Cofundador e CEO da StartSe, escola de negócios da Nova Economia. É um dos profissionais mais bem conectados do ecossistema brasileiro de startups. Em sua trajetória, já conquistou alguns prêmios, entre eles LinkedIn Top Voices e LinkedIn Top Startups, em 2019; Empresa Mais Inovadora do Brasil na área de educação, em 2018; e Medalha JK de Empresa Empreendedora do Ano, em 2017. É autor do Best-Seller “Organizações Infinitas”.

Escreve mensalmente, às quintas-feiras

Junior Borneli

“Dar lucro” está voltando à moda?

Na última década, as empresas mais quentes do mercado eram aquelas que cresciam demais, mas nunca lucravam

Empresas alcançaram os melhores lucros líquidos da história. Foto: Pixabay
  • No mundo dos investidores de risco, é bom ter empresas que crescem muito
  • Mas quando uma empresa faz IPO, ela muda de fase no joguinho. E aí o mercado olha não apenas sua capacidade de crescer, mas também sua "auto-sustentabilidade"

Na última década, vimos um fenômeno acontecer: o desprezo pelo lucro. As empresas mais quentes do mercado eram aquelas que cresciam demais, mas nunca lucravam.

Foi uma enxurrada de negócios que alcançaram valuations inimagináveis, mas com prejuízos igualmente impressionantes. O dinheiro do investidor foi a gasolina no tanque dessas empresas.

Agora, há sinais de que o vento virou. Os portais estão abarrotados de notícias dizendo que acabou a festa do dinheiro fácil dos VCs.

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Aqui no Brasil, unicórnios que captaram muito dinheiro nos últimos anos deram início a uma onda de demissões. Nas últimas semanas, mais de 5 mil vagas foram cortadas em meia dúzia de empresas.

Será que “dar lucro” está voltando à moda?

No mundo dos investidores de risco, é bom ter empresas que crescem muito. O valuation sobe, o valor aportado se multiplica e tudo fica bem. Mas quando uma empresa faz IPO, ela muda de fase no joguinho. E aí o mercado olha não apenas sua capacidade de crescer, mas também sua “auto-sustentabilidade”.

Sinais da mudança

Uma grande transformação não acontece da noite para o dia. Os sinais, pequenos e às vezes imperceptíveis, aparecem por todos os lados. Basta interpretá-los e juntar os pontos. Veja o exemplo da Netflix. É simples, mas didático:

1. Os concorrentes crescem mais rápido que ela há algum tempo. Antes, ela navegava num oceano azul, que foi ficando vermelho rapidamente

2. O relatório trimestral da empresa reportou a primeira queda no número de usuários. Foram perdidos 200 mil assinantes no período, o que proporcionalmente não é muito significativo

3. O mesmo documento traz a informação de que, no semestre seguinte, a expectativa é da perda de 2,5 milhões de assinantes, 12x mais do no período anterior

4. A gestora Pershing Square, grande acionista do Netflix, decide realizar um prejuízo de US$ 400 milhões e sair do negócio “na baixa”. Sinal de que ela enxerga uma perda muito maior logo ali

5. A Netflix está aumentando preço do serviço e estuda inserir publicidade no conteúdo. Sinal vermelho para os assinantes, que costumam pagar para NÃO ver propaganda

6. O YouTube e o Spotify, por exemplo, são gratuitos. Você paga para não ver propagandas. Como a Netflix fará o caminho inverso? Você pagaria o dobro do que paga hoje, pra não ver um anúncio?

Parece óbvio que uma grande mudança vai acontecer neste segmento, não? Se vai de fato, o futuro dirá. Mas não espere sentado para ver o que acontece.