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Recuperação extrajudicial das Casas Bahia (BHIA3): o que fazer com as ações agora?

Analistas dizem que o acordo de recuperação extrajudicial é positivo, mas se dividem na recomendação para os papéis

Recuperação extrajudicial das Casas Bahia (BHIA3): o que fazer com as ações agora?
(Imagem: Felipe Rau/Estadão)

No último domingo (28), o Grupo Casas Bahia (BHIA3) comunicou ao mercado que fechou um acordo de recuperação extrajudicial para renegociar uma dívida de R$ 4,1 bilhões com seus principais credores. Os analistas do mercado financeiro avaliam a decisão como positiva para a empresa.

O acordo preserva R$ 4,3 bilhões no caixa da companhia até 2027, sendo R$ 1,5 bilhão apenas neste ano – antes, a empresa teria que desembolsar R$ 4,8 bilhões no mesmo período. Agora, o grupo terá de arcar, no mesmo prazo, apenas com R$ 500 milhões. Na prática, o acordo reduziu o custo do financiamento e estendeu o prazo para pagamento.

Para os analistas da XP Investimentos, o pedido de recuperação extrajudicial da varejista e é um passo importante para a reestruturação da companhia. “A medida reduz fortemente o peso da dívida nos próximos 3 anos, deixando a empresa em uma posição mais confortável para executar outros acertos operacionais e ajustar a sua estrutura de capital”, dizem Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, em relatório.

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A XP lembra ainda que o plano já foi aprovado pelos principais credores, Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), que possuem 55% da dívida, acima do limite mínimo de 50% para aprovar o plano. A corretora também reforça que os credores também terão a opção de converter parte da sua dívida em ações trimestralmente nos 18 a 36 meses seguintes à aprovação da recuperação extrajudicial.

“Essa aceitação do Banco do Brasil e do Bradesco, sem a necessidade de ir para a Justiça, mostra que esses dois credores confiam na recuperação e na gestão da empresa”, diz Acillio Marinello, professor da Trevisan Escola de Negócio e Partner da Essentia Consulting .

Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, ressalta que a medida fortalece o caixa da empresa, visto que a companhia não terá que se preocupar em pagar as dívidas no curto prazo e pode aproveitar esse dinheiro para conseguir ter mais poder de barganha com os fornecedores.

O que fazer com as ações do Grupo Casas Bahia

Mesmo que a notícia tenha reflexos positivos para a empresa, os analistas se dividem sobre o que fazer com as ações agora. A XP aponta que quem comprar as ações neste momento pode ver uma diluição de até 83% em sua participação devido à opção dos credores de converter as dívidas em ações. Caso os credores optem pela conversão, a companhia tende a emitir mais ações –  isso significa que quem já possui o papel pode ter uma participação menor na empresa. A corretora não recomenda a compra.

A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI têm recomendação neutra para os papéis. “Consideramos positiva esta medida de gestão de passivos e esperamos ver a evolução dos fundamentos subjacentes da empresa, no seguimento do seu plano de recuperação”, dizem Pedro Pinto do Bradesco BBI e Flávia Meireles da Ágora em relatório divulgado nesta segunda-feira (29). “A medida traz uma importante margem de manobra para os fluxos de caixa de curto e médio prazo da Casas Bahia e, até certo ponto, diminui os riscos de preocupações com liquidez.”

Caroline Sanchez, da Levante, tem a mesma indicação. Ela aponta que a empresa passa por sérios problemas operacionais e que ainda registra prejuízo em seu balanço. “O problema não é só a dívida, a companhia ainda passa por todo um plano de reestruturação que será longo para ser concluído, visto que o prejuízo de 2023 foi 8 vezes maior em relação a 2022”, detalha Sanchez, ressaltando que o melhor para o investidor é procurar outras empresas do setor varejista, como o Magazine Luiza.

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“O Magalu vem conseguindo implementar pontos importantes que já resultaram em lucro. Além disso, temos o Mercado Livre (MELI) como a nossa ação favorita do setor por estar nesse caminho do lucro por um tempo maior”, diz.

Já Marinello e Horta, da Trevisan Escola de Negócios, estão mais otimistas em relação aos papéis da empresa. Horta comenta que a ação pode ser atrativa para o investidor que não teme a alta volatilidade do mercado. “A companhia está muito depreciada e valendo apenas R$ 500 milhões devido aos seus problemas de reestruturação. Ou seja, para quem acredita na tese de longo prazo da reestruturação e tem a paciência de esperar, a ação está atrativa”, diz Horta.

*Com Estadão Conteúdo