Nos últimos anos, a China vem implementando medidas significativas para reduzir sua dependência do dólar americano (USD) em suas transações internacionais, um processo conhecido como “desdolarização”.
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Desde 2010, a participação do renminbi (RMB) nas liquidações transfronteiriças chinesas cresceu consideravelmente. Em março de 2023, o RMB superou o USD como a moeda mais utilizada pela China em transações internacionais, alcançando 52,9% em março de 2024.
Este movimento de desdolarização é impulsionado por diversos fatores. A China busca maior independência econômica e quer reduzir sua exposição às sanções financeiras dos EUA. A crescente assertividade da China no cenário global e seu papel proeminente no comércio internacional também têm motivado essa mudança.
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Além disso, o uso crescente do RMB em acordos bilaterais e em instituições financeiras internacionais reflete a estratégia chinesa de promover sua moeda como uma alternativa ao dólar.
Entretanto, uma desdolarização completa é improvável no curto prazo. Os rígidos controles de capital da China e a incerteza sobre seu crescimento econômico representam obstáculos significativos. A economia do país asiático ainda enfrenta desafios estruturais, como altos níveis de endividamento e a necessidade de reequilibrar seu modelo de crescimento.
Além disso, o dólar mantém sua posição dominante nas reservas cambiais globais e nas transações comerciais devido à sua estabilidade e aceitação universal.
Ademais, o sistema financeiro global está profundamente entrelaçado com o dólar americano, tornando a transição para outra moeda um processo complexo e gradual. A confiança no dólar é sustentada pela força econômica dos Estados Unidos, bem como pela liquidez e profundidade dos mercados financeiros americanos.
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Portanto, enquanto a China continua a promover o uso do RMB e a diminuir sua dependência do dólar, a transição será gradual e repleta de desafios.
A evolução da economia chinesa, juntamente com mudanças nas políticas globais e nas relações geopolíticas, continuará a influenciar essa dinâmica, moldando o futuro do comércio internacional e das finanças globais. A desdolarização, embora um objetivo estratégico de longo prazo para a China, deve ser vista como um processo contínuo e gradual, com impactos significativos para a economia global.