Marco Saravalle é analista CNPI-P e sócio-fundador da BM&C e da MSX Invest. Foi estrategista de Investimentos do Banco Safra, estrategista de Investimentos da XP Investimentos, analista e co-gestor de fundos de investimentos na Fator Administração de Recursos e GrandPrix e analista de ações na Coinvalores e Socopa. Formado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, Pós-graduado em Mercado de Capitais pela USP e Mestrando em Economia e Finanças pela FGV/EESP. Iniciou sua carreira no programa de Trainee do Citibank. Atualmente é Diretor Administrativo/Financeiro da Apimec Nacional, membro do comitê de
educação da CVM e presidente do Conselho da ONG de educação financeira,
Multiplicando Sonhos.

Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras

Marco Saravalle

Chegou a vez do “pãozinho” ficar mais caro?

Os economistas apontam que podemos estar vivenciando uma “estagflação” no país. Entenda

Ucrânia é a maior exportadora de trigo do mundo - Foto: Envato Elements
  • Ir ao supermercado em um dia e no seguinte ver os preços totalmente distorcidos fazia parte do dia a dia do povo brasileiro.
  • Depois das altas dos combustíveis, com a gasolina chegando a ultrapassar o patamar de R$ 10,00 em alguns estados brasileiros, agora é a vez do trigo se encarecer.
  • O Banco Central já aumentou novamente a taxa básica de juros (Selic) para 11,75% a.a.

Não estamos em 1980, mas a escalada da inflação já é uma realidade para o bolso dos brasileiros. Em aproximadamente 2 anos, vivenciamos uma pandemia e uma guerra – quem diria que os milênios viriam esses acontecimentos?

O que era para ser um ano de neutralidade, com o avanço da vacinação e o retorno do crescimento econômico, se tornou mais um pesadelo para o investidor do Brasil.

A palavra “inflação” não é desconhecida por nós brasileiros, afinal, todo mundo tem uma pessoa na família que conta como foram os tenebrosos períodos da hiperinflação nos anos 80’ e começo dos anos 90’. Ir ao supermercado em um dia e no seguinte ver os preços totalmente distorcidos fazia parte do dia a dia do povo brasileiro.

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A dupla dinâmica, Itamar Franco, ex-presidente do Brasil, e Fernando Henrique Cardoso, seu Ministro da Fazenda no período de seu mandato, implantaram o plano real com o principal objetivo de controlar a temida alta exorbitante dos preços. Pode-se dizer que o objetivo foi alcançado.

Entretanto, com a pandemia do novo coronavírus e os conflitos geopolíticos que tem acontecido nas últimas semanas entre Rússia e Ucrânia, os preços dos bens e serviços têm sido impactados. No ano de 2021, a inflação acumulada encerrou o ano com 10,06% – de volta aos dois dígitos.

Agora, os economistas apontam que podemos estar vivenciando uma “estagflação”, mas, o que essa palavra quer dizer? Significa, de grosso modo, que estamos tendo inflação e baixo crescimento econômico. Trata-se de um fenômeno que afeta o desenvolvimento econômico de um país, já que incorre sobre alta nos preços, aumento do desemprego e estagnação no produto do país (PIB). Cadê o trade-off entre inflação e desemprego, Phillip?

Depois das altas dos combustíveis, com a gasolina chegando a ultrapassar o patamar de R$ 10 em alguns estados brasileiros, agora é a vez do trigo se encarecer. A Ucrânia é a maior exportadora de trigo do mundo e as consequências já são sentidas pelo querido “pãozinho” do nosso café da manhã diário, cuja matéria-prima principal é o trigo.

O Banco Central já aumentou novamente a taxa básica de juros (Selic) para 11,75% a.a. O índice de desempenho econômico, IBC-Br já aponta um começo de ano fraco para a economia brasileira, recuando 0,99% em janeiro na comparação com dezembro – nível inferior ao da pré-pandemia.

Você deve estar se perguntando: “Marco, vamos realmente ter uma estagflação? Devo tirar todo meu dinheiro da bolsa?”, eu, como bom economista, lhe respondo “depende”.

Mas não é só um “depende” de alguém que não sabe do que está falando, mas de alguém que já viu de tudo (principalmente com relação à economia e política no Brasil) e busca o máximo de cautela. Se eu pudesse dar um conselho a você, caro leitor do E-Investidor, eu diria para não deixar de aproveitar bons ativos a preço de “banana”, porém, com uma certa dose de resguardo.

IPCA e meta para a inflação

Veja a variação % em 12 meses, ocorrido, expectativas de mercado (Focus), meta para a inflação; dados mensais

Fonte: Banco Central do Brasil (2022)