

É cedo para falar de eleição de 2026 na Faria Lima? Sendo bem direto, aparentemente não. Nos últimos dias, vi com meus olhos e escutei o Bonner noticiar uma alta quase inexplicável do Ibovespa de 3%.
Algumas semanas antes vimos também outra alta de quase 2% porque os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de criação de empregos vieram piores do que o esperado, ou seja, é o famoso “bad news is good news”, em que notícias ruins da economia mostram ao mesmo tempo uma atividade menor que leva a uma inflação menor (juros menores também) e mais uma pedra no sapato do atual governo.
Na sexta-feira (14), o mercado local subiu muito forte, juros futuros (aqueles negociados em Bolsa) caíram e o dólar brincou ali perto da casa dos R$ 5,70. E tudo isso porque o Datafolha mostrou queda na popularidade e aumento de rejeição ao atual governo.
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Em 18 de outubro de 2022, eu escrevi nessa mesma coluna um artigo intitulado “Eleições: não se deixe enganar pelo discurso da Faria Lima”, no qual trazia alguns pontos relevantes e preocupantes em relação ao novo mercado. Como sabem não falo de economia nesse espaço porque para eu discutir isso ou se “o feijão vai por cima ou ao lado (ou até embaixo) do arroz”, será o tipo de discussão interminável. Passados quase 2 anos e meio das eleições presidenciais, o mercado começou a se preocupar com o atual governo ao ver que o impacto de decisões econômicas “equivocadas” (e esperado pelo menos por mim), vieram e começam a fazer preço.
Inflação alta, dívida/PIB subindo, venda de reservas cambiais, juros alto, real depreciado e, depois disso tudo que podemos falar que é “apenas” econômico, começamos a ver o impacto real como menos criação de empregos, maior inadimplência, menos crédito no mercado, menos investimentos internos e de gringos aqui e outros que tendem a piorar a situação.
O mercado financeiro trabalha sempre se antecipando e não à toa vimos o Ibovespa fechar o ano passado com uma queda de quase 11%. Esse ano temos uma leve recuperação e o motivo, segundo alguns especialistas, é a eleição de 2026.
Em um estudo do BTG sobre a Alocação de Fundos Locais, estamos no menor patamar dos fundos alocados em ações desde 2018 e o Ibovespa está em um dos menores patamares de Preço/Lucro da sua história.
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Será que o assunto eleição 2026 está vindo a tona agora como motivo para justificar a compra de ativos de risco ou realmente o mercado já vai começar a se posicionar quase 2 anos antes? Na minha opinião e na do JP Morgan, “ainda é muito cedo para o mercado reagir as eleições presidenciais de 2026”.
As eleições são importantes e podemos ver uma troca de governo? Sim, mas antes disso há muitos fatores em jogo e outros que ainda vão aparecer e devem ser levados em conta até chegar na fase “corrida eleitoral”.
Apesar disso, os juros futuros, aqueles contratos negociados na Bolsa com vencimentos mais longos começaram a devolver parte do prêmio de risco após 2026, mostrando que pode ser cedo mas o mercado de fato já está ajustando algumas posições.
Essa semana trarei no grupo do whatsapp (clique aqui para entrar) um estudo sobre os últimos movimentos de juros futuros e até onde podemos ver e como valeria usar essa corrida eleitoral para alocações em títulos com vencimentos após 2026.
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Ainda há muito prêmio no mercado, mas como precisamos achar sempre motivos para justificar uma alta ou baixa recente, os engenheiros de obra pronta escolheram as eleições de 2026. Eu? Não sei de nada, mas vou aproveitando o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) alto e deixo o tempo passar, afinal o tempo remunera muito bem.