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Colunista

Títulos prefixados e indexados ao IPCA: onde investir agora?

Indexar seus ganhos à inflação ou travar uma taxa previamente? Saiba como escolher

(Foto: Envato Elements)
(Foto: Envato Elements)

Se você já se pegou escolhendo entre um investimento prefixado ou atrelado ao IPCA, provavelmente se perguntou: “Qual será a melhor opção para mim?” A resposta clássica é: depende. Mas fique tranquilo, não vou deixar você sem uma conclusão clara.

Antes de qualquer coisa, a primeira pergunta que você precisa responder é: qual é o seu objetivo e por quanto tempo pode deixar esse dinheiro investido?

Liquidez no curto prazo? Esqueça IPCA e prefixado. Nesse caso, a melhor escolha são os investimentos atrelados ao CDI com liquidez diária, que oferecem previsibilidade e segurança para resgates a qualquer momento.

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Agora, seu horizonte é de médio ou longo prazo? Aqui entra a nossa discussão.

Ciclos passados e oportunidades do presente

O mercado financeiro opera em ciclos, que costumam durar de 3 a 7 anos, dependendo de fatores como inflação, crescimento econômico, geopolítica e até mudanças climáticas, entre inúmeras outras, e todas essas variáveis impactam diretamente o nível de taxas oferecidas pelos títulos prefixados e os indexados à inflação, que podem ser negociados em taxas muito baixas ou muito altas. Reconhecer em que ponto do ciclo estamos pode fazer toda a diferença na escolha do investimento.

Atualmente, os títulos prefixados e os indexados ao IPCA apresentam taxas bastante elevadas, quando comparados a seus padrões históricos.

Ou seja, hoje estamos na “banda de cima” da série histórica das curvas de juros, o que pode ser uma oportunidade única para travar rendimentos atrativos, especialmente para quem tem visão de longo prazo, como sinalizei em minha coluna anterior.

Quando faz sentido investir em IPCA+?

Se sua preocupação é preservar o poder de compra ao longo dos anos, a resposta é simples: considere o IPCA+.

Os títulos atrelados à inflação garantem que o valor investido será reajustado pelo IPCA (índice oficial de inflação no Brasil), além de oferecerem uma taxa de juros real pré-definida. Ou seja, você não perde para a inflação e ainda obtém um prêmio adicional, que hoje está em um nível bastante elevado.

E quando faz sentido investir com taxa prefixada?

Se sua prioridade é previsibilidade nos retornos, os títulos prefixados são uma ótima alternativa. Contudo, lembre-se: eles podem render menos do que os títulos indexados ao IPCA, a depender do nível de inflação durante o período do investimento. Por isso, é importante ponderar o risco de retorno fixo versus a indexação à inflação.

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Já se você busca obter a maior rentabilidade possível, há uma forma simples e direta de estimar qual título oferece a melhor probabilidade de você atingir esse objetivo de retorno. Nesse contexto, podemos recorrer ao conceito de inflação implícita, que reflete a expectativa do mercado para a inflação nos próximos anos e pode ajudar na tomada de decisão.

Vamos a um exemplo prático, considerando títulos e taxas disponíveis hoje no site do Tesouro Direto:

• Um título prefixado de 10 anos, que paga 14,91% ao ano.
• Um título IPCA+ de mesmo prazo, que paga IPCA + 7,62% ao ano.

Para comparar os dois títulos, é fundamental analisar qual é o retorno real dos investimentos. Para essa avaliação, utilizaremos um arcabouço teórico conhecido como a relação de Fisher, que ajuda investidores a entender o impacto da inflação nos retornos. Essa relação ajusta as taxas nominais (taxa dos títulos prefixados) para mostrar o retorno real (parcela IPCA+).

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Só por curiosidade, para que gosta de fórmulas matemáticas, a relação de Fisher é representada desta forma:

(1 + i) = (1 + r) × (1 + π)

Onde:
i: taxa nominal (14,91% no título prefixado).
r: taxa real (7,62% no título IPCA+).
π: inflação esperada ou implícita (queremos descobrir).

Ao substituir os valores e rearranjar os termos da equação podemos verificar qual é a inflação esperada (ou implícita) com base no retorno de ambos os títulos.

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(1,1491 ÷ 1,0762) = 1 + π = 1,0677

Agora, subtraímos 1 para encontrar a inflação esperada. Pronto! A inflação implícita é de aproximadamente 6,77% ao ano. Isso significa que, com base na relação de Fisher, este seria o índice de inflação esperado que equilibra os retornos dos dois títulos.

A conclusão desta lógica é que se a inflação efetiva anualizada durante o período do seu investimento ultrapassar 6,77% ao ano, então os títulos atrelados ao IPCA oferecerão um retorno superior aos prefixados, com base nas taxas daquele exemplo. Por outro lado, se a inflação permanecer abaixo desse nível, os títulos prefixados apresentarão maior rentabilidade.

O que nos diz o histórico inflacionário no Brasil?

Nos últimos 25 anos, o Brasil vivenciou variações significativas na inflação, entre 2,95% e 12,53% ao ano, conforme dados do IBGE, refletindo assim diferentes contextos das economias local e internacional.

Porém, quando analisamos a inflação pela ótica de janelas móveis de 10 anos, observamos que a inflação anualizada nestas janelas ficou entre 5,40%a.a. e 6,40%a.a.

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Ou seja, com base no exemplo prático demonstrado mais acima, hoje o mercado está negociando títulos com uma inflação implícita de 6,77%.a., bem acima do teto de 6,40%a.a. que reflete o ciclo de janelas móveis de 10 anos desta série histórica do IPCA.

Mas então: qual escolher agora?

Se o seu objetivo é proteger seu dinheiro contra a perda de valor causada pela inflação, o IPCA+ permanece como a escolha mais segura. Por outro lado, se você busca maximizar seus retornos e confia que a inflação futura não deve se distanciar do histórico de 25 anos de inflação no Brasil, a opção prefixada do meu exemplo acima provavelmente será a mais rentável.

Por fim, lembre-se: adotar uma estratégia de diversificação entre esses investimentos é uma forma eficaz de reduzir riscos e potencializar ganhos, especialmente em cenários adversos.

“Este material é distribuído somente com o objetivo de prover informação e não configura oferta ou recomendação de produto. As informações contidas neste material são confiáveis na data da sua publicação. As informações contidas neste material são de responsabilidade da fonte divulgadora. Consulte os riscos das operações e a compatibilidade com seu perfil antes de investir, evitando operações inadequadas ou que estejam desenquadradas ao seu perfil no momento da adesão. Para maiores informações, acesse o site www.agorainvestimentos.com.br.”

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