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Colunista

Ibovespa na máxima histórica e cheio de notícias ruins. E agora?

O cenário internacional também não é dos melhores já que há um perigo de recessão rondando o mercado de trabalho nos EUA

Mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)
Mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)

Sim, à primeira vista era para o mercado de ações no Ibovespa estar sentindo o possível novo aumento de juros pelo BC já que diversos bancos e corretoras começam a traçar um cenário em que veremos um aumento (ou dois) de juros nesse ano e uma taxa final para 2025 em 12%.

Além disso há muitas notícias negativas no front como o fiscal, que está trazendo preocupações reais para o ano que vem e, para complementar, o orçamento do mesmo ano, que deve dar o que falar nas próximas semanas.

O internacional também não é dos melhores já que, mesmo com o mercado colocando apostas certas de que o juros nos EUA devem cair entre 2 ou 3 vezes este ano, há um perigo de recessão rondando o mercado de trabalho.

Se for para procurar motivos para não comprar ações esse não será um problema, mas não é o foco do artigo de hoje.

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Enquanto eu escrevo esse artigo o Ibovespa atinge agora 136 mil pontos (acabou fechando aos 135.777 pontos), o maior patamar na história e em um movimento que já dura 10 dias seguidos de preços subindo, puxados principalmente por bancos e varejo, que têm grande peso no mercado.

Ah, vamos reiterar que essa alta acontece mesmo com a queda da Vale (VALE3) nesses últimos dias por causa do minério de ferro. As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) também não tiveram um mega desempenho que pudesse justificar a desculpa de “commodities puxando o índice”.

No mercado temos uma expressão que geralmente é usada quando vemos um cenário de juros futuros subindo e bolsa também, ou a situação inversa em que os dois caem já que naturalmente um cenário de menores juros seria favorável para a economia e bolsa (fluxo e custo de dívida das empresas) e o contrário deveria ser verdadeiro.

O cenário atual é de forte alta para o Ibovespa e também para o juros futuros que brigam para se manter em patamares que projetam a Selic acima até de 12% no próximo ano.

Gestoras têm dito que é hora de comprar Bolsa

Nesta segunda (19), a Squadra reiterou que é hora de comprar bolsa. Outras gestoras também estão com o mesmo viés… Será que realmente vale?

A média das projeções para o mercado está mais perto de 145 mil pontos do que 150 mil pontos para o final de 2024. Como falo algumas vezes nessa coluna, os múltiplos do Ibovespa estão em patamares menores do que na época da pandemia e esse foi o trigger (gatilho) da alta recente.

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Na verdade a grande mudança no viés veio após a temporada de resultados do 2º trimestre deste ano quando as empresas brasileiras mostram uma resiliência muito forte, resultados acima do esperado pelo mercado e uma ótima gestão financeira quando vemos a questão da dívida das empresas (juros pagos). Várias companhias conseguiram alongar dívidas, fizeram aumentos de capital recente ou até mesmo conseguiram produzir caixa com as operações que ao final o juros ainda alto em 10,5% não resultou em um problema.

A economia local continua forte e com a inflação aparentemente controlada e isso foi visto nas economias tanto de serviços quanto de produtos.

Voltando para a chamada do artigo, “E agora?”. A grande questão é se ainda há espaço e se vale o risco x retorno estar posicionado em ações daqui para frente.

Se considerarmos que os analistas mais otimistas acertarão o alvo final do Ibovespa em 145 mil pontos, é correto dizer que ainda é possível capturar uma alta próxima a 7% daqui até o final do ano.

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Meu “custo de oportunidade” para meus investimentos e que sempre comento no grupo do whatsapp (que tem o link atualizado no meu Instagram @vmiziara) são o juros, que hoje estão em 10,5% com porteira aberta para mais altas. Considerando uma conta de juros simples estamos falando em um retorno nesses próximos 4 meses de 3,5% na renda fixa.

Ibovespa: vale o risco X retorno?

A questão que fica é se ainda vale o risco x retorno do Ibovespa para tentar um retorno de 2 x o meu custo de oportunidade. As perguntas que têm de ser feitas devem ser feitas por cada um dos investidores, de forma a respeitar seu perfil de investimento:

  • E se a bolsa não chegar aos 145 mil pontos?
  • E se ela ficar parada sem retorno?
  • E se o mercado cair?

Se você acredita e acha suficiente um cenário em que a bolsa busque novos patamares não vistos com alvo em 145 mil e um retorno de 2x a renda fixa nesse período é o suficiente, te confirmo que os múltiplos ainda continuam muito baratos.

Se você tem dúvidas, não quer pagar a conta da festa e não está tão otimista, a renda fixa ainda paga muito bem para que você mantenha seu dinheiro em conta e dormindo tranquilo.

Fato é, e indiscutível, que o mercado ainda está barato e que o cenário muda toda hora. Não preciso alertar que ninguém sabe o que vai acontecer amanhã. Ninguém tem bola de cristal e dormir tranquilo é o melhor termômetro para avaliar se sua carteira está com mais ou menos risco do que o seu perfil aguenta.

Eu, por enquanto, mantenho minha estratégia de aproveitar o juros altos com uma estratégia de títulos mais longos em IPCA+ e títulos mais curtos em PRÉ já que os juros precificam algo ainda não efetivado no mercado (alta de juros).

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A bolsa é cíclica, sobe e desce, e oportunidades existem sempre. Como para mim estamos já um pouco descolados da “realidade” econômica, com receio de recessão internacional e com quem gosta de ver o dinheiro sempre crescendo, estou diminuindo e indo para quase zerar minhas posições em bolsa.

A decisão, como falei, é individual, com base naquelas perguntas.

O passado não garante o futuro e, no final, ninguém pode afirmar nada com certeza.

Um abraço

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