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- Entre Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander, um deles pode pagar 12% em rendimento de dividendos
- Bancão favorito é bem avaliado por sua transição tecnológica
- O banco mais bem avaliado pode lucrar R$ R$ 40 bilhões em 2024
A temporada de balanços dos maiores bancos do País chegou ao fim, com as quatro grandes instituições financeiras reportando, juntas, um lucro líquido de R$ 26,27 bilhões no primeiro trimestre de 2024.
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Os desempenhos individuais mostram resultados robustos: Banco do Brasil (BBAS3) teve lucro líquido de R$ 9,3 bilhões e Itaú (ITUB3; ITUB4) reportou R$ 9,77 bilhões, enquanto Bradesco (BBDC3; BBDC4) lucrou R$ 4,2 bilhões e Santander (SANB11) apresentou ganhos de R$ 3 bilhões entre março e janeiro de 2024.
Segundo os analistas ouvidos pelo E-Investidor, as quatro instituições financeiras devem pagar dividendos interessantes, mas a grande maioria dos analistas aponta para duas empresas que podem se destacar nos proventos. A Ágora Investimentos, corretora do grupo Bradesco (por causa disso, os analistas não podem comentar sobre o próprio banco), recomenda compra para dois dos três bancos que fazem parte da sua cobertura.
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Em relatório assinado por Gustavo Schroden e Renato Chanes, a Ágora Investimentos/Bradesco BBI elevaram a recomendação do Santander de neutra para compra. Segundo eles, o banco realizou uma dolorosa, mas necessária, limpeza de seu balanço de 2022 a 2023.
Na visão deles, a empresa reduziu drasticamente o crescimento de seus empréstimos para melhorar a qualidade dos ativos, após a inadimplência disparar em 2021 e 2022, o que causou um aumento de provisões e redução do lucro da companhia.
A inadimplência acima de 90 dias do Santander estava em 2,2% em 2021 e atingiu seu pico de alta no segundo trimestre de 2023, quando o indicador alcançou o patamar de 3,3%. Desde então, o banco passou a focar em ativos de maior qualidade para evitar que a inadimplência seguisse em trajetória de alta. No primeiro trimestre de 2024, o indicador ficou em 3,2%.
Para a Ágora, a estratégia do Santander é positiva. “O banco registrou uma melhora significativa na lucratividade no primeiro trimestre de 2024. Após quase dois anos difíceis, digerindo empréstimos ruins e receitas fracas, vemos o Santander Brasil de volta ao caminho para entregar rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), de 16% a 17,5% em 2024 e 2025, acima da média dos últimos seis trimestres de 11,9%”, estimam os analistas.
A corretora é a única a recomendar compra para o banco. A dupla de analistas estima um lucro de R$ 14 bilhões para o Santander em 2024, alta de 55,5% na comparação com o lucro de R$ 9 bilhões visto em 2023. Já para 2025, a estimativa é de um lucro de R$ 16,8 bilhões.
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Com base nessas premissas de lucro e rentabilidade, os analistas do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos estimam que o Santander deve pagar 6% do valor de sua ação em dividendos (dividend yield).
Gustavo Schroden e Renato Chanes calculam um preço-alvo de R$ 37 para ações do Santander. A cifra estipulada equivale a uma alta de 29,82% na comparação com o fechamento de sexta-feira (10), quando a ação encerrou o pregão a R$ 28,50.
Banco do Brasil
Mesmo parecendo um bom volume de pagamento de proventos, os especialistas da Ágora e do Bradesco BBI comentam que outros bancos podem pagar mais dividendos que o Santander, como o Banco do Brasil, que deve remunerar em 11,3% do valor das suas ações em dividendos.
Embora o Banco do Brasil seja a empresa que tende a pagar a maior quantidade de dividendos no modelo atual do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos, os analistas estão com recomendação neutra para as ações do banco estatal. Eles estão preocupados com a evolução da margem com clientes, que cresceu 4,1% na comparação entre o primeiro trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024, refletindo uma desaceleração contínua. No segundo trimestre de 2023, houve um crescimento de 16,7%; no terceiro trimestre um de 8,7% e no quarto trimestre de 2023 houve um avanço de 4,1%, o mesmo do trimestre atual.
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Os analistas comentam ainda que as despesas de provisão permaneceram em patamar elevado. O Banco do Brasil reportou R$ 8,5 bilhões em Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) no primeiro trimestre de 2024, alta de 45,9% na comparação com o primeiro trimestre de 2023 e queda de 14,4% na comparação com o quarto trimestre de 2023. A inadimplência acima de 90 dias foi de 2,62% no primeiro trimestre de 2023 para 2,9% no primeiro trimestre de 2024.
