Descomplicando os investimentos

Luis Cláudio é Diretor Geral da Ágora Investimentos. Pós-graduado em mercado de capitais, ele soma mais de 35 anos de experiência no mercado financeiro. O seu objetivo é ajudar as pessoas que querem investir para concretizarem seus objetivos financeiros por meio da educação, análise e acesso à produtos de maneira acessível e descomplicada.

Escreve na primeira quarta-feira de todo mês.

Luis Cláudio Freitas

Está na hora de entrar na renda variável?

A resposta para essa pergunta se resume em 3 pilares: objetivo, capacidade e conhecimento

Fonte: Shutterstock
  • Na maioria das vezes quando pensamos em bolsa de valores, definir uma estratégia de longo prazo torna a tarefa mais simples
  • Quando falamos em renda variável é impossível fugir do fator volatilidade, comum nesse mercado
  • A estratégia mais comum usada para investimentos de longo prazo é o Buy and Hold

A pergunta que sempre nos vem à cabeça na hora de investir nosso precioso dinheiro, mais precisamente em renda variável, é: será que está na hora de comprar ações? Embora pareça simples, a resposta para essa pergunta se resume em 3 pilares que precisam estar bem definidos na hora de investir: objetivo, capacidade e conhecimento.

Não se preocupe, pois você vai conhecer em detalhes cada um deles. Mas, antes, e sendo mais pragmático, definir se é a hora de entrar no mercado de renda variável caberá muito mais ao investidor do que ao mercado, de maneira geral.

Isso porque cada indivíduo precisa ter em mente seu atual momento e necessidades para avaliar por quanto tempo os recursos poderiam ficar investidos, ciente de que sempre existirão os “altos e baixos”. Caso tenha em mente investir a longo prazo, sempre é o momento de investir em ações, porém, com critério e disciplina. Vamos para a parte prática.

Qual é o seu objetivo?

Esse é o principal pilar que você precisa ter em mente antes de realizar seus investimentos em ações. Afinal, é através dele que você define o tempo que o seu dinheiro ficará investido.

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Quando pensamos em bolsa de valores, definir uma estratégia de longo prazo torna a tarefa mais simples. Você precisa ter em mente que empresas boas e saudáveis tendem a entregar resultados positivos ao longo do tempo – e esses resultados refletirão nos seus investimentos, trazendo valorização para a empresa e consequentemente para seu patrimônio também.

Quando falamos em renda variável é impossível fugir do fator volatilidade, já que, em curtos períodos de tempo, uma variação de 5% de alta ou de queda para aquele investidor que está no jogo visando o longo prazo, não faz diferença. O cenário é diferente do investidor que pensa no curto prazo, pois uma oscilação nessa magnitude pode fazê-lo mudar de estratégia, desistindo muitas vezes de boas empresas devido a uma forte oscilação pontual, que, sejamos honestos, vai acontecer. Essa é a dinâmica do mercado.

A estratégia mais comum usada para investimentos de longo prazo é o Buy and Hold, que trazendo para o português, você compra e segura uma ação, buscando no longo prazo uma valorização deste ativo.

Qual é a sua capacidade financeira?

Em outras palavras, quanto da sua renda mensal você conseguiria destinar ao seu portfólio de investimentos? Neste sentido, é importante manter a disciplina nos aportes mensais, de maneira que você seja capaz, ao longo do tempo, de balancear a sua carteira de acordo com o seu perfil.

E claro, ciente o investimento em ações é considerado um investimento mais arrojado, é importante ter em mente que as oscilações ocorrerão sempre, e em alguns casos, podem comprometer essa parcela da sua carteira.

Você já deve ter ouvido falar na expressão: “Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”. Essa frase encaixa muito bem no momento de definir quais ações comprar e o percentual que você irá investir nesse mercado. Ao entrar no jogo a diversificação, que sem dúvida nenhuma é a melhor estratégia de investimento, você evita de concentrar riscos em uma determinada empresa ou setor.

A diversificação não se resume apenas em escolher diversas empresas e realizar suas compras sem nenhum critério, mas sim escolher ativos que se movimentem e se correlacionam de forma diferente dadas as circunstancias de mercado. Em outras palavras, a ideia da diversificação é que empresas que você comprou e que tiveram rentabilidade positiva consigam neutralizar as perdas vindas das empresas que você comprou e que não tiveram o retorno esperado.

Reparou o efeito positivo que a diversificação traz para seus investimentos? Neste exemplo acima cito apenas a diversificação especificamente na parcela de renda variável de sua carteira. Idealmente, a diversificação deve permear as diferentes classes de ativos, sempre respeitando seu perfil de investidor.

Ainda que contemos com projeções e estudos para direcionar a nossa tomada de decisão para os investimentos, a volatilidade é um fator presente no mercado financeiro, e isso é um fato. Fatores macroeconômicos e políticos influenciam o mercado e os investidores, e a ferramenta que temos à disposição para minimizar os riscos de nosso portfólio é a diversificação, pois vai proteger sua carteira em momentos de incerteza e surfar a onda quando o mar do mercado estiver propício.

