Marco Saravalle é analista CNPI-P e sócio-fundador da BM&C e da MSX Invest. Foi estrategista de Investimentos do Banco Safra, estrategista de Investimentos da XP Investimentos, analista e co-gestor de fundos de investimentos na Fator Administração de Recursos e GrandPrix e analista de ações na Coinvalores e Socopa. Formado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, Pós-graduado em Mercado de Capitais pela USP e Mestrando em Economia e Finanças pela FGV/EESP. Iniciou sua carreira no programa de Trainee do Citibank. Atualmente é Diretor Administrativo/Financeiro da Apimec Nacional, membro do comitê de
educação da CVM e presidente do Conselho da ONG de educação financeira,
Multiplicando Sonhos.

Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras

Marco Saravalle

Investimentos em xeque: a dança das carteiras dos investidores

Em um contexto geral, o ano de 2023 não foi favorável para os fundos de investimentos

(Foto: Envato Elements)
  • Nos últimos meses, o cenário financeiro brasileiro tem sido marcado por um desafio persistente no segmento de fundos de investimentos
  • Um dos principais fatores que contribuíram para essa dinâmica foi o aumento substancial da taxa Selic
  • O entendimento profundo dos fatores que moldam o cenário econômico permite aos investidores tomar decisões mais informadas, contribuindo para a construção de uma carteira sólida e resiliente às oscilações do mercado financeiro

Nos últimos meses, o cenário financeiro brasileiro tem sido marcado por um desafio persistente no segmento de fundos de investimentos, em especial nos multimercados. No início de janeiro de 2024, com uma captação negativa de R$ 9,1 bilhões, soma-se aos resultados desfavoráveis de 2023, com resgates expressivos de R$ 134 bilhões.

Em um contexto geral, o ano de 2023 não foi favorável para os fundos de investimentos, registrando um resgate líquido significativo de R$ 127,9 bilhões, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Um dos principais fatores que contribuíram para essa dinâmica foi o aumento substancial da taxa Selic.

Em 2021, a taxa estava em 2%, atingindo 13.75% até metade de 2023. Esse salto expressivo impactou diretamente o comportamento dos investidores, levando-os a buscar opções mais conservadoras e com menor diversificação, além de que a maioria das classes de fundos multimercados obtiveram resultados abaixo do certificado de depósito interbancário (CDI), afastando os investidores.

Os fundos de ações, por sua vez, também enfrentam desafios no início de 2024. Após um mês de dezembro em que o Ibovespa renovou máximas históricas, muitos dos investidores podem ter optado por realizar lucro nos primeiros dias de janeiro. Isso resultou em resgates próximos a R$ 2,6 bilhões, contrastando com a captação positiva de R$ 4,3 bi em dezembro.

É crucial para os investidores compreenderem que, em meio às flutuações, há oportunidades para otimizar seus portfólios e mitigar riscos. O ano de 2024 promete ser marcado por desafios e oportunidades no universo dos investimentos, com a necessidade constante de adaptação às condições do mercado.

O entendimento profundo dos fatores que moldam o cenário econômico permite ao investidor tomar decisões mais informadas, contribuindo para a construção de uma carteira sólida e resiliente às oscilações do mercado financeiro. Teremos um ano marcado pela queda de juros nas principais economias, seja aqui no Brasil, nos Estados Unidos ou Europa. Em consequência deste cenário é de se esperar novos aportes líquidos em fundos multimercados e/ou de ações. Por ora, não foi isso que temos visto neste início de 2024.