Ainda assim, os especialistas do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos reconhecem que o Banco do Brasil teve um resultado sólido. “O Banco do Brasil continuou reportando resultados sólidos e lucratividade, mas continuamos preocupados com sua margem com os clientes e com as tendências de qualidade de seus ativos. Por causa disso, mantemos nossa recomendação para a ação neutra”, apontam Schroden e Chanes.
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A dupla calcula um preço máximo de R$ 32 para o Banco do Brasil para quem quiser se aventurar no ativo, uma alta de 15,85% em relação ao fechamento de sexta-feira (10), quando o papel encerrou o pregão a R$ 27,62.
Previsões de lucro do Banco do Brasil
Os analistas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos são os únicos que recomendam compra para o Santander e estão neutros com o Banco do Brasil: as demais casas consultadas indicam compra para o BB e estão neutras com o Santander. Os especialistas do BTG Pactual fazem parte desse grupo. Segundo o BTG, o Banco do Brasil está no caminho certo para entregar o lucro de R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões no final de 2024.
Para o BTG, o banco teve uma margem financeira robusta, que cresceu 21,6% na comparação entre o primeiro trimestre de 2023 e igual intervalo de 2024, muito acima da projeção da própria empresa, que prevê uma alta de 7% e 11% da margem financeira em 2024. Com isso, analistas estimam que o Banco do Brasil deve encerrar o ano com um lucro líquido de R$ 38,4 bilhões, crescimento de 7,9% ante os R$ 35,6 bilhões reportados de 2023.
Com base no lucro líquido de R$ 38,4 bilhões para este ano, o BTG calcula que o Banco do Brasil deve pagar 10,6% do valor da sua ação em dividendos em 2024. Para os próximos anos, o lucro deve ser ainda maior, de R$ 39,4 bilhões em 2025, com um dividend yield de 10,9% e um lucro líquido de R$ 41,2 bilhões para 2026, com um dividend yield de 11,4% do valor atual da ação.
Com base nessas premissas, o BTG Pactual recomenda compra para ações do Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 36, uma potencial alta de 30,3% na comparação com o fechamento de sexta-feira (10), quando a ação encerrou o pregão a R$ 27,62. Além do BTG, Ricardo Salim, analista Lumi, aponta que os resultados apresentados demonstram a solidez da instituição estatal, proporcionando uma sensação de confiança e segurança. O analista diz estimar que BB deve pagar 9% do valor de mercado em dividendos em um ano. Nos cálculos do analista, o preço-alvo da ação é de R$ 32,50 para o fim de 2024, uma potencial alta de 17,6%.
Matheus Nascimento, analista da Levante Inside Corp, também vê a ação do Banco do Brasil como uma opção atrativa. Ele aponta que a empresa tende a pagar 12,2% do valor da sua ação em dividendos ao longo dos próximos 12 meses. Ele diz acreditar que o banco representa uma boa oportunidade devido ao crescimento no agronegócio e nas linhas pessoa física e jurídica, em que a instituição prioriza o crédito consignado, considerado lucrativo pelo analista.
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O especialista está otimista com o BBAS3, mas alerta que o investidor deve pagar no máximo R$ 31,50 no papel para pegar uma boa rentabilidade em dividendos. Nascimento acredita que essa seria uma boa margem de segurança para quem quer entrar no banco, visto que a companhia passou a apresentar alguns riscos. “Vemos que o BB passou a apresentar um crescimento significativo no risco de crédito de sua carteira devido a eventos como o reperfilamento de dívida de clientes do segmento Large Corporate (Grupo Casas Bahia) e agravamentos de risco de crédito nos segmentos Empresa e Agronegócios”, diz Nascimento
Bradesco, Santander e seus rendimentos
O Santander tem apenas a recomendação de compra dos analistas da Ágora e do Bradesco BBI. As demais instituições consultadas – BTG, Lumi e Levante – não recomendam compra para a companhia. Em resumo, Matheus Nascimento explica que a recomendação para o Santander se encontra em recomendação neutra pelo fato de a margem de segurança para entrada no papel estar apertada, mas o analista reconhece que o banco reportou um bom resultado no trimestre, como disseram os da Ágora no início da reportagem.
Já sobre o Bradesco, o analista comenta que o banco ainda precisa melhorar a sua rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Médio (ROAE), que ficou em 10,2%. Os concorrentes Itaú e Banco do Brasil estão com a rentabilidade acima dos 20%. O analista reconhece que o banco tem uma gestão de alta qualidade e é uma empresa robusta e tem tudo para melhorar essa situação.
No entanto, por causa disso, a Levante estima um Dividend Yield (DY) de apenas 6,2% para o Bradesco e outro de 6,1% para o Santander. O BTG calcula um DY de 5,9% para o Santander em 2024 e outro de 7,6% para o Bradesco. A Lumi estima um rendimento de 6,8% do valor da ação do Bradesco em dividendos para 2024 e para o Santander a expetativa de um rendimento de 6% do preço do papel ao longo do ano.
