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- O indicador de Preço/Lucro mostra em quanto tempo vamos rever nosso capital alocado em uma empresa em anos, com base no lucro que ela gera para o acionista
- Hoje, o Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, tem um Preço/Lucro de apenas 7 anos, muito abaixo da média histórica de 12 anos.
- Um dos fatores que “segura” o avanço das ações atualmente é que há títulos de renda fixa pagando 14% ao ano
Duas frases que parecem que se encaixam em qualquer época: “O Brasil é o País do futuro” e “As ações brasileiras estão baratas”.
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O grande problema dessas duas frases é a questão do tempo que custa muito caro nos investimentos. O futuro nunca chega e as ações continuam baratas, sem entregar o retorno que os investidores esperam e pode ser esse um dos motivos de vermos os estrangeiros jogando a toalha esse ano e retirando quase R$ 40 bilhões da nossa Bolsa de Valores, enquanto escrevo essa coluna.
Quando analisamos o mercado de ações pela ótica do múltiplo de Preço/Lucro, estamos em um patamar tão barato que as ações estão em múltiplos mais baratos do que na época da pandemia, por exemplo.
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Em valores nominais tudo ok, mas preço em relação ao lucro das empresas, esse fator chama muito a atenção e esse é o tópico do artigo de hoje.
O indicador de Preço/Lucro nada mais é do que uma fórmula que tende a mostrar em quanto tempo vamos rever nosso capital alocado naquela empresa em anos, com base no lucro que essa empresa gera para o acionista. Supondo uma ação que custa R$ 15,00 e essa empresa gera um lucro para o acionista de R$ 1,00 por ano ao dividirmos os R$ 15,00 / R$ 1,00 temos um total de 15 anos, ou seja, em 15 anos o lucro gerado por essa empresa equivale ao que o investidor pagou na ação, além de manter a sociedade.
A lógica é simples, quanto menor esse indicador mais barato, pois o acionista recuperará o investimento na ação (empresa) em menos tempo. O inverso também é verdadeiro e números altos significam que ou a empresa terá que crescer muito o lucro nos próximos anos ou o retorno pode demorar muito tempo para acontecer.
Hoje, o Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, tem um Preço/Lucro de apenas 7 anos, muito abaixo da média histórica de 12 anos. Portanto, quem comprar a cesta de ações do Ibovespa hoje está pagando quase 50% a menos do que a média histórica.
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Se considerarmos que tudo tende a voltar à média, para sair de 7x para 12x temos dois cenários:
- As ações subiriam 50%
- O lucro das empresas cairia 50%
Logo, em um cenário projetado no qual a economia tende a melhorar com queda de juros previstas para os próximos anos, é natural esperar também que as empresas lucrem mais e aí temos dois outros cenários para o investimento: ou as ações sobem ou o mercado ficará em níveis muito baratos.
Um dos fatores que “segura” o avanço das ações atualmente é que há títulos de renda fixa pagando até 14% ao ano. Então, o investidor pode dobrar o dinheiro em 5 a 6 anos (dependendo do imposto). Ou seja, por que investir em ações, com risco e tempo (preço/lucro) de 7 anos se posso ganhar com mais segurança em renda fixa?
Esse é o principal motivo para o “barato pode ficar barato por muito tempo”.
O fato é que quando o mercado de renda fixa minguar, as taxas caírem e as empresas continuarem lucro o valor atual ou até mais, os múltiplos da Bolsa não serão os mesmos e o mercado já terá subido.
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Resta ao investidor saber analisar e decidir quando tomar uma posição em ações tentando prever quando é que esse cenário começará a se desenhar porque o tempo é caro. Hoje, ele custa deixar de ganhar quase 14% ao ano na renda fixa para ficar esperando as ações subirem.