo mundo ao mesmo destino: a vaidade, de sempre achar que sabe exatamente o que está fazendo e não ouvir ninguém, e a ganância, de sempre querer multiplicar o capital de forma rápida, muitas vezes se expondo a riscos desnecessários.
Foi por isso, por exemplo, que o Lehman Brothers quebrou na crise de 2008. Não foi a crise que quebrou, foi a ganância e a soberba de quem estava à frente do banco.
3) Não existe almoço grátis
Embora não tenha qualquer relação com a segurança do bitcoin, por exemplo, o caso FTX deixa uma importante lição de que não existe dinheiro fácil. Todos sabemos que é quase impossível hackear a blockchain (sistema de registro das operações) do bitcoin. Entretanto, este é somente um entre diversos riscos a que todas as criptomoedas estão sujeitas.
Eu invisto em criptomoedas e sei que é o ativo mais arriscado do planeta. Mais até do que investir em startup. Por isso, se você investe mais de 5% do seu patrimônio, cuidado. Muito cuidado. Se olhe no espelho e levante tudo que pode dar errado. Se você demorar para ter esta resposta, talvez você esteja com viés de confirmação, ou seja, está negligenciando os riscos porque quer que tudo aconteça conforme a sua vontade. Ganhar dinheiro não é para amadores, acredite.
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Agora, tirando os ensinamentos da FTX, acredito que a tecnologia das criptomoedas e da blockchain são irreversíveis. Vieram para ficar. Não sei apontar quais criptomoedas irão sobreviver no longo prazo, provavelmente muito poucas. Mas a tecnologia vai permanecer.
Descubra aqui se o bitcoin pode continuar caindo após FTX declarar falência.