Sendo assim, o Bradesco tem a mesma classificação do Santander por esses três analistas, a recomendação é neutra para o papel pelo fato dele não entregar um rendimento tão interessante em dividendos na atualidade quando comparados aos pares.
Itaú é o favorito entre os analistas
O Itaú é apontado como a ação favorita do setor pelos analistas de BTG Pactual, Levante Inside Corp e Lumi. O Bradesco BBI e a Ágora Investimentos também recomendam compra para o maior banco privado do Brasil. Schroden e Chanes, de Bradesco BBI e Ágora Investimentos, comentam que o Itaú deve pagar 7,7% do seu valor de mercado em dividendos em 2024.
O preço considerado justo pelos analistas para o Itaú é de R$ 45 uma alta de 37,8% em relação ao fechamento de sexta-feira (10), quando a ação fechou o pregão a R$ 32,65.
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“O Retorno sobre o Patrimônio Líquido do Itaú (ROE) atingiu 21,9% no trimestre, acima dos 21,2% que projetávamos. Os resultados ficaram globalmente em linha com as nossas estimativas, exceto pelos ganhos de Tesouraria mais elevados (10,2% acima do previsto)”, explicam os analistas da Ágora e Bradesco BBI.
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Em meio a esses números positivos, o BTG calcula que o banco deve lucrar R$ 40 bilhões em 2024, um crescimento de 12,35% na comparação com o lucro de R$ 35,6 bilhões em 2023. Sendo assim, o BTG calcula um dividend yield de 9,8% para o Itaú em 2024. Os analistas estimam também um rendimento de 7% do valor do ativo em dividendos em 2025 e uma rentabilidade de 7,6% em 2026.
“O Itaú é a nossa ação preferida entre os bancos da América Latina. Isso porque a atual gestão soube fazer uma boa transição para o digital. A companhia foi muito além de simplesmente migrar para a nuvem e reescrever o código. A empresa se tornou exatamente aquilo de que o cliente precisa e está no centro da disputa entre os pares”, apontam Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório. O BTG tem recomendação de compra para o Itaú com preço-alvo de R$ 42, uma possível alta de 28,6% na comparação com o fechamento de sexta-feira (10).
Já o analista da Levante comenta que prefere o Itaú dada a qualidade dos resultados apresentados, tanto em crescimento da carteira de crédito, que mesmo abaixo do crescimento médio do sistema, tem priorizado um nível de qualidade muito positivo. Nascimento concorda com a equipe do BTG e diz que o Itaú tem se tornado cada vez mais “tech”, com uma grande infraestrutura que tem possibilitado um nível crescente de receita com serviços, além de um efeito de alavancagem operacional que deve manter o banco como o principal do país.
Com base nesses dados, o especialista da Levante calcula que o Itaú deve entregar um dividend yield de 7% para os seus acionistas em 2024 e por isso ele recomenda compra para ação. Por outro lado, Nascimento reforça que a ação está próxima do teto de compra. Ele acredita que o investidor deve comprar o papel até a casa dos R$ 33 para receber um bom rendimento em dividendos.
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Ou seja, se a ação passar de R$ 33, o melhor é o investidor não comprar o papel, pois ele estará caro.
Ricardo Salim, da Lumi, também tem o papel como preferido. Ele recomenda o Banco do Brasil, mas prefere o Itaú, mesmo estimando que o banco privado deve pagar menos dividendos que o concorrente. Vale lembrar que a estimativa de DY para o BB pelo analista é de 9%, enquanto para o Itaú ele calcula um rendimento de 8,5% em dividendos. “Tenho essa preferência pelo Itaú pelo fato do banco ser uma empresa mais solida e que historicamente entrega resultados recorrentes. Além disso, o banco é menos afetado por possíveis intervenções políticas”, diz Salim.
Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, o CFO do Banco do Brasil, Marco Geovanne Tobias, disse que esse temor da interferência política do mercado foge da razoabilidade. Segundo ele, a companhia tem uma boa governança corporativa para dar voz aos acionistas minoritários. Ele usou o aumento do pagamento de 40% para 45% do lucro em dividendos, aprovado em fevereiro deste ano, como exemplo.
“Depois que o Banco Central mudou a regulamentação do risco operacional, nós fizemos uma proposta para o Conselho de Administração para aumentar o payout e a medida foi aprovada. A demanda veio especificamente do minoritário”, afirmou Tobias em entrevista concedida no dia 22 de abril. Para ler esta reportagem clique aqui.
Ou seja, cabe ao investidor decidir se vai aportar no Banco do Brasil e no Itaú ao mesmo tempo ou se vai apenas investir no Itaú, ação preferida dos analistas. O fato é que as duas empresas são as únicas recomendadas pela maioria dos especialistas.