A tabela abaixo ilustra um ranking de performance dos principais índices de mercado. As primeiras colunas, indicadas pelos anos de 2016 até 2020, representam a evolução percentual de cada um dos índices no acumulado entre janeiro e dezembro do respectivo ano. Já em 2021, a evolução refere-se ao acumulado do ano, até o mês de outubro. Veja a seguir:

O ranking  dos índices de mercado ao longo dos anos

  • Em ordem do mais ao menos rentável
2016 2017 2018 2019 2020 2021
IBOV: 38,9% IBOV: 26,8% DÓLAR 17,1% IBOV: 31,5% DÓLAR: 28,7% SP500: 14,6%
IMA-B: 24,8% SP500: 19,4% IBOV: 15% SP500:28,8% SP500: 16,2% DÓLAR: 6,6%
IRFM: 23,3% IRFM: 15,2% IMA-B: 13% IMA-B: 22,9% IRFM:6,6% IPCA: 6,4%
DI: 14% IMA-B: 12,7% IRFM: 10,7% IRFM: 12,0% IMA-B: 6,4% DI: 2,5%
SP500: 9,5% DI:9,9% DI: 6,4% DI: 5,9% IPCA: 4,1% IMA-B: -2,3%
IPCA: 6,2% IPCA: 2,9% IPCA: 3,7% IPCA: 4,3% IBOV: 2,9% IRFM: -2,9%
DÓLAR: -17,5% DÓLAR: 1,5% SP500: -6,4% DÓLAR: 4% DI: 2,7% IBOV: -6,7%

*Dados até 1º de outubro de 2021

E o pilar do conhecimento?

É agora que literalmente colocamos a mão na massa. Para cada ticker que aparece na tela do seu Home Broker, há uma empresa por trás, com seus custos e suas receitas, obrigações e deveres, em um mercado específico e outros fatores que podem impactar sua performance. Dessa forma, é importante que você saiba quais ferramentas estão à sua disposição e que poderão lhe auxiliar na tomada de decisão.

Atualmente há abundância de conteúdo e também de formatos. São relatórios escritos, podcasts, vídeos, lives e notícias com apenas alguns cliques de distância, além da tradicional figura do assessor de investimentos, que sempre poderá auxiliar o investidor em meio a um mar de informações. Diante de tantas alternativas, pode ser difícil escolher, mas a sugestão que funciona para mim, e gostaria de compartilhar contigo é: busque por fontes confiáveis.

Existem muitas falsas promessas de sucesso ou de enriquecimento em curto espaço de tempo. As redes sociais estão inundadas de “profissionais” prometendo mundos e fundos, mas também existem pessoas e empresas sérias, que jogam limpo e são transparentes.

É importante “arriscar” sim, mas com os pés no chão. Quando se trata de uma empresa séria, há governança, metodologia e respeito ao investidor. O mesmo se aplica aos veículos de comunicação. Aqui no E-Investidor você conta com informação isenta e de qualidade, e sempre fornecendo diferentes pontos de vista através dos colegas do mercado que contribuem com conteúdos e entrevistas.

“Luis, na prática, por onde começar a investir em ações?”

Hora de partir para a execução do seu plano! Você tem alguns caminhos a seguir para iniciar seu investimento em renda variável:

  • Comprar ações individualmente – você tem a possibilidade de comprar ações diretamente pelo home broker ou pelo aplicativo de sua corretora. Existem alternativas com preços bastante acessíveis, a partir de R$ 1. Importante é conhecer a empresa e buscar informações sobre o meio em que ela está inserida e sua situação financeira. Para isso, as corretoras podem auxiliar com guias e conteúdos sobre essas ações.
  • Carteiras recomendadas de ações – normalmente, as corretoras e casas de análise divulgam suas carteiras recomendadas de ações com base nas perspectivas para as empresas, mercados em que atuam e cenário econômico. As carteiras são compostas por uma determinada quantidade de papéis (algumas com cinco, outras com dez, a depender da casa) e trazem a visão dos analistas do porquê daquela seleção de ações. Essas carteiras são atualizadas periodicamente, com todo embasamento para cada alteração.
  • Fundos de Investimento em Ações – Existem diversas alternativas de fundos de investimento em ações, cada qual com um perfil, seja um fundo que investe em empresas em determinado setor, local ou internacionalmente, ou ainda fundos que buscam superar determinado índice de referência, como por exemplo o Ibovespa. Dentro do universo de fundos, você também encontra alternativas a partir de R$1, quebrando o paradigma de que para investir em ações, é necessário um alto montante.

Atualmente, há mais de 3,2 milhões de pessoas físicas cadastradas na B3, buscando investimento em diversas alternativas na renda variável, sejam por meio de ações, fundos imobiliários, fundos de índices (ETFs) ou ainda os BDRs, recibos de ações de empresas estrangeiras que são negociadas no Brasil. Dessa forma, há um mundo de oportunidades para você conhecer e considerar no seu planejamento financeiro. Como última recomendação, considere sempre o seu perfil de risco e se atente ao percentual de exposição indicada para a parcela de renda variável!