Descomplicando os investimentos

Luis Cláudio é Diretor Geral da Ágora Investimentos. Pós-graduado em mercado de capitais, ele soma mais de 35 anos de experiência no mercado financeiro. O seu objetivo é ajudar as pessoas que querem investir para concretizarem seus objetivos financeiros por meio da educação, análise e acesso à produtos de maneira acessível e descomplicada.

Escreve na primeira quarta-feira de todo mês.

Luis Cláudio Freitas

Como avaliar o risco ao investir na renda fixa?

Entenda como avaliar o risco de calote de títulos antes de escolher onde colocar o seu dinheiro

Conferir o rating de um título de renda fixa é uma boa estratégia para saber seu nível de confiança. Foto: Envato Elements
  • O rating de títulos de renda fixa é uma avaliação da qualidade de crédito de um emissor de títulos
  • Agências de rating fazem avaliações com base na análise de uma série de fatores, incluindo a capacidade do emissor de pagar suas dívidas, o histórico de pagamentos e a conjuntura econômica da empresa
  • As avaliações de rating são geralmente apresentadas em uma escala alfanumérica, que varia de AAA, a melhor avaliação, até D, a pior

Os últimos meses têm se mostrado bastante desafiadores para o ambiente de investimentos. Incertezas acerca do cenário local e internacional, como baixo crescimento, inflação pressionada e a própria situação da bolsa brasileira corroboram com a busca de investidores pessoas físicas por ativos mais conservadores, em especial na renda fixa, atraídos pela alta taxa de juros que eles pagam.

Ainda que a renda fixa seja extremamente diversificada em relação a emissores, indexadores, prazos e até benefícios fiscais, a escolha de um título vai além de buscar uma opção com “a melhor taxa dentro do prazo requerido”. É necessário também conhecer o “risco” vinculado a cada emissor, uma vez que por definição, a renda fixa consiste em títulos de dívida emitidos por uma instituição e que, por meio deles, capta recursos para investir em sua operação.

Na prática, o investidor “empresta” dinheiro para uma empresa (ou governo) mediante um acordo que envolve a rentabilidade – a taxa de remuneração do título – e o prazo – data de vencimento do título.

Qual o risco desse “empréstimo”? O risco de calote, ou seja, de o investidor não receber o valor investido decorrido o prazo de investimento. Por isso, em muitas casas de investimento, ao acessar a grade de renda fixa, o investidor se deparará com as informações do título, como emissor, indexador, taxa, prazo e o que pode indicar qual o nível de risco percebido para o título, o chamado rating.

Hoje falaremos da classificação de risco dos emissores e do seu impacto na remuneração do título ou, ainda, em seu portfólio.

O rating de títulos de renda fixa é uma avaliação da qualidade de crédito de um emissor de títulos. As agências de classificação de crédito, como Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s, atribuem essas avaliações com base na análise de uma série de fatores, incluindo a capacidade do emissor de pagar suas dívidas, o histórico de pagamentos e a situação econômica e política do país em que o emissor está sediado.

As avaliações de rating são geralmente apresentadas em uma escala alfanumérica, que varia de AAA, que representa a melhor qualidade de crédito, até D, que representa a pior qualidade de crédito. Além disso, as agências podem adicionar um sinal de mais (+) ou menos (-) para indicar as diferenças dentro de cada classificação.

As classificações mais comuns para títulos de renda fixa são:

AAA: representa a mais alta qualidade de crédito, indicando que o emissor tem uma probabilidade muito baixa de não cumprir suas obrigações de pagamento;
AA: representa uma qualidade de crédito muito alta, mas um pouco menor do que a classificação AAA;
A: representa uma qualidade de crédito alta, mas com um pouco mais de risco do que as classificações anteriores;
BBB: representa uma qualidade de crédito boa, mas com riscos e incertezas maiores do que as classificações acima;
BB: representa uma qualidade de crédito razoável, mas com riscos mais elevados do que as classificações anteriores;
B: representa uma qualidade de crédito abaixo da média, indicando que o emissor tem um risco significativo de não cumprir suas obrigações de pagamento;
C: representa uma qualidade de crédito muito baixa, indicando que o emissor tem um alto risco de não cumprir suas obrigações de pagamento;
D: representa a pior qualidade de crédito, indicando que o emissor já deixou de cumprir suas obrigações de pagamento.

Essas classificações são importantes para os investidores em títulos de renda fixa, pois fornecem uma indicação da probabilidade de o emissor pagar juros e principal na data de vencimento.

Quanto maior o rating do título, menor o risco de crédito e, geralmente, menores taxas de rentabilidade. Porém, títulos com ratings mais baixos têm um risco de crédito mais elevado e geralmente oferecem taxas mais altas como compensação.

Dessa forma, conhecer o risco do emissor por meio da análise de uma empresa especializada se torna fundamental e deve fazer parte da análise para a tomada de decisão sobre qual título investir.

Para finalizar, é importante reforçar que alguns títulos contam com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e, nesse caso, existe a referência nos dados da emissão, o que confere uma segurança adicional ao investidor.

Lembrando que vale sempre a máxima quanto maior o risco, maior o retorno, porém, será que compensa? Cabe estudar seu apetite a risco quando for investir, sempre respeitando seu perfil e objetivos.

Espero que essa pílula de conhecimento possa te auxiliar na decisão na hora de investir em renda fixa, aproveitando o cenário atual com ótimas oportunidades no mercado.

Um abraço e até a próxima.