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Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

Escreve semanalmente às quintas-feiras

Fabrizio Gueratto

OPINIÃO: A Enel só serve para atender no deserto do Saara

Empresa entrega serviço pior - como no apagão em São Paulo - e tem aumentado sucessivas vezes as tarifas, gerando reclamações dos consumidores

OPINIÃO: A Enel só serve para atender no deserto do Saara
A Eletropaulo foi fundada em 1981, e até 2018 era esse o nome que aparecia nas contas de luz. Depois, chegou a Enel. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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  • Recente apagão em São Paulo expôs as falhas dos serviços prestados pela Enel
  • A empresa coleciona problemas em outros estados e até fora do Brasil, de acordo com dados recentes
  • Por isso, não hesito em afirmar que a Enel parece mais adequada para operar no deserto do Saara, onde a queda de árvores não é um problema que possa ser atribuído à falta de ação

O apagão que atingiu São Paulo no último fim de semana foi mais um lembrete da deterioração dos serviços de energia prestados pela Enel. Desde que assumiu o controle da antiga Eletropaulo em 2018, a empresa tem feito promessas de melhoria e aumentado sucessivas vezes as tarifas e, mesmo assim, continuamos recebendo um serviço cada vez pior e que já resultou em mais de R$ 1,65 bilhão em prejuízos para o varejo.

Não podemos esquecer dos impactos diretos do apagão na vida das pessoas, que perderam as compras do mês armazenadas na geladeira ou tiveram eletrodomésticos danificados. Eu mesmo já fiquei sem energia e enfrentei diversos prejuízos devido aos apagões constantes. É importante destacar que todo esse custo acaba sendo repassado ao consumidor final, que já enfrenta preços mais altos nos alimentos e nas despesas diárias, agravados pela inflação.

A Enel teve uma das mais desastrosas atuações já vistas, conseguindo ter um tempo pior de restabelecimento de energia, demorando muito mais que a Flórida durante a passagem do furacão Milton nos EUA. E, pasmem, tudo isso que vem acontecendo é fora da temporada de chuvas, que tradicionalmente eleva tanto o número de emergências e o tempo de resposta. Detalhe, São Paulo tem previsão de mais ventos e chuvas neste final de semana e a situação ocorrida no temporal da semana passada não está ainda normalizada.

Além de SP, a Enel coleciona problemas em outros estados e até fora do Brasil. Entre diversos dados que saíram recentemente, os números são alarmantes. No sistema da prefeitura de São Paulo, em parceria com a Enel, há 240 mil pedidos de poda de árvores em contato com a fiação elétrica, mas apenas 1.730 podas foram realizadas — um triste 0,7% do total. Esse desempenho é ainda pior do que o registrado em 2023. Por isso, não hesito em afirmar que a Enel parece mais adequada para operar no deserto do Saara, onde a queda de árvores não é um problema que possa ser atribuído à falta de ação.

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Esses dados reforçam que estamos pagando mais por serviços cada vez piores, e o recente apagão só expôs a falta de fiscalização e que os investimentos prometidos que nunca se concretizaram.

Dito isso, o governo deve pressionar a empresa para que cumpra os compromissos estabelecidos e realize os investimentos e contratações prometidos em seu plano de contingência. No mês passado, a Enel anunciou que destinaria R$ 20 bilhões à rede elétrica e contrataria 5 mil novos funcionários. É muito importante para a imagem do nosso país que essas promessas sejam cumpridas. Se não, as pessoas vão achar que o Brasil é uma bagunça, como se tudo pudesse ser feito sem responsabilidade. Precisamos mesmo garantir um serviço que atenda às necessidades da população.