- A Sinqia está em ampla ascensão com a popularização da digitalização das instituições financeiras
- Confira a entrevista com Bernardo Gomes, CEO da empresa, para saber os próximos passos
Com capital aberto desde 2013, a Sinqia (SQIA3) é uma das empresas de tecnologia mais antigas listadas na B3 (B3SA3). Focada em soluções modernas direcionadas ao mercado financeiro, a empresa está em ampla ascensão com a popularização da digitalização das instituições financeiras.
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Presente na elaboração do software utilizado em soluções dos maiores bancos brasileiros, a Sinqia adotou uma estratégia de crescimento inorgânico, que consiste na fusão e aquisição de companhias do setor. O método funcionou, e hoje, a empresa se apresenta como uma das grandes apostas da B3.
Para melhor compreendermos os próximos passos, conversei com o CEO da Sinqia, Bernardo Gomes. Confira:
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O que faz a Sinqia (SQIA3)?
A Sinqia desenvolve e comercializa software para o mercado financeiro. Provavelmente, hoje o usuário do mercado financeiro tem sua conta-corrente, seu investimento e, eventualmente, uma operação de crédito. A gente faz o software que controla a conta-corrente, a operação de crédito ou a operação de investimentos do cliente. Então, a gente faz o software que o banco usa para controlar o seu relacionamento e a operação que o cliente tem com ele. Então, se um usuário vai hoje em um banco, e lá ele tem seu dinheiro depositado na conta-corrente, faz um crédito para comprar um carro, ou investe em um fundo de investimento, provavelmente esse banco está usando um software da Sinqia. As instituições financeiras pagam um aluguel mensal para poder usar o nosso software para controlar essas operações que ele faz com seus clientes.
Temos quase 500 clientes entre as instituições financeiras, entre eles, todos os 10 maiores bancos do país. Então, provavelmente o usuário usa um software feito por nós. Ele entenderá que está usando um serviço do banco, só que o banco, por sua vez, usa o nosso software para prover esse serviço.
A Sinqia adquiriu o Itaú Soluções Previdenciárias em janeiro de 2021. Como o mercado previdenciário afeta a empresa?
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A gente está presente no mercado de previdência já há algum tempo. Acredito que desde 2013 temos softwares que controlam a parte de investimentos das entidades de previdência. Então, cuidamos do local onde a entidade de previdência aloca seus recursos para fazer os investimentos, para então, dar retorno aos seus participantes. Em 2016 a gente fez a primeira aquisição de uma empresa que, além de controlar os investimentos das entidades de previdência, também controlava toda a parte dos participantes. Ou seja, como é que são feitos os planos, quanto é recolhido deles, como são pagos os benefícios.
Mais recentemente, em 2018, a gente comprou três empresas desse segmento. Já neste ano, adquirimos a Itaú Soluções Previdenciárias. A gente acredita muito no mercado de previdência, que é um nicho em franca expansão. Ainda tem poucos brasileiros preocupados com a previdência privada. Isso é um cenário que deve se modificar nos próximos anos com a aceleração da utilização dos planos de previdência privada. Desse modo, a gente está preparado para atender essa nova demanda com soluções que atendem tanto a parte do controle dos investimentos das entidades de previdência, quanto o controle dos participantes desses planos.
As entidades de previdência lançaram os planos instituídos, em que você pode participar de um plano de previdência fechada desde que você seja parente de uma pessoa que tenha um plano também fechado. Só essa iniciativa prevê que em dois, ou três anos, devemos duplicar o número de participantes dos planos de previdência. Desse modo, vemos este mercado como promissor. Eu acredito que nos próximos cinco ou dez anos, este mercado pode se multiplicar de três a cinco vezes, dada a importância que a previdência privada passa a ter na vida de todos os brasileiros.
