- O mercado financeiro chinês vive um período de instabilidade
- A classe média chinesa, migrando do mercado imobiliário para o de ações, enfrenta o desafio de compreender a natureza de longo prazo dos investimentos financeiros
- A relutância de Pequim em adotar um estímulo monetário agressivo no passado levanta dúvidas sobre sua capacidade de lidar com a situação atual.
Primeiramente, a confiança no setor privado está abalada. A intervenção governamental nas atividades empresariais, intensificada durante a pandemia, gerou uma crise de confiança entre consumidores e empresas. A recuperação dessa confiança depende da redução da interferência do governo nos negócios privados.
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Em segundo lugar, o mercado financeiro chinês vive um período de instabilidade. A queda acentuada das ações, resultado da crise de dívida imobiliária e da desaceleração econômica, apresenta riscos para pequenos investidores e oportunidades para os maiores. A classe média chinesa, migrando do mercado imobiliário para o de ações, enfrenta o desafio de compreender a natureza de longo prazo dos investimentos financeiros.
A terceira questão é a ameaça de deflação. A queda nos índices de preços ao consumidor e a deflação dos preços ao produtor indicam uma demanda doméstica fraca e problemas econômicos. A eficácia das políticas governamentais para reverter essa tendência é uma incógnita, especialmente com o crescente fardo da dívida e os altos custos de empréstimo.
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O quarto ponto é a desaceleração do setor imobiliário. Apesar das medidas do governo para estimular a demanda habitacional, o setor continua lento, com riscos de impactar ainda mais o setor financeiro.
O sexto ponto ressalta como a gestão da dívida e da deflação é essencial. A relutância de Pequim em adotar um estímulo monetário agressivo no passado levanta dúvidas sobre sua capacidade de lidar com a situação atual. Uma política mais assertiva, semelhante à adotada pelo Banco Central Europeu, pode ser necessária.
O investimento direto estrangeiro também merece atenção. A saída do IDE reflete o ceticismo internacional sobre as perspectivas econômicas da China, e esforços mais substanciais são necessários para atrair novamente os investidores estrangeiros. As iniciativas recentes do Banco do Povo da China, focadas no setor de habitação e infraestrutura, são passos importantes, mas sua eficácia a longo prazo ainda precisa ser comprovada.
Por fim, o anúncio do orçamento de defesa oficial da China no 14º Congresso Nacional do Povo, citando um valor de 1,17 trilhão de reais (227,79 bilhões de dólares), despertou atenção global significativa. Declarações ao longo de 2023 do senador americano Dan Sullivan sugerem que o gasto militar real da China poderia estar mais próximo de 3,6 trilhões de reais (700 bilhões de dólares), quase triplicando o número oficial. Isso coloca, naturalmente um peso maior no limite de subsídios financeiros que o governo chinês vinha dando, já que vem aumentando substancialmente ano após ano.
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A falta de transparência no orçamento chinês complica ainda mais a questão, levantando dúvidas sobre a eficiência e a necessidade de tal gasto. Além disso, a política de fusão civil-militar confunde a distinção entre gastos civis e militares, potencialmente levando à militarização da economia. Esses fatores combinados poderiam ter ramificações econômicas de longo prazo, possivelmente sufocando o crescimento e a inovação em uma nação que já reivindica a maior economia do mundo em termos de Paridade de Poder de Compra.
Em resumo, a economia chinesa em 2024 enfrenta um período crítico. As políticas adotadas neste ano serão determinantes para o seu futuro, com o mundo observando atentamente os próximos passos.