- Nas últimas semanas vimos três ativos subirem forte: ações americanas, o ouro e o dólar
- O dólar pode subir apenas contra o real por algum fator local ou subir contra todas as moedas do mundo em média, que é o que vem acontecendo
- O dinheiro estrangeiro, o grande fluxo dos fundos de investimentos internacionais, está voltando para os EUA
Até o primeiro dia de abril os investidores estrangeiros já haviam retirado mais de R$ 22 bilhões da nossa Bolsa de Valores. Recebo muitos questionamentos na comunidade do WhatsApp (clique aqui para entrar) sobre esse movimento, já que ao olhar nossas empresas e o mercado como um todo parece que a Bolsa brasileira está muito barata.
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Além disso, quando olhamos indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação tudo parece sobre controle, além do Brasil um dos mercados que ainda mais paga juros para os investidores, algo que os gringos sempre gostaram de ter por aqui, já que não temos um risco institucional tão grande quanto outros emergentes – Turquia por exemplo.
Um dos principais motivos para a saída do capital estrangeiro está no risco de uma recessão global . Na dúvida se os mercados podem entrar em recessão ou não, o investidor de fora parece não ter muitas dúvidas de que o mais seguro é manter seus investimentos por perto, principalmente em dólar. Somado à isso há a expectativa de que o dinheiro dele possa render muito mais lá do que aqui, seja em juros seja em ações.
Por que o investidor estrangeiro deixa o País
Nas últimas semanas vimos três ativos subirem forte: ações americanas que renovaram máxima histórica, o ouro o dólar contra praticamente todas as moedas do mundo.
Quando falo em dólar precisamos ter em mente que a divisa norte-americana pode subir apenas contra o real, por conta de algum fator local, ou se valorizar diante de todas as moedas do mundo em média, que é o que vem acontecendo. Analisando esse movimento temos o primeiro sinal de que o dinheiro estrangeiro, o grande fluxo dos fundos de investimentos internacionais, está voltando para os Estados Unidos.
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Coloque-se no lugar do investidor americano. As ações por lá não param de subir e, mesmo enfrentando altas expectativas, os resultados de mais de 80% das companhias nesse último trimestre superaram o que o mercado esperava. Ou seja, ainda há espaço para valorização ou, pelo menos, continuar entregando bons retornos aos acionistas – mais do que mercados emergentes.
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Na dúvida se vale ou não ter ações lá fora (que pode não ser unanime), o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai manter juros alto por pelo menos até junho e já se discute se serão três ou apenas dois cortes nas taxas, enquanto no começo do ano se falava em quatro ou cinco reduções de juros. E taxas mais altas por mais tempo quer dizer que ter dólar remunera mais o investidor.
O Brasil, por sua vez, já iniciou o movimento de queda de juros e o País pode terminar 2024 com 9% ao ano, bem distante dos 13% ao ano de poucos meses atrás, cenário que ainda se mostrava charmoso para manter o investidor estrangeiro no mercado brasileiro.
E para aquele investidor mais pessimista, que acredita estarmos próximo à uma recessão global, o ouro atingiu novas máximas históricas. Para comprar o metal, moeda base é o dólar, logo, o estrangeiro leva o dinheiro para casa e compra contratos de ouro para proteção.
Por conta disso, vemos ações americanas, dólar e ouro subindo sem parar enquanto investidores estrangeiros tiram dinheiro do mundo todo. Apenas para reforçar, para retirar recursos do mercado brasileiro ele precisa vender os ativos que tem e fazer o câmbio do real para a divisa americana. Por isso, nas últimas semanas o dólar subiu e já está passando R$ 5,05 enquanto escrevo esse artigo.
Situação continua?
Será que esse movimento vai continuar? Provavelmente sim, já que as posições dos gringos no Brasil ainda está perto de 7,5% – contra uma média de 5,5% quando olhamos a carteira “emergentes”.
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Fato é que quando o gringo sai, ele demora para voltar. Do mesmo modo, quando ele vem, estuda um período mais longo antes de reavaliar suas posições.
No fim tudo, o investidor busca entender onde ele pode ganhar mais dinheiro com igual risco e mais rapidamente, ou pelo menos onde ele pode ter o mesmo retorno com menos risco. A resposta parece ser clara para o investidor estrangeiro.