Ainda temos uma parcela muito pequena da população que utiliza planos de previdência privada. O que estamos vendo no mercado financeiro é que a popularização de todos os produtos e serviços, incluindo as próprias iniciativas que o Banco Central tem feito para popularizar o mercado financeiro, também vai acontecer no mercado de previdência. É um mercado que se popularizará muito. A parcela da população que se preocupa com isso e busca soluções de previdência privada aumentará consideravelmente. Por consequência, teremos mais instituições financeiras preocupadas em oferecer esse serviço, o que fomentará o aluguel dos nossos softwares.
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A Sinqia passou por dificuldades com o novo coronavírus (covid-19). Você acredita que o pior período já passou ou ainda é possível esperar novos episódios de queda?
É interessante, nesse momento específico, acredito que precisamos separar um pouquinho a empresa das ações. Acredito que houve um primeiro momento da crise em que todos queriam saber o que iria acontecer, e se isso duraria uma semana, um mês, ou um ano, portanto houve momento de certa incerteza, mas que durou muito pouco. Depois, percebemos que os nossos clientes tiveram uma alteração muito pequena em termos de operação. Pelo contrário, eles começaram a demandar mais do que demandavam antes, porque a tal transformação digital que sempre ouvimos falar sobre, teve que se acelerar. Naquele momento, a transformação digital não era mais uma questão de marketing, mas de sobrevivência. As empresas precisavam acelerar esse processo de transformação através dos serviços e softwares que elas oferecem. Portanto, a pandemia aumentou a demanda pelos novos serviços. Então, se você olhar os resultados da empresa, eles vieram melhorando ao longo dos trimestres.
Em termos de EBTIDA houve um problema em relação aos investidores. Todos ficaram muito receosos e não entenderam de forma tão rápida que aqueles mercados eram mais resilientes. E isso acabou afetando um pouco o preço das ações. Por conta dessa incerteza que o investidor final tinha quanto à liquidez que ele procurava obter naquele momento. Então, acho que a gente tem que fazer essa separação. Acredito que a empresa vive um momento muito bom, com recordes de trimestre a trimestre, mas os investidores ainda têm um certo receio e talvez ainda não tenham compreendido a resiliência e a importância que o nosso negócio tem. Até mesmo nessa situação que a gente vive hoje, estão perdendo uma boa oportunidade.
Você acredita que os investidores estão perdendo uma boa oportunidade de investir nas ações SQIA3?
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Eu acho que estão perdendo uma boa oportunidade. Imagina, a gente vende software de missão crítica, então sem o nosso software a instituição financeira não consegue operar. O modelo de venda funciona da seguinte forma: uma vez que eu vendi, a instituição passa a pagar uma receita mensal praticamente durante a vida toda para poder usar aquele software. Fazer a substituição de um software que está dentro de uma situação financeira é como fazer um transplante de coração em um atleta. Desse modo, quando o software da instituição financeira está funcionando e trazendo clientes, ele está desempenhando sua função.
Para implantar um novo software de gestão financeira e interligar com todos os outros sistemas que existem lá dentro é um processo difícil, o que complica a troca. Até por isso a nossa estratégia é muito baseada em aquisições. Uma vez que eu faço uma aquisição, eu evito que o cliente faça a troca. Eu faço com que ele passe a ter a Sinqia como a fornecedora, que depois vai evoluir o software que ele já possui em seu sistema.
Então, eu diria que temos uma carteira de clientes fantástica, um setor que alia a tecnologia ao mercado financeiro, que são duas áreas que estão em ebulição e possuem alto potencial de crescimento. A gente já é a maior empresa de software para o mercado financeiro, e temos somente 5% de market share. Desse modo, as oportunidades para que a gente dobre, triplique, ou quadruplique a companhia são muito maiores do que uma companhia que já fatura seu R$ 1 ou R$ 2 bilhões.
Leia mais sobre a aquisição do Itaú Soluções Previdenciárias pela Sinqia.
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Assista ao vídeo exclusivo com o CEO da Sinqia (SQIA3):